É senso comum que os amigos são um tipo de família que você escolhe. Também é muito comentado que os melhores amigos podem ser contados nos dedos, especialmente quando você chega na fase adulta. Mas a premissa máxima é que uma amizade sincera rompe as barreiras do tempo e da distância, está presente nos bons e maus momentos, mesmo que esta presença não seja física, consola, alegra, apoia e dá força. E é por isso que no dia 20 de julho comemoramos o Dia do Amigo, para termos um momento especial para dizer àqueles que amamos o quanto essa relação é importante em nossas vidas.
Em homenagem à data, o Caderno Z traz algumas histórias que mostram as influências positivas de uma boa amizade.
Maira, Leandra e Marcelo: amizade que floresceu na escola, até a vida adulta
Os amigos Maira Machado, de 37 anos, Leandra Manhães, 38, e Marcelo Van Erven, 36, se aproximaram na escola. Maira e Leandra já se conheciam porque faziam aulas de jazz juntas, mas não eram tão próximas. Marcelo chegou junto com o início das aulas. E desde então são 29 anos ininterruptos de uma linda amizade. Nem a distância diminuiu o contato: mesmo morando hoje em cidades diferentes, sempre que podem eles combinam de se encontrar.
E as relações se multiplicam dentro da própria amizade: são padrinhos de casamento uns dos outros, com uma forcinha da Leandra como cupido, inclusive. “Sempre tivemos contato, mesmo longe. Fui cupido para casamento e tudo”, brinca Leandra. “Somos padrinhos de casamento uns dos outros, e isso é muito marcante. Assim, conseguimos fortalecer mais ainda os nossos laços de amizade”, declara Marcelo.
Maira também é madrinha da filha gêmea de Leandra (foto): “Além do casamento, eu sou madrinha da Maira. Somos muito amigos, e o amor que temos é incondicional. A rotina do dia a dia e a distância (Marcelo mora em Casimiro, enquanto eu me mudei de Friburgo em função do trabalho, depois voltei) impedem o contato diário, mas sempre que podemos nos ligamos ou nos encontramos e colocamos as novidades em dia”, conta Maira.
“São vários momentos inesquecíveis: meu casamento, a companhia da Maira no hospital e em casa no nascimento dos gêmeos, no batizado deles...”, relembra Leandra.
Quando a falta de tempo incomoda um pouquinho, eles matam a saudade por telefone e pela internet: “Mesmo a certa distância, necessidades da vida, pois somos a geração que mais crises econômicas enfrentou, fazendo com que buscássemos o nosso sustento fora de Friburgo, nunca deixamos de nos falar, mesmo que mandando um print de alguma coisa que a gente viu e se lembrou. Sempre que podemos estamos reunidos. Viajamos muito nas excursões do antigo Externato Santa Ignez, mas as meninas viajaram mais juntas. Entre nós, eu sou o mascote, pois quando me formei no ensino médio tinha 16 anos, era o mais novo da turma, e meus pais eram um pouco rígidos com certas situações”, conta Marcelo.
Robadey e Maria Lina: amizade de mais de 30 anos que começou com trote
Na época em que conheceu Roberto Robadey Junior, Maria Lina Leite tinha apenas 13 anos. Ela foi para a casa de uma amiga e, como não havia internet nem redes sociais para distrair, tampouco quintal ou cachorro para brincar, ela e a coleguinha resolveram usar o telefone para passar trotes. O alvo escolhido: Robadey.
“Ficamos entediadas e começamos a passar trote para o tempo passar. Naquela época o meio de comunicação mais rápido era o telefone. Liguei para o Robadey, que foi superfofo e receptivo. Começamos a conversar e ficamos anos só conversando por telefone. Mas nos tornamos grandes amigos e confidentes, ele sabia até dos castigos que minha mãe me aplicava”, conta Lina, hoje com 45 anos.
Lina lembra ainda que, no ínicio, Robadey, hoje com 52 anos, acreditava que os trotes eram passados por outra pessoa: Fabíola, com quem hoje ele é casado.
Robadey complementa a história, explicando um pouquinho a relação de amizade dos dois: “Minha mãe se casou com meu padrasto em 1986. No casamento eu conheci a minha prima Fabíola, que hoje é minha esposa, com quem eu (acho) troquei alguns olhares... Nos dias seguintes, começaram a passar trotes lá para casa, e eu tinha certeza de que era Fabíola. Dei papo e acabei ficando amigo de Maria Lina, de quem fui padrinho de casamento. Anos depois tive a oportunidade de contar essa história para Fabíola. Começamos a namorar e nos casamos. Obviamente Maria Lina foi madrinha”.
Mariana e Amanda: amizade além da distância e passada para filhas
Mariana Menezes, de 35 anos, hoje mora em Muriqui; Amanda Bottini, 28, vive em Nova Friburgo. Uma distância que não muda em nada a amizade de 11 anos: “Me mudei de Friburgo para Muriqui em 2011. São mais de 200 quilômetros entre nós, mas essa separação é somente física, a amizade continua a mesma. Seguimos caminhos e temos ideais diferentes, mas nos entendemos perfeitamente”, conta Mariana.
A separação não foi fácil. O dia da mudança ficou marcado com tristeza na memória das amigas: “Não consigo lembrar sem me emocionar. Quando parti, deixei minha irmã para trás, e isso doeu. Ficamos horas dentro do carro dela chorando. Um dos piores dias da minha vida, porque Amanda era minha parceira para tudo”, lembra Mariana.
Mas a real beleza da amizade é que ela supera as diferenças, o tempo e também a distância: “Acabamos nos distanciando fisicamente, mas nossos corações continuam ligados, e sempre que nos encontramos é a mesma sintonia”, afirma Amanda.
Quem também tira proveito dessa amizade são Beatriz, filha de Mariana, e Sophie, da Amanda. As duas se conhecem desde pequenas e, quando as mamães se encontram, elas também curtem poder passar um tempo juntas.
Marcelo e Luizão: reencontro de dois velhos amigos “excluídos”
Marcelo Stamato, 49 anos, e Luiz Henrique Coutinho, 48, o Luizão (foto), se conhecem há mais de 30 anos. Ainda na escola, eles passaram juntos por momentos delicados. Ambos sofriam bullying e eram excluídos das atividades “por serem gordinhos e usarem óculos”, conta Marcelo.
“Entramos no Colégio Anchieta em 1979, época do regime militar. Durante a nossa infância e juventude, dos 13 aos 17 anos, éramos muito unidos, unha e carne, porque além de estudarmos na mesma turma, ainda éramos excluídos: eu era baixinho, gordinho e usava óculos; ele era alto e gordinho, então geralmente éramos os últimos a serem escolhidos para jogar bola, entre outras coisas”.
Com o passar do tempo, a dupla se tornou unida pela amizade e também pela música. “A história mais marcante da nossa amizade aconteceu em 1985. Era uma época de transição política, com um pouco mais de abertura democrática. O Anchieta promoveu o seu primeiro festival de música e nós, com a nossa banda que era chamada de Tchurma, compusemos uma música, que foi a campeã. Era uma música simples, mas que falava de todos os professores que davam aula para a gente na época, no ensino médio no caso. Isso ficou na memória”.
Com o passar do tempo, estudos, carreiras, casamento, nascimento dos filhos… e a amizade tornou-se um pouco mais distante. Morando em Friburgo, eles nunca chegaram a perder contato, mas a relação mudou um pouco. E foram as redes sociais que deram o impulso que faltava para que a relação voltasse a ser como nos velhos tempos.
“Quando estávamos solteiros, nos encontrávamos mais para jogar futebol, sair. Mas vieram as responsabilidades com o trabalho, os filhos e houve um afastamento. E o Facebook ajudou nessa reaproximação, ajudou a resgatar esse laço. Hoje vivemos a nossa velha amizade e estamos trabalhando para superar os erros e a distância que nos separaram na adolescência”, afirma Marcelo (foto).
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