Interdições na RJ-116 levam motoristas a pegar desvio na antiga linha férrea
Dalva Ventura
Nem todos os motoristas tiveram paciência e tempo para aguardar cerca de oito horas até que a RJ-116 fosse reaberta ao tráfego na terça-feira, 3, depois que uma barreira bloqueou metade da pista no quilômetro 70, em frente ao Hotel Mury Garden. Resultado: procuraram uma rota alternativa—no caso, a antiga linha de trem, paralela à estrada, que não tem a menor condição de enfrentar um trânsito pesado e que já se encontra em estado lastimável. Até hoje, mesmo com a rodovia reaberta em sistema de Pare e Siga, muitos veículos continuam passando pela antiga estrada de terra batida para chegar ao centro de Nova Friburgo.
As fotos que ilustram esta reportagem demonstram o perigo caso isso continue acontecendo. Deslizamentos ao longo da velha via estão ocorrendo e a terra vai parar no rio que passa ao largo, assoreando-o ainda mais. Sem alarmismo, podem chegar a obstruir por completo o leito do rio com consequências muito graves. Não sem razão, os moradores e comerciantes da região de Mury e Ponte da Saudade estão preocupados e cobram uma posição das autoridades.
O problema é justamente este. A quem compete a responsabilidade de coibir esta prática? Mais: a quem compete cuidar e fiscalizar a referida via? Segundo a Rota-116, cabe à Prefeitura, já que a é uma via municipal. Através de sua assessoria de imprensa, a concessionária reiterou que, apesar de não ter ainda previsão para reabertura da estrada, o sistema de Pare e Siga do fluxo de veículos está funcionando muito bem, não chegando a prejudicar os usuários. Mas não é bem assim. Na noite de domingo, 8, a RJ-116 voltou a ficar fechada novamente por cerca de duas horas, o que motivou novos telefonemas e e-mails à redação de A VOZ DA SERRA. “Nós estávamos voltando do Rio e quando chegamos na altura de Mury um funcionário da Rota nos orientou a entrar na ponte para pegar a estradinha paralela, até chegar ao Bairro Ypu”, disse uma usuária da concessionária Rota 116. E, após relatos semelhantes, logo se conclui que o mesmo aconteceu com diversas pessoas.
E então? Ninguém parece saber a resposta. Procurado pela reportagem, o secretário de Defesa Civil, coronel João Paulo Mori, afirmou ter estado no local na manhã de segunda-feira, 9, e conversado com engenheiros da empresa concessionária que vistoriavam a barreira. Ele não sabe de quem é a responsabilidade pela antiga estradinha—se é que esta pode ser chamada assim—que, a rigor, só comportaria a passagem de pedestres, ciclistas, motociclistas e alguns (poucos) veículos. E de passeio, vale ressaltar. Mori disse que chegou a sugerir aos engenheiros da Rota que realizassem, quem sabe, algumas obras na velha estrada, visando utilizá-la como via alternativa quando houvesse necessidade. “Bastariam algumas obrinhas básicas”, disse. Segundo o coronel, os engenheiros gostaram da ideia e ficaram de levá-la ao superintendente da Rota 116. Mori ressalta que essa via não pode, simplesmente, ser fechada, pois é utilizada pelos moradores da região.
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