Perfomanciã: o novo, o velho e a união de saberes

Atividades físicas e intelectuais são fortes elementos capazes de garantir um cérebro saudável, em qualquer idade
segunda-feira, 03 de outubro de 2016
por Ana Blue
Perfomanciã: o novo, o velho e a união de saberes

Atividades físicas e intelectuais são fortes elementos capazes de garantir um cérebro saudável, em qualquer idade, mas são particularmente imprescindíveis quando estamos envelhecendo. Para se ter ideia, quem é ativo física e mentalmente pode chegar a viver de sete a 11 anos a mais que os idosos sedentários. E desde 1990, é sabido que as tarefas cognitivas são sensíveis à capacidade aeróbica da pessoa, ou seja, a atividade física, a movimentação constante também auxilia o indivíduo a ter boas condições mentais.

Grupos de atividades artísticas ou acadêmicas, grupos de passeio e de viagens, até o torneio de dama no coreto de qualquer praça são grandes aliados na busca de uma boa saúde — física e mental. Afinal, não é a união que faz a força? Munido desse conhecimento e com todo o amor do mundo, o performer friburguense Marcelo Asth criou, em 2014, o Projeto Performanciã, no Rio de Janeiro. “De 2010 a 2013 dei aulas de teatro para idosos. E como eu já era da performance, decidi para o meu mestrado criar um projeto que aliasse as questões dos idosos e temas conexos ao envelhecimento com essa poderosa ferramenta artística. Visto que no Brasil eram quase inexistentes as ações performáticas nesse sentido, fora produção textual sobre, decidi investir numa pesquisa teórico-prática, idealizando o Projeto Performanciã”, diz Marcelo. Parte integrante de sua pesquisa de mestrado, desenvolvida junto a idosos colaboradores e cocriadores, no Programa de pós-graduação em Artes Cênicas da Unirio (linha de performance), sob orientação da prof.ª Dr.ª Tania Alice, o Performanciã realiza oficinas e performances que tratam de assuntos relacionados ao envelhecimento, arte socialmente engajada e arte comunitária, dentro de uma configuração prévia. 

As ações são apresentadas para um público geral, mas são elaboradas e realizadas em parceria com comunidades de idosos — através de processos de mediação artística em arte comunitária. “Todas as performances são realizadas a partir dos desejos, das particularidades, dos debates realizados com/por/para idosos. Eu sigo um conceito de arte comunitária e arte socialmente engajada, onde o artista diminui seu papel como criador para mediar processos criativos onde atuam pessoas com questões sociais”, pontua Marcelo Asth. Além dos processos do envelhecimento e do encontro com a performance artística, o projeto visa refletir sobre assuntos diversos da arte contemporânea (ligados a um viés relacional e de acontecimentos solidários) e seus transpassamentos em questões sociais prementes. No último mês de agosto, Marcelo trouxe a 13ª intervenção (Performanciã - Passa Tempos) para o Festival Sesc de Inverno, cuja proposta consistia em criar um espaço de jogos e memórias pessoais e sociais, estabelecendo como interação o jogo em duplas formadas pelos participantes da oficina e pelo público geral. Uma outra ação do projeto foi realizada no Country Clube, com Marcelo, seu pai e o avô.

Asth, que também é poeta e escritor, mantém ainda um blog dedicado ao tema, o gerontografia.blogspot.com.br/, onde reúne principalmente contos e causos. Para conhecer melhor o Perfomanciã, acesse http://projetoperformancia.blogspot.com.br. 

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