Dalva Ventura
Seu vozeirão é inconfundível. E está presente não apenas no rádio, como também em solenidades oficiais e até andando pela rua. Vira e mexe, ao andar pelas calçadas da cidade, ouvimos Pedro Osmar conversando com alguém. E podem reparar: na maioria das vezes, este alguém é uma pessoa simples, que o conhece de seu programa e para com ele apenas para apertar sua mão. Ou, verdade seja dita, para lhe pedir alguma coisa.
O vínculo que liga Pedro Osmar ao A VOZ DA SERRA é antigo. Um caso de amor muito grande. Além de ter trabalhado aqui como repórter policial quando ainda era jovem, durante muitos anos ele assinou a coluna A Voz das Ruas. Leitor fiel, é do tipo que lê o jornal de ponta a ponta, até os anúncios e classificados, não admitindo que alguém perto dele critique o jornal. "Tem que ser assim, temos que valorizar o que é nosso, não é?”
Há quem goste e quem não goste deste homem de personalidade forte, que não tem meias-palavras nem meias-amizades. Ele garante, porém, não ter inimigos. Pelo contrário. Ao longo da vida, colecionou muitos amigos e admiradores, além de ouvintes fiéis que não perdem "O Show do Pedro Osmar” por nada neste mundo.
A paixão pelo rádio começou cedo. Aos nove anos de idade, já sabia com o que queria trabalhar, embora não pudesse prever nem de longe a carreira de sucesso que o esperava. Trabalhava na roça, na cidadezinha onde nasceu — Aperibé, no interior do Estado do Rio —, até que, na década de 60, resolveu sair de lá com destino a Nova Friburgo, em busca do sonho de trabalhar em rádio. Até conseguir, porém, ralou e muito. Fez de tudo nesta vida. Foi, inclusive, feirante e servente de pedreiro quando o Edifício Itália estava sendo construído. Ele lembra que gostava de subir nos andaimes para "treinar” locução, já que no alto tinha eco. "Sei muito bem como é a vida deste povo porque eu já passei por tudo que estas pessoas passam”, costuma dizer.
Menino esperto e trabalhador, não perdia nenhuma oportunidade de se aproximar da galera dos microfones. Ajudou a montar palanques, carregou fios e caixas de som. Além da experiência e dos contatos que foi acumulando, sempre conseguia faturar algum. Até que um dia o apresentador faltou e alguém que já havia observado sua voz lhe pediu para quebrar o galho. Foi o que faltava. Pedro Osmar arrasou. Dali para virar locutor oficial foi só um passo.
De repórter a locutor oficial e radialista
Mas ele não fazia só isso. Já tinha arranjado uma boquinha como repórter policial do jornal O Nova Friburgo, transferindo-se a seguir para o Jornal da Serra, até que foi chamado pelo nosso saudoso diretor Laercio Ventura para trabalhar em A VOZ DA SERRA. Depois disso, também foi contratado pelo então prefeito Paulo Azevedo.
Nesta altura, a carreira de Pedro Osmar na rádio já ia de vento em popa. Ele entrou para a então Rádio Sociedade de Friburgo, a "Emissora das Montanhas”, quando ainda era muito jovem, lá exercendo as mais diversas funções. Durante bastante tempo foi operador de áudio, experiência que considera das mais importantes, por ter lhe garantido um profundo conhecimento de todos os setores de uma rádio. Não demorou muito para ser chamado para ser repórter de rua no "Jornal E4” e, em seguida, de outros programas, como "Fim de Tarde”, "Você pede, eu atendo”, "Revista da Semana”, entre outros.
Desde 1997, está à frente do "Show do Pedro Osmar”, no horário nobre do rádio, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h, com uma programação diversificada, que vai de notícias de Nova Friburgo, do Brasil e do Mundo, aos debates, quadros sobre saúde e musicais, sempre com a participação marcante do ouvinte, por carta ou telefone, além é claro, do jeito único e marcante de Pedro Osmar de fazer rádio.
Ouvintes fiéis em todo o município
A importância do programa para o meio rural precisa ser destacada. Muita gente que mora na roça ou em localidades afastadas da cidade só toma conhecimento das notícias através de seu programa. "Várias vezes já anunciei pela rádio que alguém havia recebido alta no hospital e é para um familiar ir buscar”, conta.
Como não podia deixar de ser, o "Show do Pedro Osmar” tem ouvintes fiéis que nunca perderam um só programa depois que ele começou. Ao longo dos anos, Pedro adquiriu também uma credibilidade impressionante e ele sabe disso. "Não é por nada não, mas se eu disser no programa que cocô de galinha com mel de abelhas é bom para bronquite tem gente que vai acreditar”, brinca. E continua. "Sabe por quê? Eu nunca menti para meus ouvintes, eles são fiéis a mim, mas eu também sou fiel a eles.”
Outra coisa que surpreende é a audiência. Há pouco tempo, a Firjan fez uma pesquisa sobre comunicação de massas na Região Serrana. Quem ficou em primeiro lugar? O "Show do Pedro Osmar”. Nem precisa dizer que ele é, disparado, o campeão de audiência da emissora.
São três horas diárias no ar e ele acha pouco. "Para fazer meu programa folgado, ele tinha de ter cinco horas.” E o que dizer de anunciantes? Pedro garante que há 15 anos não vai atrás de nenhuma propaganda. "Elas vêm a mim e falo isso sem nenhum sentido de vaidade. Tem gente na fila para anunciar em meu programa.”
Pedro Osmar garante que não vai mais se candidatar
Paralelamente, entra prefeito, sai prefeito, Pedro Osmar continua sendo o locutor oficial da Prefeitura. "Isso eu faço questão que saia, por favor. Dizem que eu sou locutor de boquinha, mas fala a verdade, quem é locutor em Friburgo? Tem o Paulo Carvalho, mas não faz palanque, o Landri Schittini, mas só trabalha para a ex-prefeita Saudade Braga. Eu, como não tenho partido, já fui locutor de Paulo Azevedo, do Nelci, do Heródoto, do Dermeval, do Serginho, só me afastei quando fui candidato, depois Rogério me pediu para ficar, mas graças a Deus eu não preciso disso. Se ele tivesse outra pessoa para botar lá eu saía”, garante.
Ao longo de todos estes anos, Pedro Osmar acumulou uma grande popularidade. Apesar disso, candidatou-se duas vezes a vereador, foi muito votado, mas não conseguiu se eleger, apesar de nas vésperas da eleição estar entre os três candidatos na preferência do eleitorado. "Não são todos, mas que tem muita sujeira tem”, diz, sem papas na língua, como é do seu estilo. Mas agora chega, garante. "Não vou mais me candidatar. Gosto muito de política, não vou enjoar nunca, está no meu sangue, em cada eleição estarei apoiando alguém, mas não quero isso para mim mais não.”
Pedro Osmar fala com tranquilidade da dura batalha que travou contra o álcool e do sofrimento enfrentado nas noites frias em que bebia umas e outras pra esquentar. Há 28 anos, porém, não coloca um pingo de álcool na boca. Nunca, porém, deixou de cumprir com seus afazeres. "Mesmo quando eu bebia, nunca deixei de cumprir meus compromissos, nunca caí na sarjeta, sempre tive meu quartinho, mesmo na época em que gastava quase tudo que ganhava nos bares da vida.”
Homem simples, Pedro Osmar não acumulou bens ao longo da vida, pelo contrário. Vive bem, mas nem casa própria tem. O que ganha gasta com a família e o que sobra, ele dá. Diz que não consegue deixar de dar um botijão de gás para um, de comprar um remédio para outro, e assim vai. Afirma, porém, que agora não está fazendo mais isso e toda hora procura dizer para si mesmo. "Você está com 64 anos, acorda.”
Extremamente metódico, acorda muito cedo e, depois de sua caminhada, toma seu banho e vai para a rádio. Não sem antes passar na matriz agradecer a Deus. "Não peço nada, só agradeço.” Entra no ar pontualmente às 8h, nunca atrasou um minuto sequer. Depois do almoço, faz uma sesta e vai para seu estúdio. Às 19h já está em casa, assiste o noticiário e vai para a cama. E conclui: "Sou um homem feliz, realizado. Só tenho a agradecer a Deus”.
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