A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou, nesta semana, uma campanha para acabar com um hábito visto como inofensivo por boa parte das famílias no país: o uso do andador infantil. “O andador é um equipamento que só traz prejuízos, seja pela sua absoluta inutilidade no processo de aquisição da marcha, seja pelos grandes riscos à segurança, como os riscos de traumatismos cranianos potencialmente letais, queimaduras, intoxicações e até afogamentos”, afirma a entidade em nota oficial assinada por seu presidente, Eduardo Vaz, e pelo presidente de seu departamento científico de segurança, Aramis Antonio Lopes Neto.
A SBP alega ainda que não há evidências de quaisquer benefícios ligados aos andadores e, por isso, seus cerca de 16 mil pediatras associados devem contraindicar para os pais de seus pequenos pacientes o uso do acessório. E, caso eles cheguem ao consultório com o hábito já em vigor, a SBP instrui que os médicos recomendem a destruição do andador.
Acidentes graves - O posicionamento contra o andador também adotado pela Academia Americana de Pediatria e da Aliança Europeia pela Segurança Infantil, além do exemplo do Canadá, onde é proibida a venda dos equipamentos, dão força à campanha brasileira. Entretanto, para a Associação Brasileira de Produtos Infantis (Abrapur), a campanha é um exagero.
“O bebê corre riscos de diversas maneiras, independentemente de onde ele estiver. A supervisão do adulto é sempre necessária. Que se criem normas de segurança e se regulamente a produção dos andadores no Brasil, mas pensar em abolir seu uso é extremista demais”, defende Elio Santini Jr., membro do conselho administrativo da associação. “Já houve normatização dos berços, das cadeirinhas para carros, dos carrinhos de bebê. O andador pode ser o próximo. Tornando o produto mais seguro, não vejo por que proibi-lo”, completa.
Apoiando a campanha da SBP, a pediatra Clarice Blaj Neufeld, professora-assistente do Departamento de Pediatria da Santa Casa de São Paulo e mestre em pediatria pela Faculdade de Medicina da mesma instituição, é contra os andadores. “Já atendi criança com fratura no crânio porque havia caído escada abaixo presa no andador. A irmãzinha chegou perto demais e o menino não conseguiu se controlar dentro daquele aparelho. Os acidentes são sempre muito mais graves em um andador do que seriam se a criança estivesse solta no chão”, conta.
Não vejo problema no uso do aparelho - O risco de acidentes não é o único motivo que leva pediatras a desaconselhar o uso do aparelho. Paulo Fontella Filho, pediatra especializado pela Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), alerta também para as desvantagens dos andadores em relação ao desenvolvimento psicomotor da criança: “Ela leva mais tempo para ficar em pé e caminhar sem apoio, tem a importantíssima etapa do engatinhar encurtada e pode desenvolver ‘pés de bailarina’, ou seja, caminhar nas pontas dos pés por um tempo, porque dificilmente o ajuste dos andadores será perfeito para sua altura”, enumera. “Além disso, é perigoso. Não posso recomendar um aparelho que traga tantos prejuízos para uma criança”, diz. (fonte: IG)
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