A microbacia Bonfim, no distrito de Corrêas, em Petrópolis, sediou, semana passada, um dia de campo sobre sistemas de irrigação de baixo impacto. O evento foi uma realização conjunta da secretaria estadual de Agricultura e Pecuária (através da Emater-Rio), da Prefeitura de Petrópolis e das empresas Fabrimar, Rain Bird Brasil e Distribuidora Aguar.
A atividade foi um dos desdobramentos da parceria firmada, no semestre passado, entre os organizadores do evento, a concessionária Águas do Imperador e a Associação dos Produtores Rurais do Bonfim, com o objetivo de implementar projetos de irrigação econômica, saneamento básico e reflorestamento nas áreas rurais de Petrópolis.
Representante de umas das empresas fabricantes de produtos para irrigação, o engenheiro agrônomo André Beltrão falou sobre o uso racional da água e apresentou um modelo de aspersor com melhor uniformidade. Segundo ele, apenas 1% de toda a água do planeta está disponível para consumo humano. Deste percentual, cerca de 70% é utilizada na agricultura, 20% nas cidades e os 10% restantes na indústria. “Ter uma irrigação eficiente é uma das medidas que contribuem para o consumo inteligente no mundo. Economizar nunca foi tão importante”, disse.
Ainda sob o impacto da recente estiagem e da queda de volume de água nos mananciais no município, os cerca de 30 participantes conheceram novas tecnologias relacionadas à irrigação de baixo volume, em três propriedades rurais. No Sítio Boa Esperança, da família do agricultor Wanderley José Menezes da Rosa, foi possível conhecer um sistema totalmente automatizado, que consome quatro vezes menos do que o convencional. Todos os equipamentos foram instalados sem nenhum custo para o produtor, graças à parceria entre o poder público e a iniciativa privada. “Acredito que, com essa mudança, vou economizar água e tempo também. Espero aumentar a produtividade no cultivo das hortaliças”, disse.
O produtor de chuchu Derli Botelho Rodrigues veio do Brejal, no distrito da Posse, para aprender um pouco mais sobre irrigação. Ele, que já optou pela transição agroecológica em sua propriedade, quer aplicar essas inovações no cultivo em estufas. Já Maria Celeste Diniz, do Caxambu, se convenceu a incorporar estas novas ferramentas em sua produção. “No ano passado, passei a fazer o plantio das folhagens em curvas de nível. Com as informações repassadas no evento, vamos ter condição de ter mais qualidade na produção”, disse.
Extensionista da Emater-Rio em Petrópolis, André Luís de Azevedo lembra que os sítios visitados no dia de campo utilizavam um método de irrigação defasado e com alta vazão. “No Bonfim, era comum ver erosão de terrenos por conta do excesso de água. Agora a realidade é diferente. Vamos continuar atuando, simultaneamente, com ações de conservação do solo e da água”, adiantou.
Para o engenheiro agrônomo da Emater-Rio e secretário de Agricultura de Petrópolis, Leonardo Faver, o dia de campo estimula o debate e a troca de experiências entre técnicos e produtores. “As pessoas, normalmente, gostam de ver para acreditar. A demonstração de campo e as palestras se complementam. Discutir o uso inteligente dos recursos hídricos é prioridade do poder público e também da extensão rural”, explicou.
Também participaram do dia de campo extensionistas da Emater-Rio dos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto; representantes do Banco do Brasil; além de moradores da localidade.
Estímulo às práticas sustentáveis
Localizado no entorno do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Bonfim possui problemas relacionados ao esgoto e ao desperdício de água na irrigação. Esta situação foi apontada pela comunidade no diagnóstico rural participativo (DRP) e no plano executivo da microbacia (PEM), ferramentas de planejamento local das microbacias participantes do programa Rio Rural.
Graças à iniciativa conjunta dos agricultores e da Emater-Rio, o Rio Rural propôs à concessionária Águas do Imperador, no final do semestre passado, uma parceira para a instalação de fossas sépticas e biodigestores nas propriedades rurais da microbacia, além da recomposição da mata ciliar do Rio Pinheiral, com espécies nativas, e da instalação de um novo sistema de irrigação. Até a conclusão do projeto, serão beneficiadas quase 120 residências rurais da localidade.
Atualmente, Petrópolis possui 77% do esgoto tratado através de três estações de tratamento de esgoto, outras 13 unidades de tratamento nos bairros, cinco biodigestores e um biossistema, além 95% da população atendida com água encanada tratada. Após a conclusão dos trabalhos no Bonfim, a próxima beneficiada será a microbacia Caxambu.
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