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Para Renato Abi-Ramia os maiores desafios do novo prefeito serão a saúde e a reconstrução
quinta-feira, 06 de dezembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
O médico Renato Abi-Ramia (PMDB) foi um dos cinco atuais vereadores a ter conseguido a reeleição. Em 1º de janeiro, ele tomará posse para o terceiro mandato no Legislativo [1996 / 2008 / 2013]. “A eleição para a Câmara é a mais difícil”, diz ele, que já concorreu à Prefeitura, sem êxito. Crítico do aumento de número de vereadores, ele torce para que a próxima Câmara assuma um papel de independência em relação ao Executivo e não se deixe levar por práticas clientelistas, assistencialistas e fisiológicas. “Temos que trabalhar exclusivamente pelo interesse coletivo”, destaca. Ele também comentou o resultado da eleição majoritária de 7 de outubro: diz que Rogério Cabral era o melhor candidato, mas que Jairo da Wermar tem um futuro político garantido. Renato elegeu a saúde como o maior desafio a ser enfrentando pelo governo Rogério Cabral, mas considera a realização de obras de reconstrução em áreas densamente habitadas como fundamentais. Ele entende que as obras devam ser feitas pelos governos estadual e federal, mas que o prefeito eleito tem a tarefa de cobrá-las, uma vez que o município não tem recursos para realizá-las. Ele ainda fala sobre a eleição para a presidência da Câmara e revela que tem dois nomes preferidos para ocupar o cargo: Marcelo Verly ou Pierre Moraes. Você não se elegeu prefeito, mas todas as vezes que concorreu à Câmara venceu.Realmente. E digo que a eleição para a Câmara é mais difícil e, esta última, foi sui generis pela quantidade de candidatos a vereador [340]. Eu, por exemplo, tive quatro pessoas que trabalhavam e votavam em mim que este ano foram candidatos a vereança.Entre os 12 atuais vereadores apenas cinco conseguiram se reeleger e você foi um deles. Foi uma resposta do eleitorado?A Câmara de fato recebeu muitos ataques na atual legislatura e isso explica a reeleição de poucos, assim como o fato de praticamente todos terem diminuído a quantidade de votos em relação à eleição anterior, sem falar ainda que na campanha deste ano havia quase o dobro de candidatos.Tem gente que fala que a atual Câmara foi a pior da história. Qual a sua opinião?As pessoas acham sempre que uma é pior do que a outra, mas não é verdade. Essa Câmara que está terminando o mandato não foi a pior e não sei se foi a melhor, até porque na atual legislatura enfrentamos as tragédias climática e política que acabaram criando uma situação difícil. Se eu tivesse que avaliar, sinceramente, diria que [a atual Câmara] foi uma das melhores.E a nova Câmara?Vai ser problemático. Eu fui contra o aumento do número de vereadores. A proposta de aumento de cadeiras [de 12 para 21] foi aprovada na legislatura passada (2004/2007), mas tivemos a oportunidade de fazer a alteração e não foi feita. Eu e três vereadores [Marcelo Verly, Isaque Demani e Reinaldo Rodrigues] defendemos 13 cadeiras e fomos votos vencidos. Não vejo espaço para 21 vereadores. Imaginem, por exemplo, a hora livre? Vai ser um tumulto danado se todo mundo quiser falar. Vai ser enfadonho, cansativo.Mas será uma boa Câmara?O Legislativo tem que ser independente e não pode haver submissão ao Executivo. Não pode ser um apêndice da Prefeitura. Temo que isso possa acontecer, mas espero que não. Espero ainda que não seja uma Câmara clientelista, assistencialista e fisiológica. Entendo que os vereadores devam trabalhar exclusivamente pelo interesse coletivo e deixem de lado as práticas deletérias da política tradicional. Estarei na Câmara, como sempre fiz, para defender os interesses coletivos.Rogério Cabral será um bom prefeito?Entendo que ele era o melhor candidato. Acho que o Jairo [da Wermar] foi também um bom candidato, mas faltou-lhe experiência política, o que ele vai adquirir com o tempo. O Jairo quer trabalhar, é uma pessoa do bem e tem um futuro político garantido.O que fez a diferença a favor de Rogério Cabral?Ele tem bagagem política por ter sido vereador quatro vezes e mais duas como deputado estadual. E o apoio que ele recebeu do governo estadual na campanha?Nas circunstâncias que Nova Friburgo vive, o apoio do governo estadual é fundamental. Rogério tem o apoio dos governos estadual e federal e da Alerj também. [Os apoios] vão ser importantes para o governo municipal enfrentar os grandes desafios que virão.Qual será o principal desafio do governo Rogério Cabral?Sem dúvida, a saúde. A saúde tem que ser a prioridade de todo o governo. Nas eleições deste ano, a saúde foi prioridade de todos os candidatos a prefeito no país e, em Nova Friburgo, a saúde continua sendo o maior desafio. A concepção do SUS é muito boa e avançada, mas por outro lado tem muita burocracia. Além disso, a parte financeira é muito precária. A medicina teve uma evolução enorme, mas é cara. O SUS não oferece as condições financeiras para se manter o serviço desejado pelos municípios.O que tem a dizer sobre a reconstrução da tragédia climática?É muito importante também. É fundamental. Nova Friburgo vive um momento muito difícil. O município já recebeu várias obras após a tragédia, mas em áreas densamente habitadas elas ainda não chegaram. Podemos citar Conselheiro Paulino, Vilage, Vila Nova, São Geraldo e tantas outras. Isso nos preocupa muito. Sei que são obras caras, mas a população tem que ser atendida. Não sei dizer qual foi o critério de hierarquização das obras feitas até agora, mas sei que o critério de perigo em áreas densamente habitadas não foi atendido.Mas o município vai depender muito dos recursos dos governos estadual e federal para se reconstruir, não é?Todos nós queremos que Nova Friburgo saia desta situação preocupante em que se encontra. O município tem uma arrecadação incompatível com as necessidades. Não dá para reconstruir a cidade com o recurso da Prefeitura, que é diminuto. Quem tem que colocar dinheiro são os governos estadual e federal e espero que façam. O papel do prefeito Rogério Cabral será cobrar para que as obras necessárias aconteçam, sobretudo, nas áreas densamente habitadas que não foram contempladas até hoje.Se o prefeito te convidasse para voltar à Secretaria de Saúde, aceitaria?Vou continuar ajudando a saúde, mas como gestor, não. Já dei a minha contribuição e creio que tenho feito uma gestão profícua. Fizemos muito no curto período de tempo na Secretaria da Saúde. [Durante a entrevista ele listou dezenas de obras iniciadas e concluídas na sua passagem pelo cargo durante dezembro de 2011 a março de 2012].Mas a sua proposta de acabar com as filas?Apresentei o projeto e ele custa R$ 250 mil [mensais], com os encargos incluídos. Infelizmente, o atual governo diz que não tem como fazer isso por questões financeiras. Um médico no ambulatório recebe cerca de R$ 1,3 mil e ninguém quer, logicamente, trabalhar com esse salário. A nossa proposta foi aceita por todos [médicos] que é implantar a gratificação por produtividade oferecendo um valor de R$ 3,5 mil e com isso aumentaríamos a quantidade de consultas de sete mil para até 15 mil por mês. Ele [projeto] é essencial para acabar com as filas.Como vereador continuará insistindo para que este projeto seja implantado?Diria que o projeto é a minha menina dos olhos. Na hora que for implantado vai acabar com as filas na UPA, pronto-socorros e no Hospital Raul Sertã e na internação. Basicamente, na hora em que for implantado vai ajudar muito a acabar com a morbidade e a mortalidade, que é a essência da medicina.Vamos voltar à política. Você é candidato à presidência da Câmara?Não sou candidato a nada, nem a síndico de prédio. Aliás, não posso ser candidato a síndico porque moro em uma casa [risos].Mas existem vários nomes nesta disputa. Você já escolheu em quem votar?Conversei com o Rogério Cabral, prefeito eleito na coligação em que o meu partido [PMDB] fez parte e ele me deixou muito à vontade. Tem alguns nomes se colocando na disputa. Acho que o critério de experiência deve ser levado em conta nesta eleição da presidência.Já escolheu?Entre os nomes apresentados estou entre dois.Quais?Marcelo Verly e professor Pierre. Vamos ver o que acontece até o dia 1º de janeiro.
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