Para além da greve

terça-feira, 05 de junho de 2018
por Jornal A Voz da Serra

A GREVE dos caminhoneiros desencadeou uma onda de inconformismo contra os  preços dos combustíveis. O movimento que parou o país  durante 11 dias foi um brado por medidas que beneficiem a população, sendo o transporte rodoviário um problema até então relegado a segundo plano e que agora está na pauta de prioridades dos governantes.

O GOVERNO quer reduzir o preço da gasolina e do gás de cozinha até o próximo mês, mas garante que não haverá interferência no modelo de reajuste de preços dos combustíveis praticado pela Petrobrás. Com apelo popular, a quatro meses das eleições, a medida já é batizada como "política para o consumidor" e prevê uma espécie de "seguro" para evitar que reajustes sejam repassados totalmente à população até o fim do ano.

COM RECEIO de que novos protestos e cobranças batam à porta do Palácio do Planalto, na esteira da greve dos caminhoneiros, o governo tenta agora impedir que novos aumentos nos preços da gasolina e do gás virem uma crise incontrolável.

O MOVIMENTO dos caminhoneiros expôs a fragilidade do presidente Michel Temer e as pressões políticas sobre a Petrobrás culminaram com a saída do então presidente da companhia, Pedro Parente, substituído por Ivan Monteiro.

O NÚCLEO político do governo e a cúpula do MDB pressionam Temer por medidas de maior impacto para enfrentar a crise neste ano eleitoral, marcado por uma sucessão de reveses e desgastes para Temer. Tudo está sendo planejado, porém, para evitar a leitura de que o Planalto quer intervir na Petrobrás.

O MINISTRO das Minas e Energia, Moreira Franco, disse que não há incompatibilidade entre o governo ter uma política de preços para os combustíveis e as empresas terem a dela. Mas fez uma ressalva: "as empresas competem no mercado e cuidam dos seus resultados, mas o governo cuida das pessoas. O que precisamos é garantir previsibilidade para que todos possam se organizar".

       COMO SE VÊ, o governo não resolveu o problema como um todo, imaginando que o  movimento grevista tenha terminado com o acordo firmado entre as partes. Ao contrário, a greve dos caminhoneiros expôs de forma contundente uma questão que inclui uma política social mais justa conciliando os interesses do mercado e da população. Coisa que só um novo governo será possível fazer.

 

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