Depois de toda a animação da Semana Missionária, os friburguenses, como todos os demais fiéis católicos, voltam suas atenções agora para o evento principal: a Jornada Mundial da Juventude, na cidade do Rio de Janeiro, com a presença do Papa Francisco, em sua primeira viagem internacional. "Nós estamos entusiasmados com esta grande jornada”, disse o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, explicando o programa da semana de Bergoglio no Brasil, desde ontem, 22, até segunda-feira, 29. Um programa que parece resumir os pontos-chave do seu pontificado: a devoção mariana, o cuidado com os doentes, os pobres e os prisioneiros; as mensagens fortes aos bispos, cardeais e políticos. Tudo em perfeita continuidade ao pontificado do Papa Emérito Bento XVI.
O itinerário da viagem é, na verdade, o que havia já decidido Ratzinger, disse padre Lombardi. Enquanto na primeira versão havia sido definido um programa "leve” (adequado as forças físicas do Papa Emérito), com a mudança de pontificado, as datas previstas mantiveram-se inalteradas, mas o projeto foi "intensificado e enriquecido com eventos adicionais”. Entre eles: a peregrinação ao Santuário de Aparecida, à favela de Varginha e ao hospital franciscano que cuida de crianças carentes ou viciadas em álcool e drogas, e a reunião com o Comitê do Celam e os lideres do país.
"Papa Francisco, realizando esta viagem, assume o legado do Papa Bento XVI”, destacou Lombardi: Ratzinger, na verdade, havia "confirmado a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro e a presença do Papa, como em todas as jornadas, mesmo se o Papa não fosse ele”. E mesmo sem ter planejado, o Papa argentino volta ao "fim do mundo”, para a América Latina, seu continente, o que "dá um tom muito especial de expectativa e participação nesta visita”.
Um pouco como aconteceu na JMJ 2005, observou Lombardi fazendo um "paralelismo simpático”. Na ocasião, o recém-eleito Papa Bento XVI fez sua primeira viagem "à sua terra natal, a Alemanha, para a Jornada Mundial da Juventude ‘planejada’ pelo seu antecessor, João Paulo II. Entre outras coisas, Francisco é o terceiro papa que passa pelo Brasil: Wojtyla esteve quatro vezes, três em viagens concretas e a quarta em escala para a Argentina. Bento XVI foi uma vez para a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Aparecida, e para a canonização de São Frei Galvão em São Paulo.”
A visita a Aparecida é o evento que mais se destaca no itinerário de Bergoglio, ocupando todo o dia 24, "dia que poderia ser de descanso antes de iniciar o programa”. A visita ao santuário, que a cada ano atrai milhões de peregrinos — explicou padre Lombardi — foi "fortemente desejada pelo Santo Padre, por motivo de devoção pessoal a Maria”, e pelo fato de que é o lugar onde foi realizada a grande assembleia do episcopado latino-americano que deu vida ao homônimo documento "cuja elaboração foi liderada pelo então cardeal Bergoglio”.
O documento — disse o jesuíta — "é algo que o Papa tem muito presente” e "manifesta a sua perspectiva sobre a natureza missionária da Igreja no nosso tempo e no continente latino-americano”. "Tanto é assim que, no final da audiência com um presidente da América Latina, o Santo Padre presenteia uma boa leitura oferecendo o Documento de Aparecida e sugerindo que seja lido durante a viagem de volta”, disse o porta-voz.
Ele acrescentou que o papa Francisco "foi naturalmente convidado pelos bispos organizadores e promotores da Jornada Mundial da Juventude”: Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, e o Cardeal Damasceno, presidente da Conferência Episcopal do Brasil. "A presidente Dilma Rousseff, que foi ao Vaticano para a inauguração de seu pontificado, encontrou o Papa no dia seguinte e convidou-o explicitamente para ir ao Brasil. Papa Francisco confirmou poucos dias depois de sua eleição. Notícias recentes dizem que Dilma convidou líderes de várias regiões do Brasil para participar do grande evento.”
Antecipando-se às perguntas dos jornalistas, o diretor de imprensa se referiu aos protestos que abalaram o país recentemente. "Muitos querem saber se vai haver também [manifestações] na ocasião da visita do Papa: vamos ver... Em todo o caso, as autoridades do Vaticano nutrem total confiança na capacidade das autoridades locais para gerir a situação com autoridade”, então, "partimos com total tranquilidade, sabendo que estes eventos não têm nada contra o Papa e a Igreja especificamente e a visita ao Brasil será certamente uma belíssima ocasião.”
O Papa escolheu usar o jipe descoberto em seus deslocamentos. Para percursos mais longos será utilizado o carro coberto. "O Papa vai subir em seu papamóvel da Mercedes, o mesmo que vemos em todas as audiências públicas de quarta-feira, do qual o Papa sobe e desce e faz o que quer”, disse Lombardi. "Não é o máximo em segurança”, observou alguém. Por outro lado, é possível imaginar o papa Francisco na frente de um milhão de pessoas, como previsto para a recepção em Copacabana, fazendo apenas um gesto com a mão pela janela?
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