Palestra sobre os acontecimentos de 12 de janeiro atrai engenheiros para o Senai

segunda-feira, 30 de maio de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Palestra sobre os acontecimentos de 12 de janeiro atrai engenheiros para o Senai
Palestra sobre os acontecimentos de 12 de janeiro atrai engenheiros para o Senai

Bruno Pedretti

A parceria entre a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Nova Friburgo (Aeanf) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), trouxe, na última quarta-feira, 25, o professor e engenheiro Paulo Canedo para ministrar uma palestra no Senai local. Com o tema “Análise hidrológica dos acontecimentos de 12 de janeiro”, Paulo explicou o que ocorreu na Região Serrana durante as chuvas que assolaram os municípios no início do ano.

O auditório do Senai recebeu um grande número de engenheiros e arquitetos, interessados em conhecer um pouco mais sobre os problemas que aconteceram principalmente em Nova Friburgo. O professor fez questão de deixar o clima bem informal, tanto que nem usou microfone em sua apresentação. De maneira bem descontraída, dissertou sobre os problemas e respondeu dúvidas do auditório. Paulo Canedo afirmou ser um apaixonado em estudar enchentes e eventos catastróficos. Durante a catástrofe da Região Serrana, ele fez comentários na TV Globo em tempo real.

No dia seguinte à tragédia na Região Serrana, Canedo teve dúvidas sobre alguns dados que estavam sendo divulgados pelos institutos de meteorologia e foi estudar o fato para realmente saber o que aconteceu. “De fato, as chuvas fugiram da normalidade. Mesmo em áreas pouco habitadas houve erosões. Em muitas montanhas existe uma pequena camada de terra; se tivermos uma chuva constante e de longa duração conforme ocorreu no Sudeste, ela umedecerá e encharcará o solo. Se tivermos um novo evento chuvoso, a água escorrerá entre o solo e a pedra”, conta Paulo.

De acordo com o professor Paulo Canedo, a Região Serrana foi atingida com fortes chuvas frontais que vieram de São Paulo, juntamente com a “cumulus nimbus”, nome técnico de uma chuva que cai em formato de garrafa, com desenvolvimento vertical. Essa chuva é sempre de curta duração, porém em Nova Friburgo durou cerca de quatro horas. “Ocorreram sucessivas cumulus nimbus, por conta da umidade que veio da Amazônia”, revelou Paulo Canedo.

De acordo com dados do engenheiro, as chuvas de janeiro de 2011 chegaram a ser 500% maiores do que em janeiro de 2010 em alguns locais. Os postos de medição de Nova Friburgo não estavam exatamente nos pontos onde mais choveram, como é o caso da estação do Caledônia. O único ponto de medição de chuvas que estava próximo às chuvas mais fortes foi destruído por volta das 4h da madrugada. Paulo Canedo finalizou a palestra mostrando como os rios reagiram às chuvas do início do ano.

Quem é Paulo Canedo?

O professor Paulo Canedo é engenheiro civil com mestrado na área pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e PhD em Ciências do Ambiente e Hidrologia pela Lancaster University da Inglaterra. Foi chefe do Departamento de Engenharia Civil e, sucessivamente, subdiretor, vice-diretor e diretor da Coppe/UFRJ, onde atualmente é chefe do Laboratório de Hidrologia. Foi também vice-presidente, presidente e diretor da antiga Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), além de secretário executivo da Baixada Fluminense na Sebama.

Participou do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara como gerente de obras de macrodrenagem. Consultor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Darcy Ribeiro e do Banco Interamericano do Desenvolvimento (Bird/Governo Brasileiro) em vários projetos de Saneamento e Gestão de Recursos Hídricos. Escreveu o livro “Introdução à Hidrologia”, além de 48 artigos científicos, duas teses científicas, tendo orientado 32 delas. Atualmente participa do Programa de Gestão de Recursos Hídricos do Paraíba do Sul.

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