No evento, Filipe Asth falou sobre sua experiência como brasileiro em visita à ilha e o cubano Reynier Hernández contou sua experiência como doutorando no Brasil
Na ultima sexta-feira, 1º, Cuba esteve mais perto de Nova Friburgo. Uma palestra mostrou a visão de um turista que visitou o país recentemente e o olhar de um conterrâneo. Jovens friburguenses aprenderam um pouco mais sobre Cuba com o tema “A Cuba que vi e a Cuba que vivo”. O evento, realizado no Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo, foi organizado pela Juventude Socialista Brasileira (JSB). O objetivo do encontro foi mostrar a visão de Filipe Asth, como um brasileiro que visitou a ilha, e de Reynier Hernández, cubano que faz doutorado no Brasil.
Foi um bate-papo informal, aberto pelo jornalista e vereador Wanderson Nogueira, que afirmou que mais importante que a formação partidária é a formação política de participação. Acompanhado de um membro da União Nacional dos Estudantes (UNE), Wanderson aproveitou para informar que junto à JSB começará a trabalhar em um programa de incentivo à implantação e fortalecimento de grêmios estudantis. “É daí que surgem as novas lideranças, que precisam de oportunidades para se formarem e se cristalizarem”, frisou.
Filipe Asth falou sobre as suas percepções na visita recente que fez ao país, ressaltando que a sensação é a de voltar no tempo. “Parecia que eu estava na década de 50. Todas as construções eram antigas e o táxi que nos levou do aeroporto até onde a gente ia ficar era um Ford 1950”, contou. Filipe destacou a hospitalidade dos cubanos, a diferença econômica entre o país e o Brasil e a busca de uma nação que luta pela sua identidade ao mesmo tempo em que vislumbra as benesses do capitalismo.
Já o cubano Reynier Hernández, que está no Brasil há nove meses cursando doutorado em Engenharia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fez uma breve explicação histórica sobre Cuba, desde sua colonização pelos espanhóis, a revolução, a relação com a União Soviética e o regime de Fidel e Raul Castro.
Reynier destacou que o país sofre até os dias de hoje com a comida racionada, com uma economia fraca e um povo sem quase poder de compra. Ele deu um exemplo que um médico em Cuba tem um salário médio ao equivalente a R$ 70. Por isso muitos desses profissionais, apesar de ter formação superior, acabam fazendo biscates com serviços para turistas, como taxistas e guias. Reynier também fez uma comparação do governo de Fidel e de Raul Castro. “Apesar de eles serem irmãos, acredito que o governo de Raul tem sido melhor para os cubanos. Ele tem uma visão mais moderna e tem dado melhores condições para nós”, afirmou.
Outro ponto que ele destacou foi o fato de Cuba não ter praticamente nenhum serviço privado: “O que mais gosto de Cuba é saber que todos têm condições iguais de estudar em colégios e universidades do governo. Os tratamentos médicos, dos mais simples aos mais complexos, também são custeados pelo poder público e são de qualidade. Em Cuba ninguém morre por negligência ou falta de qualidade no atendimento”, disse o cubano.
Durante o bate-papo, ao ser perguntado com relação a Yoani Sanchez, ele criticou a blogueira. Reynier revelou que ela é pouco conhecida em Cuba e que vive lá uma vida de regalias. Segundo ele, “Yoani não sabe o que é ser cubano, pois não vive como o restante do povo, que tem sérias dificuldades. Muita coisa que ela fala é verdade, mas outras não são. O blog dela é traduzido em mais de 20 línguas, duvido que ela saiba falar duas”, questionou Reynier.
A dicotomia que hoje vive Cuba ficou bastante expressa na fala final de Reynier: “Tenho meus ideais firmes, acredito na revolução, mas idealismo puro não enche barriga”, ressaltou.
A palestra abriu o projeto da JSB, que será realizado toda primeira sexta-feira de cada mês, visando encontros de formação. O próximo evento será realizado no dia 5 de abril, com um curso de improvisação com o ator e produtor Bernardo Dugin.
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