O tempo vai passando e como areia parece escorrer entre os meus dedos. O vazio completa a minha alma que incompleta escreve canções tristes no solo que passeia. Não há alternativa senão o sonho de que posso voar... Se eu pudesse alcançar aquele planeta vermelho confundido com pequena estrela isolada no meio do escuro do universo...
Grita choro que não cessa! Cala silêncio que atormenta. Por agora, quero ficar aqui pensando no que poderia ser, planejando o que eu gostaria que fosse para despertar de novo para as novidades que não me encontram. Nem eu me encontro! Nem eu encontro o que me faz voar...
O que me daria asas para voar? Quem me daria capa para me alçar aos céus? O amor? Superman? Nenhum dos dois! Nenhum dos dois faz voar. O amor tira o chão. Superman é ficção...
Incomoda a falta de respostas. As entrelinhas incoerentes ferem, assim como a inexistência de intimidade. Desculpas. Abre a porta da estrada escondida que leva ao vale que esconde as borboletas douradas. Poderia colhê-las, mas prefiro que suas asas sejam livres para estapear os átomos que bem entenderem. Eu gostaria de ser livre. Borboletas também devem apreciar a liberdade. Eu queria voar, mas sei que voar sozinho não motiva ninguém, mesmo que o céu seja lindo e que nele existam milhões de estrelas para colher. Todas as coisas parecem me dizer: voe! Todas as mesmas coisas parecem me alertar que não é possível voar. Queria pelo menos me desprender e seguir pela história, encontrar novos caminhos e verdades mais reais como a de que posso voar...
Eu não tenho fotos guardadas no bolso. Eu não tenho fantasias debaixo dos braços. Eu não tenho nomes que intrusamente entram nas minhas frases do dia a dia. Queria tê-los. Posso interpretar textos, mas decifrar olhares é capacidade que jamais posso fingir presunção. Como entender o que não se pode compreender? Tudo está ao meu dispor, mas nada de fato possuo, nem o que é meu, tampouco o que se divide para multiplicar. Tenho múltiplas chances, mas nenhuma delas me permite voar! Sozinho, clamo por alguém que no meio dessas cidades loucas, dessas multidões de zumbis ouça o que digo, atenda ao que peço.
Eu seguiria qualquer um para a luz e também para a escuridão, desde que pudesse seguir voando... Você voaria comigo? Você me faria voar?
Deixa eu gritar! Deixa eu sangrar até perder todo o sangue. Não sou um suicida! Apenas um exagerado em busca da melhor parte de si. É súplica sem tormento! É espera cansada por um momento. Deixa eu largado no chão. Deixa eu chorar até perder toda a água do corpo. Minhas tristezas são as mais tristes do mundo, tanto quanto minhas alegrias são as mais tsunâmicas de todas! Avassalador, contagiante, perturbador. Eu só quero voar. Não pretendo ir para um lugar que nunca foram, ainda que admita que seria legal demais descobrir novas montanhas para além do céu, novos seres para além da galáxia. Oportunidades inoportunas me interessam.
Ainda que não voe, topo atalhos, alterações no caminho traçado no mapa cravado em minhas mãos. Lamento a falta de convites para dançar. Queixo calado os convites que envio a destinatários que me julgam, me recusam, sem nunca terem me visto de verdade. O personagem fica da porta pra fora. Eu? Eu só quero voar...
Deixe o seu comentário