Palavreando - Vida real - 23 a 25 de abril 2011

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 22 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Aqui ficamos. Deixamos onde estávamos para prosseguir, mais fortes, ainda que mais humanos. A saudade comprovará que vivemos algo bom. Levamos as lembranças de dias inesquecíveis em paisagens sem igual. As horas passaram rápido porque nem percebemos que elas existiam.

Se não fosse a noite nem veríamos o dia terminar. Se não fosse o dia nem perceberíamos a noite chegar. E não esperamos nem por um, nem pelo outro... Contemplamos o que tínhamos. Vivemos o dia e a noite, entregues e intensamente.

Sentimos a energia da natureza e fomos plenos em tudo o que sentimos. Não fomos reféns de nada, a não ser de nossa liberdade que nos levou a estar juntos. Não ficamos aquém de nenhum desejo e ainda que se tivesse tempo, prolongaríamos a jornada para se esquivar da vida real.

A vida real. Ah! Vida real! De tragédias e compromissos, de planos e ações calculadas. Vida real que nos chama para se banhar e se afoga como afoga as multidões conectadas pela eterna busca de ter e ter mais, quando em nossos íntimos sabemos que queremos ser.

Ser irmãos. Ser sentimento. Ser união. Ser felizes. Ser mundo. Ser comunhão. Em realidade é real o nosso sonho e é possível realizar o que pedimos. Clamamos a chance de no meio dos conflitos, conseguir observar aquela estrela, pensar única e exclusivamente naquele miúdo ponto de luz suspenso no céu entre muitos outros pontos de luz não menos intensos.

Temos talento para fazer recortes no todo para então encontrar tudo. Mas nos esquecemos de nossos dons, nos perdemos de nossas intenções.

Queria poder ficar, queria não ter que partir, queria poder continuar a saborear a ausência de contagem do tempo e correr só para a imensidão que me convida a ser parte dela para ser também imenso. Queria ficar sempre ao seu lado, completo, pleno, mas a vida real me convoca para com a beleza e pureza daqui, ser cavalheiro da esperança, desses que desbravam a desgraça do pessimismo e demonstram o poder de reconstruir.

A vida real me possibilita visitar outras esferas. Dá a mim a permissão de ser parte do mundo como agente de transformação, co-autor da história. Se a vida real me chama, eu vou. Não porque não há como se esquivar dela. Vou para vivê-la e de alguma forma, com as ferramentas e experiências que tenho, contribuir para uma vivência mais harmônica, mais prazerosa e mais feliz.

Mas se de vez em quando se eu puder dar uma escapadinha que a vida real me consagre o direito de se revitalizar no lugar que estive, no cenário de belezas sem igual. Com a imensidão à frente, o amigo ao lado, o tempo irrefutável e uma vasta colheita de inspiração. Porque até a vida real precisa de um pouco de poesia.

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