Todos falam de amor. Talvez porque seja tema de todas as vidas e sonho de todas as almas. Existem vários tipos de amor, mas o eleito com ampla vantagem é o amor entre um homem e uma mulher.
Nos filmes, novelas e canções a maioria das histórias de amor são com esses personagens. O amor de mãe, pai, amigo, ideais vêm em seguida, quase à deriva. Seguindo talvez a lógica fundamental biológica e/ou capitalista. Assim, para não nadar contra a corrente, vamos falar desse tipo de amor maior, a começar por mim.
Eu não tenho sorte no amor, se é que essa coisinha linda e estranha tem alguma relação com sorte. Se fosse numa novela eu seria o terceiro do triângulo: bonzinho e romântico que faz tudo pela mocinha e no fim da história é preterido ao crápula que na última semana se torna o bom e perfeito, perdoado após fazê-la comer o pão que o diabo amassou.
Na verdade eu queria ser como o Vinicius. Amou muitas, mas amou todas com intensidade ao ponto de não fazer nenhuma infeliz. Fez poemas, compôs canções com a maestria de um escolhido por Eros.
Mas o amor é acima e antes de tudo caos. Pode ser que eu ame e não saiba. Talvez seja um desses confusos regidos pela gana da conquista e ao conquistar tenha desejo de conquistar de novo, sempre outra. Soou como se eu fosse um cretino. Melhor então: eu sou aquele que apaixonado vira tolo e com seu dicionário de bobagens românticas debaixo dos braços gasta todo o seu charme para tê-la. Acabando por assustá-la... ela escapa. Mas a gente aprende e se resguarda, mas nunca muda completamente. É aí que uma amiga minha acaba tendo razão a meu respeito: sou um desestruturado emocionalmente. Quem não é?
Eu não sei se você tem sorte no amor. Mas às vezes acho que o amor é mais simples do que imaginamos. Ele não tem nada a ver com declarações em praça pública com serenata. Pode ser que o amor resida apenas na serenidade de um bom-dia ou mãos dadas na avenida. Quando falamos de amor e todos falam, nos cerca certa dose de fantasia temperada com desejo de ver o impossível. Vinicius conseguia. Mas quantos Vinicius existem por aí? E quantas musas inspiram por aí? É por isso que estou à procura sem medo de errar, mas sem nunca mentir, mesmo que seja mais fácil pra quem sabe mentir.
Então, sonho. Um dia a gente se esbarra, ao fundo aquela canção. O 1° olhar, o 1° sorriso. Distração. Abandonamos tudo e juntamos os trapos, defeitos e discos. Após uma discussão e outra ouvimos juntos a nossa música e com vinho e sem lençóis nos beijamos até o sol de inverno raiar. É nesse meio tempo que peço tua mão, construímos uma vida e vivemos felizes para sempre até o sempre se findar. Você me dá a sorte que pensei não ter e te dou os dias mais lindos que nem você esperou. E quando acabar de um modo ou de outro no rádio vai tocar “foi assim/ como ver o mar/ a primeira vez/ que meus olhos/ se viram no seu olhar...”. E partindo numa astronave que não sei bem aonde vai dar, lembro de tudo, desde que te desejei até o dia em que o sempre se desfez. E redescubro de novo por que todos falam de amor.
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