Palavreando - Terremoto

De onde vem toda essa necessidade objetiva de precisar de você para que a vida exista? E nada, em lugar algum, tem propósito se você não está! Diriam os psicanalistas que se trata de obsessão aguda. E, os analistas lá entendem de amor ou fé? Diriam que sofro porque livremente me torno dependente, mas sorrio cada vez que lembro do seu jeito, cada vez que embarco nas memórias de suas palavras e me entorpeço dos sonhos que animo em meu mundo particular de poesia. Transbordo. Transcendo para além do universo e te convido a visitar também o além do sem-fim e quem sabe morarmos juntos nesse infinito particular de dois. 

Já me disseram para te esquecer, pois você com tamanha educação jamais dirá! Como faço isso? Mas sei que posso te fazer lembrar, sem qualquer receita ou ajuda de especialista, que estou aqui... Saberão os especialistas como se faz para conquistar anjos? Tentarei voar! Viajar insistentemente nessa minha necessidade objetiva que foca o mapa dos meus dias para o seu afago e a sua maneira de questionar o que será sem as amarras do que foi. O que somos? 

Danço sem você ver. Sorrio sem você saber, na verdade, gargalho a cada instante em que penso em você, mas a cada despedida, imploro para que não observe os meus olhos que choram... Choram de emoção alegre e saudável, repletos de saudade. E ouvindo música, qualquer música, dessas de declarações de amor, sofridas, agudas, transporto a gente para essas canções, ainda que seja clara a nossa música.

Escuto as estrelas, converso com Saturno, busco razões em outros mundos, caço motivos em outras circunstâncias, mas cada vez que giro em volta do planeta, mais me entrego e já não me importo em disfarçar o que sinto! O sentimento que explode no meu peito não só me contagia como vibra tudo que está à volta. É terremoto que não causa caos, nem destruição. Terremoto que não treme, mas sacode toda a vida que existe e que jamais existiu dentro de mim. É terremoto ao contrário—devolve tudo para o lugar: as notas para a melodia, as palavras para a canção, as peças para o meu coração, os átomos para a minha alma, eu para mim mesmo. Sou completo outra vez, sem lembrar exatamente quando fui se é que já fui. Nem me atrevo a dizer redescoberta, porque em verdade, agora é que de fato estou descobrindo. Todas as outras se tornaram enganos, doces enganos, rebaixadas a menores.    

Rejuvenesço. Nascendo outra vez, mas agora ciente da emoção que é nascer. Se estou louco? Ah! Posso afirmar em poema que estou feliz e me faz feliz toda a busca por te conquistar! Te conquistarei?