Palavreando - Se desfaz - 5 a 7 de março 2011

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 04 de março de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Se desfaz

Uma fênix. Um cavalo. Um cavalo montado. Um pônei. Não, um cavalo alado. Um dragão. Solta fogo. Uma serpente. Um dinossauro. Dinossauro? Onde? À esquerda. Ah! Há que se ver mais amplamente. Sim! Um dinossauro. Um Brontossauro? Tiranossauro, não? Um velociraptor. Bem maior. Esse é grande! Um velociraptor grande! Lá é um Arqueopterix. Ou será um cearadáctilo? É um pteranodonte. É um pássaro mesmo. Se desfaz.

Um canguru. Carrega o filho na bolsa. Um tubarão. Acabou de comer um peixe. Um submarino. Passando perto do tubarão. Mais acima tem um navio. Um barco! Se olhar ao contrário é um trem-bala. Fora dos trilhos. Não, um trem-bala caindo no mar. Se desfaz.

Uma garrafa. De cerveja. De espumante. Estourou. Ta na taça. Não, na taça é vinho. Como sabe? Não sei, mas suspeito que seja. Brindam. Tem um prato. Um prato na mesa. Uma mesa com um homem e uma mulher. O que vão comer? Arroz e estrogonofe. Com batata palha. Acabaram. Vem a sobremesa. Se desfaz.

Um celeiro. Outro cavalo. É o mesmo que havia se desfeito. Mas esse vem com carroça. E um chicote. E um velho o chicotando. O velho tem chapéu. O sol queima. O chapéu protege. Coloca o óculos escuro para ver melhor. É mesmo um velho de chapéu. Se desfaz.

Uma maçã. Pode ser também uma pêra pequena. Uma cereja grande. Um coração. Está apaixonado? Não pulsa. Não, você está apaixonado? Talvez, quem sabe? Olha lá! Um abacaxi. Não, é um rei com uma coroa. Cadê o cetro? Esse rei não tem cetro. Se desfaz.

Zeus. Jesus Cristo. Maomé. Moisés? Papai Noel. Meu pai. Um pai qualquer. Um bebê. Uma mulher. Maria. Qualquer Maria. É a mãe dele. Joana? Uma mãe fazendo cócegas no filho. Joana não é mãe. Mas essa Joana é! Se desfaz.

Naquele canto lá! Onde? Lá onde tem uma nota musical. Nota musical? Ah! Sim, achei! Dó ou mi? Ré, sei lá! O mapa do Brasil. Não, da África. De lá é que sai a música. O mapa-múndi. Como? A Austrália lá embaixo. Mas tá muito perto da Europa! Ah! É um mapa que suprime a Ásia. Tá certo, então lá é o lugar que vivo! Em proporções ampliadas, é claro! Se desfaz.

Uma casa. Um castelo. O castelo daquele rei que eu achei que era um abacaxi. É o dono daquelas terras, daquele mapa que se desfez. Onde, aquele lugarzinho que estava desenhado mais à direita? Centro-direita. Compreendo. Se desfaz. Rápido demais. É preciso estar atento senão as cenas se desfazem mesmo. E a imaginação não acompanha.

Um golfinho. Uma ovelha. Uma vaca. Uma fazenda inusitada. Tem pato, porco, cachorro, urso e até girafa. Tem gente? Bicho-homem. Homem-bicho. Se desfaz.

Um pé. Uma mão. Uma grávida. O bicho- homem de novo. Não, é o mesmo bicho-homem de todo lugar. Que desfaz? Se desfaz.

Uma régua. É a linha do tempo traçada por um arranha-céu. Logo se apaga. Se desfaz como as nuvens no céu.

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