Quem não quer se apaixonar? Ser visitado pela insanidade que traz uma felicidade que, apesar de momentânea é intensa ao ponto de fazer toda uma vida valer a pena apenas por aquele instante. Quem tem paixão tem também motivo. Motivos para acordar quando amanhece o dia, tanto quanto sugar da noite cada estrela e dançar com a lua. Motivação para vencer os desafios ao mote de se dar novos e maiores desafios. Porque a paixão ao entorpecer o coração incendeia a alma. Faz você enxergar a própria alma e perceber que pode ser o que quiser, venha o que vier. Acima de tudo te transforma em um otimista que de tudo desvencilha, e, mesmo aquilo que não pode vencer se torna banal uma vez que você entende que há que se perder para valorizar o que se conquista. A paixão te permite conexão plena com a esperança.
Quem quer ser feliz precisa se apaixonar. Quem quer saber o que é vida necessita se apaixonar e experimentar tudo o que a paixão oferece pelo menos uma vez. Não importa se na rua onde mora, no colégio ou no trabalho. Não interessa se com quinze, vinte, quarenta ou sessenta anos de idade. Não importa se em épocas de moralismos sujos, tradicionalismos perpétuos ou de liberalismos escachados. Não importa se com a amiga da sua irmã, com o rapaz da loja ou com a pessoa que viu pela primeira vez na rua. Respeite cada encontro, especialmente aqueles que mesmo não conhecendo a pessoa, mesmo nunca tendo visto a pessoa, lhe parecer que você já a conhece há muito tempo, que é parte de você e que você a entende, a quer do seu lado... que você precisa dela, necessita dela no seu mundo, porque ela é capaz de mudar o seu dia.
Quem não quer se apaixonar? Ser sorteado pelo horóscopo, pela conspiração dos astros na divina concessão de experimentar a luz que vai além do prazer e a poesia que encanta além dos versos escondidos no livro adormecido na cabeceira. Revelar ingenuamente que pouco ou quase nada sabe e que está disposto a descobrir o que se esconde por detrás da montanha e o que se desenha para adiante da linha do horizonte. Se permitir estar dentro do campo de jogo e acenar para a imensa torcida que torce nas arquibancadas para que nessa história você vença e fique bem. Se permitir subir no palco e cantar com ou sem talento (isso não importa) e se declarar sem medo de parecer exagerado. A paixão, afinal, é exagero que nunca é pecado. O aplauso é o beijo roubado e concedido e a certeza de que se fez o certo ainda que o resultado seja sempre inesperado, sendo esse inesperado a dádiva maior de ser humano.
Quem não quer se apaixonar recusa a vida e o tempo que sempre está mais para o fim do que propriamente para a eternidade. Pode ser sofrido como às vezes o é. Pode trazer aquela dúzia de dúvidas das quais metade são grilos insossos de quem treme ao disfarçar as atitudes do corpo para não se entregar assim tão abertamente. Pode fazer você se achar um tolo, um louco, um sonhador e até um meticuloso desses que temem revelar todos os segredos que se guardam só para manter o jogo do olhar. Mas o jogo uma hora acaba e a verdade absoluta se mostra e é preciso estar atento para que o tempo de ser a verdade máxima flua. E fluindo você flutua por asas misteriosas que trazem o universo para o aconchegante abraço que abriga e que ao mesmo tempo te dá morada.
Quem não quer se apaixonar? Há uma paixão à espera, à espreita para te laçar. Ela existe e só aguarda o encontro que virá. Surgirá para provar que sua imaginação não é tão criativa assim e lhe fará descobrir coisas da vida que jamais poderia supor ainda que tenha milhões de quilos de suposições. Porque a paixão provoca turbilhões e boas tormentas. Faz te sentir um vivo vívido! Te dá o divino direito de chorar do nada e se desatinar a sorrir sem razão alguma. Chorar e rir simplesmente por te tornar intenso a tudo, até aquilo aparentemente imperceptível. A paixão faz bater saudades constantes do que aconteceu e do que sequer ainda foi escrito. Traz vazio do que já foi completo e do que sequer ainda se preencheu. Porque a paixão faz você presumir, sem expectativas, que será surpreendido com suprema alegria de quem não precisa ou precisará de mais nada. Quem não quer isso? Quem não sonha com a possibilidade de se apaixonar por quem nunca viu e comprovar a paixão ao cruzar pela primeira vez com os olhos daquela pessoa. Porque a paixão permite esses planos descombinados, mas propensos a ocorrerem. Quem não quer se apaixonar recusa a vida e a si mesmo! Que a paixão venha e quando vier—deixe-a entrar sem reservas!
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