Palavreando - Quem é você? - 4 a 6 de dezembro.

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 03 de dezembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Nunca quis ser outra pessoa que não eu mesmo. Desprovido de qualquer vaidade, de qualquer presunção e de nenhum preconceito, mesmo nos meus sonhos mais reais, quando pude ser qualquer outra pessoa, escolhi ser eu mesmo.

Mesmo quando imaginei ser o homem mais famoso, o personagem mais histórico, o mais poderoso, ainda sim, preferi fazer a minha própria história, o meu próprio destino. Porque não há graça em ser algo já construído. O mais bonito num final feliz não é o final feliz, mas sim ter feito parte da jornada.

Escolhi ser eu mesmo, com meus defeitos e qualidades, com meus antagonismos. Porque só eu sei amar do jeito que amo, porque mais ninguém pode fazer da maneira que faço. Ainda que nisso ou naquilo eu me assemelhe a outros, ninguém é igual a ninguém.

Sou o condutor de minhas palavras, só eu sei juntar as letras como junto, sou o dono dos meus minutos e domo o tempo à minha maneira. Sendo assim, sou o único responsável pelas minhas alegrias e tragédias. E ainda que vista máscaras e fantasias de supre-heróis, eu sei bem quem sou! Os meus disfarces não me enganam e as minhas amarras não me seguram. Sou e somos a procura que encontra e só nós podemos nos entender. Só eu me entendo plenamente e ninguém mais.

As respostas que caço, as perguntas que finjo não existir, minhas crenças e fé, meus medos e minha coragem estão dentro de mim e em nenhum outro lugar. Só eu posso decifrar os meus enigmas, só eu posso expulsar minhas angústias, só eu posso cativar minhas energias. Só eu. Só eu. Não, não se trata de ser só eu e o mundo, mas o que faço dessa relação. E só eu posso me relacionar com o mundo da forma que me confundo e me acho nele.

Nunca quis ser diferente de quem sou. Talvez com um cabelo mais louro, olhos mais azulados, corpo mais sarado, mas ainda sim, nunca quis ser de fato outra pessoa. Mesmo quando imaginei ser outra pessoa, trocando de lugar com ela (e todos imaginam isso pelo menos uma vez na vida), ainda sim escolhi ser eu para toda a vida. Isso é bom, como pode parecer ruim, mas assumir ser você mesmo é maravilhoso, tanto quanto assustador. Mas saiba que não há maravilha que não assuste, como não há felicidade que não tenha sido um dia dor. O equilíbrio é algo difícil de se achar, mas tem que ser ansiado. No entanto, para achá-lo é primordial se aceitar, se procurar para se descobrir. O mapa? Bem, o mapa não está num papel...

Não quero ser milionário, nem famoso, não quero ser poderoso ou doutor se não puder escolher ser apenas eu, com meus defeitos e amores, com minhas manias e dores.

Não rechaço meus dramas, nem me escondo dos dias. Acho perfeitas as imperfeições da minha vida e elas me levam a evoluir. Faria algumas escolhas diferentes, voltaria no tempo para mudar isso ou aquilo, mas não condeno minhas opções, elas me construíram, estão na minha biografia inacabada, na minha fotografia no mundo. Tudo que fiz e vivi é meu e de mais ninguém, ao ponto que não trocaria nada que tenho, levo e sinto com qualquer outra pessoa. Sou o que sou, porque mais ninguém no mundo é!

E você? Se pudesse escolher, quem você seria? Quem é você?

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