Taquicardia. Coração pulsando tão forte que as pernas tremem e se tornam incontroláveis. Frio que desce pela espinha ao ponto de, como nunca antes, ser capaz de perceber cada ossinho da vértebra. Sentir-se mais vivo e vívido. Não! Isso é paixão, aquela coisa intensa, mas passageira, ainda que necessária na história de todo mundo. Você tem que se apaixonar pelo menos uma vez na vida e amar pro resto dos seus dias.
Paixão é tudo o que vai embora, muitas das vezes contra nossa vontade. Amor fica. É coisa de alma, de eternidade. É confiança mútua de que o destino assim quis porque você e ele assim quiseram também.
Mas porque é amor, não quer dizer que não existam dúvidas, intempéries, incertezas e até insanidades momentâneas. O amor é uma luta constante que pede cuidado e diversão. Cuidado que é carinho, preocupação, disponibilidade e até desprendimento. Diversão que é festa, surpresa, não fazer nada e também se permitir descobertas, situações novas e rir ou chorar de tudo. Aumenta as perspectivas e traz o tal equilíbrio que permite a percepção do que é razão, do que é emoção e do que é ter os dois. É liberdade que te leva a ficar junto, a ficar juntos.
Quando é amor? Talvez você saiba sem precisar se perguntar, talvez você nunca saiba por que insiste em perguntar. Simplesmente, não tem resposta ainda que você saiba. É, você simplesmente sabe!
É achar que jiló tem gosto de sorvete de pistache. Sim! O amor nos convida a fantasiar os dias e melhorar o tempo. Faz do amargo, ainda que sentido na parte final da língua, algo saboroso e que faz bem para a saúde. É perceber que se é mais alto do que se supunha, porque o amor nos faz se ver maiores, mais capazes até de mudar o mundo. O amor é esse confete que soltamos dentro da gente e que nos faz visita ao prazer, mas que não nos deixa perder a sintonia com o que há fora. Somos mistos de imaginação e realidade. É isso que torna tudo possível, tanto que nada é impossível para o amor.
É ouvir a música tocar sem que ninguém tenha dado play. É colorir o mundo sem ter lápis de cor nas mãos. É rebolar sem vergonha de parecer tolo. Porque para o amor você é quem é, sem ter que provar nada para ninguém. E isso, simplesmente, porque você perde o medo de ser feliz e até infeliz, já que a tristeza nos visita de vez em quando.
E aí, você se desfaz das amarras que lhe prendem, que lhe sufocam, porque você se mostra do jeito que é e é feliz pelo que é sem querer ser outra coisa. E se sente amado assim e ama ser amado assim, pois o outro não quer outra coisa que não seja exatamente com e como você.
Amor é essa coisa bem próxima do que é paixão. Mas paixão acaba, ainda que uns se mantenham apaixonados por mais tempo. Mas paixão pode evoluir para amor e é lindo quando evolui. A partir daí, mais do que morrer por aquela pessoa é viver por aquela pessoa, porque ela precisa de você, aqui, nesse tempo e espaço. E mais do que amar a pessoa é amar o fato de aquela pessoa existir, dividindo esse tempo e espaço com você, dialogando na sua biografia e você testemunhando a biografia dela. Amar é esse desejo que não tem fim, ainda que nem sempre seja o desejo fervoroso adolescente. Mas ele permanece lá, porque quando você ama alguém, você se aproxima pela beleza, sente afeto por essa ou aquela atitude, se encanta pelo cheiro ou pela roupa especial, mas faz promessa de eternidade é pelo jeito da pessoa. É, por fim, optar pelo altruísmo mesmo conhecendo bem a tentação do egoísmo.
Quando você sabe que é amor? Você não sabe... Você simplesmente sente e aposta nisso dando tudo que pode dar e no final recebe muito mais do que poderia imaginar.
Deixe o seu comentário