Existem pessoas que fazem toda a diferença num dia comum. Pessoas que tornam a existência mais agradável. E não importa o tempo que passemos com elas, nunca é o suficiente. Se toda a eternidade fosse possível, toda a eternidade seria utilizada para dividir com essas pessoas. Perceba: não estou falando de paixão adolescente, cujo efeito é um frenesi passageiro que vem e volta vez em quando.
É algo que vai além da pele, vem de alma. Não tem nada a ver com sexo, nem saliva. Tampouco se restringe a um único ser. Também não são todas, poucas, muitas... Apenas essenciais. Trata-se de grupo, partículas que unidas formam um só corpo que se junta não por interesse ou ideologias parecidas, mas por pura sintonia cósmica ou seja lá o que for.
Sempre me perguntei por que as pessoas se juntam e como se juntam. Analisando a equação passível de resultado impossível vejo que posso responder com a simplicidade do acaso ou posso complicar inventando mil bordões fantasiosos amparados na mitologia, na espiritualidade, sociedade e pra lá das muralhas da China em tantas outras vãs filosofias.
Então, melhor do que se tornar um chato fico com a objetividade subjetiva do pensamento de que as pessoas se juntam para que suas vidas não passem despercebidas e que suas existências não sejam em vão.
Para tanto, é preciso olhar atento e peito arregaçado a ponto de ser rasgado, mas vale o risco, para sair por aí caçando e encontrando pessoas que nos dêem o tal sentido tão privilegiado de dividir o concedido espaço-tempo de forma feliz.
Nessa caminhada colhemos amores aos montes, mas passamos boa parte dos passos desperdiçando-os. Olhamos tão atentos à procura e despercebemos que à nossa volta o que se procura já está achado.
Existem pessoas que estão ao nosso lado de palmas abertas para o céu sem desejar o céu porque o divino pano azul não está no alto, mas no encontro com nossas mãos e no conforto de nossos abraços. E vice-versa, pois por mais que nos dividamos em anjos e demônios, não há santidade que possa se privar de ser o paraíso para alguém ou buscar o paraíso em outro alguém.
A definição de paraíso é de cada um e não me atrevo a defini-lo, até porque o paraíso é tão mutável quanto nossas buscas por amores... Pessoas.
Quando pessoas se encontram e estão umas para as outras assim como as palavras estão para a poesia, a música solta do silêncio e no silêncio faz concerto com direito a orquestra mundial de colibris, baleias, grilos e todos os bichos do mundo, até os humanos. Quando pessoas se encontram e descobrem a paz no sorriso uma da outra os trovões adormecem por um instante para prestigiar o milagre se fazendo presente. E há tantos milagres por aí, que até se é possível sonhar com eternidade e que se essa infinidade do tempo fosse mesmo possível toda ela seria dividida com essas pessoas que fazem toda a diferença num dia comum. Mas se a tal eternidade não existe mesmo e se é arriscado passar todo o tempo esperando por ela, não há por que ficar chorando sozinho, afinal, há um mar de pessoas aqui e lá fora querendo se encontrar e descobrir o amor que é música, sorriso e milagre nesse instante, nesse espaço-tempo que é único, ou seja, nunca se viu igual e jamais se repetirá. Então, deixa o céu ser nossas mãos, vamos juntá-las e abraçar estrelas capazes de calarem os trovões.
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