Palavreando - O agora - 18 a 20 de setembro.

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

O agora é que muda o mundo. Já disse isso outras vezes e talvez diga muitas outras. O agora é que muda o mundo. O pensamento, frase feita ou modo de vida se repete para mim como um mantra contínuo e incessante em meu caminho. Ouço-o desde muito cedo e vivo-o sem precisar segui-lo, porque o agora vem ao meu encontro todos os dias que tenho a oportunidade de viver mais um pouquinho. O agora é uma dádiva maior do que o passado, mais nobre do que o futuro, pois ele nos é concedido sem ter em si qualquer promessa, ao ponto que não nos garante novos agora, é ele apenas ele, agora e nada mais...

Nós só temos o agora! Essa é uma verdade absoluta, por mais que eu não goste dessas verdades empurradas goela abaixo. Temos que admitir: não há garantia de amanhã, por mais que trabalhemos em função dele. O passado nos ajudou a chegar até aqui, mas ele já cumpriu seu destino. O futuro é incerto demais para ficar esperando por ele sentado, à espreita de tudo e de todos.

Assim, não dá para ficar se perguntando o que foi e o que será quando o que é é o que realmente importa. O que foi se esvaiu, o que será é só uma promessa e o que é, é o que nos define, é o que nos faz ser o que somos, é o que nos presenteia, é o que vivenciamos, é o que nos dá aqueles que estão ali, agora, dividindo o agora conosco. O que foi vivido está feito, o que se viverá é uma incógnita que talvez nem se consuma.

Todos nós somos muito preocupados com o tempo. Talvez, porque o tempo é a única coisa que nos iguala e nos torna comuns. Mas não é bem o tempo que nos torna iguais. É o agora que existe dentro desse tempo. Neste agora, podemos fazer qualquer coisa. Todos podem usar o agora como bem entendem. O mau uso ou o bom uso do agora vai determinar o futuro, mas só será determinante se houver amanhã. Quem nos garante que o amanhã nascerá? Quem pode garantir o jeito que o amanhã virá? E ainda havendo amanhã ele pode ter ou não aquele lugar, pode ter ou não aquela pessoa. O amanhã é traiçoeiro e muda tudo, até planos perfeitos e estratégias matemáticas.

O agora é lindo! É intenso! É eternamente novo! É o momento desmontando o tempo. É peça chave na nossa coleção de horas. É como aquela figurinha premiada no nosso álbum de realizações. É o instante em que se tira a foto sendo esse instante mais importante que a fotografia. É o agora que cria as lembranças futuras, tanto quanto instala a saudade, porém saudade e lembranças só existirão se o agora for experimentado em todas as suas nuances. Por isso, mais importante que fabricar saudades e lembranças é vivê-las dentro de seus momentos, até porque, como já dito, não há garantias de amanhã, então, como fabricar tais coisas se você sequer sabe se terá amanhã?

Os melhores momentos da vida, aqueles instantes que realmente marcam e fazem diferença, que fazem toda uma história valer a pena, são aqueles que vivemos sem se preocupar com o que foi, sem se lamentar como o que poderia ser, sem vislumbrar o que será. Aquilo que se descortina à nossa frente é o que importa. Só no agora somos detentores de nosso destino. É no agora que temos que estar atentos, sem necessariamente sermos metódicos ou meticulosos. Precisamos estar atentos para não perder nenhuma cena, nenhum suspiro, para não perder a música, a batida do coração, para não deixarmos de ver o show que é a vida e o quanto ela é mais interessante quando estamos ao lado daqueles que amamos.

O agora é o que muda o mundo. O agora é o que nos molda e nos transforma. É no agora que a felicidade nos visita e não podemos ser maus anfitriões. É preciso estar atento para receber a felicidade de braços abertos para que, se houver futuro, ela possa voltar.

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