Palavreando - Mais uma noite - 4 a 6 de junho 2011

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 03 de junho de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Hoje à noite, como na noite anterior, saí de casa com o objetivo de te encontrar mais uma vez. Olhei mais atento a todos os lugares a fim de mais uma vez, só mais uma vez, apreciar o seu rosto e sorrir do seu sorriso. Sonhei encontrar o seu rosto no meio da multidão, mas era só um sonho desses de menino que se afoga numa caldeira de chocolate. Em meio a tantos rostos, o seu era o único que queria e era justamente o que me faltava.

Não me deixei vencer pelas horas e nem pelo pessimismo que me afrontava a cada minuto que passava. Te procurava, me lançava ao desafio de te ver sem ter que me entregar. Como? Como te encontrar e não se revelar? Mais uma vez, não, não me perdoaria...

Você tem que acreditar em mim, eu não sou um caçador. Eu ando pelas ruas da cidade como qualquer um que procura algo para cuidar a fim de cuidar de si mesmo. Minha fé me tenta provar que vale a pena prosseguir pelas ruas da cidade e me diz que talvez naquele bar, naquela rua e não nessa, ao virar aquela esquina eu encontre o meu lar.

Conheço tão pouco de você e quero descobrir tudo que lhe agrada, mas antes preciso descobrir onde você mora... Em que lugar está... Debaixo de qual lua se esconde... Que música lhe faz tremer... Te convido para dançar comigo? Você quer dançar comigo? Eu não sei dançar, mas posso aprender, posso arriscar...

Mais atrevido do que realmente sou, perco espontaneamente a paz (nunca foi tão bom perder a paz), e te procuro sem qualquer garantia que vou te encontrar. Posso estender a mão para remover os véus que te escondem, posso correr pelas avenidas da madrugada sem congestionamento, posso recorrer às naves no espaço, posso interromper o show para chamar por você... Mas me sinto de mãos atadas, preso no trânsito, sem discos-voadores, sem voz, sem show. Eu gostaria que você soubesse quem eu sou.

Eu sou aquele que te procura... Aquele que sai de casa só para te encontrar. Não tenho flores, não sei se você gosta de lírios ou de rosas, nem sei se você gosta de flores. Também não tenho muitos objetivos, nem diversão que lhe garanta se divertir. Contudo, tenho um horizonte a atingir e você tem o mapa que preciso, mas mais que isso, você é a bússola, a única bússola capaz de me levar até lá e quem sabe para além de lá onde nascem as estrelas e onde dorme o sol.

Esforço-me para não dormir. Provoco o cansaço à exaustão. Não quero voltar para casa, ainda não. Mais uma noite que vai... Já há poucas pessoas nas ruas. Posso ouvir os meus passos, mas apesar de todo o silêncio, por mais que me concentre, não consigo ouvir as batidas do seu coração. Meus passos não me levam até você por mais que os meus pensamentos se dirijam a você. Não sei onde você está... Onde você mora? Onde posso te encontrar?

Penso que nesta noite, quando encostar a cabeça no travesseiro, meu sono será sem sonhos. Quem sabe possa sonhar acordado. Quem sabe quando estiver no meu caminho de volta, tropece em seus sonhos e finalmente te ache? Nem sei o que procura. Mal sei o seu nome. Mas foi bom te encontrar e espero ansiosamente te reencontrar verdadeiramente em meus olhos. Tenho saudade do que sequer vivi. Sinto a sua falta. Clamo por sua presença.

Mais uma noite... Mais uma vez e você não estava lá!

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