Palavreando - Iluminar - 24 a 27 de dezembro.

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Há datas, dias especiais que têm o poder de iluminar as pessoas. O Natal é uma delas. Não por suas luzes nas árvores ou por seus pisca-piscas contornando as janelas e espalhados nas sacadas das casas. O Natal ilumina as pessoas porque faz das pessoas determinadas a, sem medo, abraçar os próximos e no abraço dizer que deseja saúde e paz.

O Natal ilumina por seus cartões repletos de declarações, pelas bolas coloridas nos pinheiros representando os amigos e familiares, pelas estrelas dos reis magos, pelas velas nos templos e, principalmente, pelas famílias e amigos reunidos para a ceia. Mas não é a ceia que ilumina, e sim o pretexto dela que faz reunir irmãos; não é o cartão com palavras feitas que ilumina, mas a intenção de quem o entrega; não são as bolas nos pinheiros que iluminam, mas o reflexo de cada olhar que as admira e que até, às vezes, não compreendem a razão de suas cores; não pelos personagens ou homens santos, mas pelo simbolismo da visão de ver o céu reacender; não pelas velas nos templos, mas a busca por acender caminhos...

O Natal ilumina os olhos daqueles que já não tem esperança e também de todos aqueles que se esforçam para acreditar um pouco mais. Faz do coração morada do mundo que tem a capacidade de abrigar a todos que buscam refúgio e companhia. Clareia a escuridão e cessa o que confunde, aniquilando a desconfiança, permitindo assim ao sonho achar o que é real e, nas barbas de um bom velhinho, reencontrar o que é ser criança.

Quem dera todo dia fosse Natal para que cada hora pudesse ser milhares de velas reunidas em cada metro quadrado para que ninguém esquecesse que a luz vence a escuridão. Que acima de tudo cada um de nós é luz que ilumina e que toda vez que emprestamos essa luz a alguém, nossa luz se torna mais intensa, mais forte, mais sol...

Quem dera o espírito do Natal se prolongasse por cada dia do ano perpetuando as vozes dos corais que cantam as canções que nos faz encontrar o amor sem temor, sem pecado, com razão pela razão de amar com entrega e sem interesse.

Iluminar numa luz que satisfaz mais a quem doa do que quem recebe. Quem não quer iluminar? Todos podem iluminar, não por uma efeméride que motive a isso, mas porque é da natureza de cada um iluminar, como vaga-lumes gigantes que se mantêm acesos, sem cansar, à procura de acertar e descarregar os pensamentos ruins e transformá-los em sementes de paz.

Iluminar, iluminar uns aos outros em todos os lugares, aquecendo a alma para a liberdade de voar. Iluminar para redescobrir a força de quem não é forte, mas insistente, solidário. Cada ato, por mais simples, faz diferença, transforma, contagia, se multiplica em fórmulas que nem os matemáticos podem mensurar.

Iluminar de forma que os olhos podem permanecer abertos, sendo luz suave que encanta e acaricia o espírito.

Não, não é o Natal, mas o que ele faz surgir nas pessoas, o seu sentimento de fazer nascer e renascer. A luz está ali o tempo todo, mas o Natal a motiva a sair e se espalhar.

Luz que se faz no abraço sem receio, no desejo de felicidade ao próximo e na retribuição desse convite para caminhar rumo ao tempo que não se esconde no tal futuro, no amanhã longínquo, mas que está aqui no hoje como esteve ontem... Que quer ser descoberta. Mas é preciso olhar profundo e doce para se chegar ao âmago da alma e levar a ela o sentimento de paz e felicidade que nos torna leves como as pétalas de uma flor que encontra o céu.

Natal, por fim, é sinônimo de amor e o amor é substância fundamental, essencial para produzir a luz, essa luz de fé, coragem, amizade, esperança, solidariedade. Essa luz da multiplicação e de tudo, porque a luz é tudo e tudo pode iluminar e ser iluminado, tornando o mau em bom e todos os contrários em certeza de que somos luz uns para os outros, que o mundo precisa de todos, que iluminar é a maior graça que temos e maior ainda quando também nos permitimos ser iluminados.

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