Felicidade: essa palavrinha de cinco sílabas, com dez letras e que todos nós, absolutamente todos, caçamos, queremos, supomos, procuramos, trocamos. Navegamos na sua indefinição concreta. Burlamos sua ausência na espera que venha amanhã ou depois de amanhã. E nessa espera, nem percebemos que ela está aqui e quando se vai nem temos tempo para cumprimentá-la, cortejá-la para tentar mantê-la mais um tempinho. A gente só percebe a felicidade quando a almejamos e acabamos por comprovar sua existência na nostalgia.
A felicidade é um estado. Estou feliz, logo sou feliz. Não há essa de constância. Não há felicidade para sempre e essa de viveram felizes para sempre é a forma que os contos encontram para acender nas crianças a esperança que elas representam. Nada na vida é permanente. A vida é cheia de lados, nuances que nos permitem diferenciar o bom do ruim. Para diferenciar o doce do amargo é preciso experimentar os dois. É na escuridão que reconhecemos o quanto a luz é importante. É preciso perder para querer vencer. Para dar valor às coisas é preciso não tê-las para querê-las.
Mas a felicidade, acima de tudo, está diretamente relacionada ao amor. Só quem ama é feliz. O amor é capaz de nos fazer compreender e compreendendo alcançamos o privilégio de ser feliz. É convivendo que vivenciamos os momentos mais mágicos de estar aqui acessando esse estado que pode ser longo ou curto, mas que é passageiro, sempre passageiro. E os momentos mais marcantes se fazem nas formas mais simples. E os grandes lances da vida se constroem com outros que poderiam estar com qualquer pessoa, em qualquer outro lugar, mas que escolhem estar ali ou aqui, alcançando a tal felicidade com esses que lhe permitem sorrisos, brilho nos olhos, coração cheio, segurança, peito aberto e nenhum desejo de estar em outro lugar com outras pessoas.
O dinheiro é importante, mas não é decisivo. O poder pode muito, mas não faz ninguém ser verdadeiramente amado. A beleza encanta, mas não ilumina. Conheço muitas pessoas que tem muito dinheiro, mas que não conseguem comprar a felicidade. Conheço alguns poderosos, mas nenhum deles têm a capacidade de mover as montanhas que os impedem de ver o sol. Conheço pessoas belas que nunca estão satisfeitas consigo mesmas. Mas conheço pessoas não muito afortunadas materialmente, mas que se sentem felizes ao simplesmente terem a oportunidade de trabalhar. Conheço pessoas que não assinam documentos, mas que tem o poder de juntar os filhos e que se sentem felizes pelo simples poder de unir os seus. Conheço pessoas que não ligam para escovas marroquinas, progressivas, de chocolate, de gel, formol, etc, etc, etc, mas que amam olhar o espelho e olhando nos seus próprios olhos sentir sua alma leve, livre. Conheço ricos e pobres felizes, como sei da existência de ricos e pobres que jamais foram visitados ou perceberam esses instantes de felicidade que estão disponíveis para todos.
Ser feliz requer entrega, compromisso, motivação, percepção, escolha e tudo que advém do amor com muitos outros ingredientes que não estão numa receita única, com porções determinadas ou ordens estipuladas. A felicidade existe ainda que só percebamos que fomos felizes quando esperamos estarmos felizes de novo.
Eu quero ser feliz, seja como for, em qualquer lugar, de qualquer maneira, de todas as formas. Eu só quero ser feliz e é só isso que quero. Porque sendo feliz eu posso tudo. Você também quer ser feliz e a felicidade é um direito, seja como for, com quem for, em qualquer lugar, de qualquer maneira. Só não se esqueça de perceber a felicidade, porque quando ela já se foi vira nostalgia, saudade, “Ah! Eu era feliz e não sabia!”. Felicidade é um estado e nada na vida é constante. Aproveite o seu direito, como aproveite a ânsia em tê-lo novamente, porque é querendo e estando feliz que se é feliz!
Deixe o seu comentário