Eu te amei com tudo que pude, com toda a força do meu coração como jamais poderia supor. O amor que tive por você fez até eu desconsiderar minhas verdades absolutas como a de que não há nada como a primeira paixão! Há sim! O amor que tive por você provou isso!
O pior de tudo é que nem posso te culpar por nada! Poderia te culpar por ser tão perfeita para as minhas imperfeições! Mas as imperfeições são minhas, enquanto as suas perfeições se encaixam às minhas. Sou o único responsável pelas minhas tragédias e te amar realmente não foi uma delas. Te amar passou longe de ser tragédia, ainda que por muitas vezes tenha sido sofrido não te ter em meus braços, além dos meus sonhos.
Eu te amei e isso está em todas as canções e crônicas que toquei no violão. Você nunca ouviu? Viu meu amor nas cartas e conversas de passeio até a esquina. Aquilo não foi nada perto do todo! E, todo fui seu porque quis. Quis, deliberadamente, me dar sem receber. Insano, perturbador, livremente entregue... Só não entreguei o pingente que comprei pensando em você, nem as flores embrulhadas no jornal com minhas declarações.
Os loucos sabem a força do tipo de amor que cultivei por você mesmo sem nunca ter te visto ou presenciado. Provavelmente apenas eles, os loucos, me compreendam. Intensidade que me escapole e não encolhe nem um tantinho assim o que me leva para você! Me levou para você algumas canções, muitas frases, comerciais de TV e fotos das ruas. Mas nada me levou mais para você do que eu mesmo! Carreguei-me para os seus passos como se o meu combustível fossem seus olhos e olhares, sua forma de sorrir e despistar os devaneios de seus viajantes pensamentos.
Eu te amei como suspeito que ninguém jamais possa amar. Torço para que te amem com metade pelo menos de minha devoção, e, direi a você que é realmente amada. Mas jamais poderia dizer que além de te amar, amem o amor que têm por você. Eu amei... Convictamente digo que eu amei você e o sentimento que me levou e me fez permanecer por muito tempo em você! Não que eu seja masoquista, mas foi prazerosa a idéia, toda idéia de te amar e prover tudo o que esse amor poderia ser...
Dirá que a impossibilidade torna esse amor infinito e real. Eu mesmo digo isso! Mas a impossibilidade que o torna possível é a mesma que maltrata todo o meu ser e me impede de ver o brilho da lua, ainda que seja linda a idéia de imaginar como é esse brilho quando o amor foge da poesia para ser real. Foi real o quanto eu te amei, mas jamais pude experimentar de sua boca o amor que nunca veio para a minha vida!
Vou cantando em frente! Jogo sonho ao ar! Fico à orla do labirinto. Labirinto que mesmo sabendo o caminho de saída optei por lá ficar. Talvez não possa entrar mais. Talvez eu não deva, para o meu próprio bem, não deva voltar lá. Não gosto de usar o discernimento, mas por vezes ele pode ser a chatice necessária para sobreviver. Sempre recusei sobrevida, mas é preciso respirar. Ficar à orla do labirinto para me observar mais.
Sinto saudade das noites de estrelas no teto do quarto. Sinto falta do amanhecer por prazer. Traria de volta até as lágrimas tristes, traria de volta as alegres também. Sentaria no banco de madeira de novo só para ver os ponteiros do relógio passearem pelo ciclo das horas. Eu te amei, tanto quanto amei a idéia de te amar. Com todas as canções, mentiras verdadeiras e verdades mentirosas. Fizemos tanto, mesmo sem o amor fazer muito por nós. Grato, mergulho na coragem de escolher o que já estava escolhido antes dos céus se abrirem e da terra se fechar...
Eu te amei e não é que eu tenha deixado de amar, porque amo! Talvez, por amar é que eu tenha abandonado qualquer resquício de egoísmo ou benevolência comigo mesmo e deixo isso aquietar. Desaprendo o ouvir para quem sabe isso calar dentro de mim. Quero que esse sentimento cale de uma vez por todas para nunca mais gritar! Eu preciso! Eu quero seguir em frente – sem você!
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