Eu sou aquele que troca as palavras nas letras das músicas e que ao confundir suas canções te confundo. Nunca quis ser o causador de suas confusões, não que nunca tenha sonhado em ser pra você — furacão.
Na estrada vazia de uma noite escura me revelo como nunca e te conto sonhos que nem para mim mesmo contaria. Confio cegamente na sua aptidão em ouvir e fujo dos seus olhos para não largar a direção e fazer o que realmente gostaria.
Espero, sem expectativas. Convenço-me da possibilidade. Livre, sem planos. Só quero amor casual, provando a mim mesmo que até o casual pode ser inesquecível. Mas te suplico também amizade ainda que esconda promessas exageradas. Tento mostrar o que as minhas mãos podem fazer, quando na verdade só desejo deitar em seu peito e dar o meu peito para também te confortar. Fazer carinho e ingenuamente te seduzir com a pureza safada de lençóis entrelaçados.
Temo ser invasivo, mas te invado sem jeito e adentro as suas entranhas a fim de descobrir, quem sabe, a alma que guarda e que te faz brilhar. Rio do seu sorriso, mas me encanto mesmo é com sua fala doce propondo, sem assinaturas, pacto de discrição. Aceno à coragem, convocando para que ela me domine para, enfim, dominar a fera que se esconde nas suas feridas ocultas e libertar você para um lugar em que não há compromisso, apenas compartilhamento de momentos únicos.
Eu quis te beijar e você não viu. Eu quis te ter em meus braços, mas só te tive em sonho. Eu quero você, te possuir sem ter posse, te ter sem te levar e não guardo mais segredos para você numa tentativa obstinada de lhe devorar e de te convencer a se entregar.
Eu sou aquele que não consegue ouvir uma música até o fim e que tenta de alguma forma achar a canção que você gosta para te marcar, para garantir a você a certeza de que nada acontece por acaso e que a sintonia existe. Mas você se afasta, diz que tem que ir e me faz voltar sozinho pela mesma estrada vazia que memorizo para voltar a te levar e te encontrar e te...
Eu sou assim... Medo ocultado, segredos indecifráveis; pelo menos até o momento em que fito os seus olhos, me desconcentro em sua respiração e me entrego. Fico nervoso de novo, como um adolescente... Como pude me deixar esquecer essa deliciosa loucura? Inseguro, troco os pés pelas mãos. Sem querer parecer fácil, faço charme e foges de mim. Te assusto, talvez. Pede o gosto delicioso da espera, daquele de um bando de borboletas no estômago e aceito, respeito, ainda que o desejo inflame cada vez mais. Invejo então a cama que dorme e me entorpeço nas suas insinuações enigmáticas.
O que você quis dizer com “não tenho medo de você, mas de mim mesmo com o que posso fazer”? Então faz de uma vez, antes que eu rasgue sua roupa, cace as proibições, te provoque e te roube pra mim.
Sim. Tenho um pouco de lunático querendo invadir madrugadas, pedindo que pelo menos uma delas seja com você. Sou aquele que convida para entrar, mas que também sabe libertar. Posso vestir a fantasia de mocinho ou bandido, ainda que prefira a de super-herói atrapalhado que se esconde no seu disfarce. Um disfarce que posso tirar, desde que convencido de que valha à pena. Mas temo colocar em risco, mais do que a mim mesmo, qualquer um que seja. Por isso os heróis se mascaram. Pelos que defendem, pelos seus. Mas nem todos os super-heróis podem voar... Mas viajo pelo asfalto que acaba na sua casa e posso bater à sua porta com palavras cruzadas de chocolate para você decifrar.
Eu sou a revolta da inércia e caço freneticamente a novidade. Novidades que divido sem temor com os que me encantam. Odeio a estagnação e ainda que reverencie o cotidiano gosto de fantasiá-lo com amores passageiros que me levam para não sei onde. Eu adoro o imprevisível, ainda que nem sempre goste de pagar para ver. A certeza é tão certa, mas nem sempre tão saborosa. Estou pagando pra ver. Estou decorando sua citação caetaneada tão bem colocada.
Este sou eu, em parte. Isto é o que sei de mim agora. Mas continuo a saga que insiste em perguntar: Quem é você? Será que você me deixa descobrir?
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