Não sei bem quem é você e o que me intriga é o que me encanta. Em verdade e a verdade é que talvez eu não queira desvendar seus mistérios e obter as respostas que procuro. Prefiro a procura interminável para não rebaixar o que sinto a simples afeto. Mas, ao mesmo tempo, quero extrapolar, explodir como fogos de artifício, fazendo estardalhaço de seus (nossos) segredos, ao pé do ouvido.
Talvez, você seja aquele que surge andando em meio às árvores que te engolem e te somem - me fascina. Talvez, eu seja apenas um palhaço querendo ser palhaço no seu circo. Talvez, sejamos eternas saudades e reencontros casuais de conversas enigmáticas que nunca se completam, nunca se concluem. Somos história inacabada que não quer acabar. História que flerta com o início de algo próprio das grandes lendas, mas que se adia dia-a-dia, pelo medo que não é temor, mas falta de audácia.
Conquisto-te. Degrado-me. Perco-te. Consome-me. Devoro-te... Vejo você ir sem que eu queira que você vá. Pulsamos entre o abstrato e o concreto. Flutuamos entre o que é suposição da verdade e o que é verdadeiro.
Entenda como queira, seja como quiser. E seja como for, a vida é balão colorido que sobe ao céu e plaina no ar. Mas desce a terra para reabastecer. Por mais que o combustível das asas seja a liberdade extensa, é preciso pés no chão para recuperar o fôlego e sonhar. Com o que sonhar? Nem sempre sabemos exatamente o que queremos. E fazemos escolhas atropeladas...
De fato, nunca dormi nos seus braços porque em você vivo. Nunca me leva, mas sempre te carrego pra onde vou. A poesia se oculta entre nossos laços, não pode ser revelada como a foto que se registra apenas em nossos olhos. Ninguém mais vê. A alma envelhece, mas nos mantemos jovens. O tempo bate na porta, mas é apenas o vento querendo chamar a atenção. Estou atento a você e não cobro vigilância, apenas tumulto, essa bagunça que faz o agora, esse embaraço das frases de reticências.
Fugimos pra bem longe de nós mesmos em busca de universos paralelos, desviamos do excesso de intimidade para manter a proximidade. Queremos saber sem ter as certezas que aprisionam, porque amamos o horizonte em expansão.
Continuo sem saber quem é você e prevejo que jamais saberei. E gosto que seja assim. Enquanto nos desvendamos, vivemos. Enquanto nos descobrimos, visitamos a intensidade. No seu palco, faço malabarismo, mas me convido mesmo é para a platéia. Quero te ver, sem te possuir. Quero te aplaudir, por te venerar. Te vivendo e te sagrando, me aproximo do que é ser completo, sem a intenção de atingir a plenitude solitária, pois só vôo é nas suas asas.
Nas necessidades mútuas, afogamos os desejos consumando-os. Cantamos as palavras que colhemos ao destino e cumprindo as missões de viajar pelo espaço, nos libertamos no finito do nosso universo particular que nem nós mesmos entramos.
E, amantes da liberdade, corremos um para o outro, porque preciso tanto de você... E sonho que você também precise de mim. Entenda como queira, seja como quiser, para ser como for, como tem que ser...
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