A paixão é o que move o mundo. Aquilo que não apaixona, não encanta. Aquilo que não encanta, passa indiferente, despercebido. A paixão é o que move o mundo, a paixão é o que movimenta as pessoas, umas para as outras, para os sonhos que cada uma tem. Se não apaixona, estabelece-se a inércia, a estagnação, a falta da novidade. A ausência do despertar para as coisas que se vê e ao ver mais detalhadamente sentir. A paixão provoca ação e ao agir regido pela paixão você transforma a atitude e se transforma em apaixonante. E, apaixonante, você cativa as forças do universo para que elas conspirem a favor daquilo que lhe move. Ao seu tempo, elas fluem, comovem, inebriam, colhem encantados que admiram e invejam esse estado que bate à porta, mas que nem sempre é prontamente atendido.
É preciso peito aberto para aceitar a paixão e ainda que feridas possam vir, você deve ir e vai, porque a falta de controle é tudo que uma pessoa deseja ter. Falta de controle. A mesma que se tem sobre o tempo, sobre o vento, sobre o mar. É preciso abrir as portas para a paixão, ainda que se instale depois aquele vazio que tem mais a ver com algo que foi completo do que propriamente pelo vácuo que possa vir a lhe incomodar.
É a paixão que faz brilhar os olhos que iluminam a alma e tudo que está em volta. As flores nascem para ver, o sol aparece para apreciar, a lua surge para pratear. A paixão faz querer olhar para além da janela e deixar a janela para vir à rua também e dançar com os postes, sapatear a calçada, mergulhar na lama, rodopiar sozinho no meio da multidão sem qualquer receio de parecer louco. Na verdade, você não liga muito para o que dizem ou para o que vão pensar. Você é a paixão e ser apaixonante lhe basta.
Sim! A paixão é cheia de incertezas que lhe dão a tal certeza de que nem o incerto é capaz de lhe paralisar, pois o incerto é apaixonante e apaixona não saber o fim da história. Melhor é escrevê-lo, vivê-lo, com a intensidade que vier e que geralmente, por mais que exageremos, nunca vem na proporção que imaginamos.
Não! A paixão não lhe garante o tal final feliz, mas é tão bom viver o meio. Ser o meio para que os cometas viajem, ser o meio para que o coração sossegue e as mãos acenem. Saborear o meio que é o que preenche a história e a permite chegar ao fim. Ou você acha que o fim vem sem um meio. Só o começo não é o bastante.
Talvez! A paixão é repleta do talvez. Talvez diga sim, talvez diga não. Talvez eu deva, talvez eu não deva. Talvez eu case, talvez eu tenha filhos, talvez eu consiga chegar ao amanhã, talvez eu adormeça nos seus braços. Esse talvez que é a total falta de garantias. Hoje você está aqui, amanhã talvez ainda esteja. Talvez não. São tantos talvez elevados a nonagésima potência. A paixão é um monte de talvez. Talvez que não acaba mais. E, talvez por isso, a paixão seja tão desejada, cobiçada, invejada. Porque a paixão move as pessoas, dão a elas a mais verdadeira de todas as esperanças. A confiança em si mesmo e nas pessoas, a fé no mundo... É o que torna tudo mais apaixonante, desde um dia comum a um café na padaria, do trabalho mecânico ao escrever uma poesia. E, tudo, sem qualquer garantia. Nada é garantido, afinal as estrelas podem estar mortas, as conversas confidenciais reveladas, mas nada disso importa, porque ainda que a paixão seja o friozinho gostoso, a tensão do inesperado, ela não é temor, não é medo, mas coragem que faz a alma saltar do corpo para revelar de fato quem se é. Talvez, um desconhecido, mas certamente um desconhecido que lhe apaixone tanto quanto aquilo que lhe faz saber o que é paixão.
Quem não se apaixona, quem não se permite a visita da paixão, não vive, apenas passa pela vida sem nunca entender bem o que faz aqui e o que é a vida. Celebremos a paixão e a convoquemos sempre para entrar nos nossos dias nos fazer assim, apaixonantes, contagiosos. Afinal, você sabe que o que move o mundo é...
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