Palavreando: A ilha

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
por Jornal A Voz da Serra

Castelos de areia derretem à 1ª invasão. A sua solidez não é tão sólida quanto a solidão. O mundo é cruel quando se revela sem sobrenome e fantasias. Estamos encurralados numa ilha perdida no imenso universo. Estamos perdidos à procura daquilo que queremos achar, seja o que for o que procuramos. Não sei se é a Rosa de Hiroshima ou se o simples Canto do Cisne. O que procuramos parece tão difícil de achar que acredito que já achamos. Só não nos atentamos a acreditar que o achado pode ser menos complicado do que se imagina. Mas somos despercebidos. Acima de tudo, não vemos o que estamos perdendo...

Alivia-me a dor e a descrença que se encerram sobre mim. Calar-me, não posso! Embriagado, digo: há momentos em que sou tudo, há instantes que não sou nada e na soma dos momentos e instantes é que escrevo a minha história. E é assim com todos nós, habitantes deste estranho ninho de pássaros, vermes, leões e cobras. Nesta ilha repleta de poucas verdades, muitas mentiras e algumas anedotas.

O amanhã é tão distante, o ontem é perturbador e o hoje é invasor. Na linha do tempo disputo o comando do meu destino. E o meu destino é tão despreocupado quanto avassalador. Sei o que quero! Mas não sei o que será de mim! O que será de nós?

Queremos saber, mas não ousamos sentir. Clamamos por igualdade, mas não aceitamos dividir. E nessa ilha de terror e fantasia, terminamos sós, isolados em nossos corações fechados e flechados pelo irônico pecado de ter e não ser.

Estamos perdidos porque perdemos um ao outro a cada novo segundo de indiferença. Nessa ilha todos choram, todos sofrem. Os que comem e também os que esbanjam. Pois no fim, na praça disputada com os pombos ou nos banquetes entupidos de conversa chata, todos estão sós. Tanto praça como banquete podem estar distantes, mas moram no mesmo lugar... Nessa ilha insana e indiferente. E o lugar não é o problema, mas quem habita o lugar.

Os idealistas morrem na esperança frustrada. Em poucos sobrevive a mesma esperança que assustada busca forças para renascer. O poder se afasta daqueles que o caçam, mas veste-os de vaidade. E a vaidade cega, pena que não cala.

O que estamos procurando? Será que ainda estamos procurando ou desistimos? Um motivo! É disso que precisamos! Regidos por um motivo, avante! Prossigamos! Mil anos de procura, séculos de espera. Descobrir-se, mais do que se importar! Ser mais do que ter. E pisaremos na indiferença que assola essa ilha. E descomplicaremos. Desataremos os nós desses fios que nos amarram e impede o movimento rumo ao encontro de nós mesmos. Já nos achamos e do que mais precisamos além de nós mesmos? Estamos encurralados nessa ilha, mas estamos juntos. Nos importamos com a ilha e com os outros!

Castelos de areia derretem. Palavras são levadas pelo vento do tempo. Homens morrem e ideais são vencidos. Porém a fé perdura. Mesmo que atropelada pela indiferença, a fé se mantêm! Abra os olhos de sua alma! Essa ilha está afundando. Nessa ilha estamos vivendo para morrer. Estamos aqui para algo mais. Para intuitos maiores. Estamos juntos. Não podemos ficar sós!

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