Palavreando - A força da vida

Por Wanderson Nogueira wandersonnogueira@gmail.com
sexta-feira, 19 de abril de 2013
por Jornal A Voz da Serra

O vento faz barulho lá fora. Varre as folhas, carrega também as mágoas que paralisadas no chão se esvaem na força do tempo que gira e tudo transforma. O novo fica velho, o que é são – caduca. E, as várias versões de tudo se fundem e findam a discussão acerca do que é melhor e do que é pior - para apenas ser realidade.
É real o vento. Mais real do que o azul que pinta o céu. É real a vida, ainda que nem tudo possa se resumir à vida real. São as fantasias que colorem a alma e são seus adereços que constroem a história. A vida é pele, mas também é roupa na pele que apela para ser tirada, deslumbrada, reinventada em palácios, casebres e castelos que dão enredo aos dias.
Tem força aquilo que a gente quer. Tem mais força ainda aquilo que vem do coração. E a gente inventa um monte de histórias para escrever apenas uma biografia – a nossa! Nesse mundo... Nesse tempo e não em outro! Quem disse que teremos outras chances? Essa chance, a chance de agora é garantida, ainda que indeterminada por quanto tempo. Não há razão de arriscar que irá até ano que vem. Talvez, nem amanhã... 
O mar tem melodias estranhas. Avulsa é sua forma de cantar. Pode ser calma a canção, tanto quanto pode ser assustadora. As ondas aclaram o que do mar foi tomado e invadem aquilo que já não é seu, ainda que por direito. A natureza tem a sua própria forma de mostrar que a vida é um vem e vai que faz o planeta girar e que nada, absolutamente nada é definitivo. Porque se definir como algo estático? Tudo evolui, ainda que evoluir seja, em algumas ocasiões – retroceder. E é preciso muita valentia para voltar atrás. 
Coragem para amar! Liberdade para escolher! Serenidade para reconhecer! Se voar não é possível, ande para viver! Mas viva, pois a vida tem força, mesmo quando o tempo não é seu aliado. O tempo não é aliado de ninguém e sempre exige certa urgência, pois sábio ensina que a maior de todas as urgências é ser feliz!
Para isso, fidelidade ao que se sente. A mais importante das fidelidades é a que se tem a si mesmo. Pode parecer estranho, mas é muito comum não ser fiel a si mesmo. Deixar de fazer isso ou aquilo por medo, pelo que os outros vão pensar, por ser aparentemente mais fácil. Escolhas fáceis dificultam a felicidade. Escolhas certas, por mais difíceis que possam ser, escrevem biografias mais agradáveis, biografias que fazem merecer a sua leitura.  
Não basta apenas ouvir o coração pulsar. É algo único ouvir além do órgão e, de repente, encontrar a força da vida nas perguntas que faz e que não têm respostas. É preciso falar também com o coração, manter conversa, conduzir o comprimir e exprimir do motor para experimentar até onde vai a sua velocidade e o quanto é preciso o seu freio. Ninguém falou aqui em comando, mas em consenso. Consonância com o ritmo do vento que leva nossos sonhos e, de repente, traz de volta o menino que fomos ou somos, mas esquecemos... O menino, de repente, retorna em um aviãozinho de papel.  
A força da vida se sustenta na história que escrevemos, ainda que nunca no imperativo. Nem sempre somos autores das escritas que saem por aí. Toda história depende das pessoas que nos acompanham, e, certamente não nos acompanham por acaso. Elas entram nas nossas vidas e nossas vidas entram nas delas porque algo de especial precisa ser cumprido — senão que graça teria a viagem? O vento nos auxilia. Escrevemos e outros escrevem por nós a nossa história, tanto quanto escrevemos na história daqueles que nos permitem compartilhar.
Estamos aqui. Ainda que com inquietações momentâneas e com a filosofia de tudo perturbada em alguns instantes, não é preciso insistir veementemente no entender do porquê de estar aqui. Estamos aqui, sendo essência dessa força que move a vida!      
As épocas mudarão, hão de existir a todo tempo inúmeros tipos e formas de amor, com revoluções necessárias clamando por coragem para cumprir os tais destinos que mudam o mundo. Haverá como sempre houve dor, mas também prazer por fazer o que é certo. E impressionantemente a história se repetirá com nós mesmos, ainda que com enredos diferentes, mas sempre com o mesmo âmago: sofrer, sorrir, se dar sem perceber, desperceber para se permitir, perceber para se diferenciar e ser feliz! Eis, assim sem enfim, a força da vida! 

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