Palavreando - 5 de junho

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 04 de junho de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Letra e Música

(dedicada ao amigo irmão Filipe)

Foi ontem que te conheci, mas parece que já te conheço há muito tempo. E os dias passam e a certeza que te conheço desde que nasci se intensifica ao ponto que é verdadeira a sensação que ao nascer te reencontrei e ao te ver te redescobri.

E é bom no meio da multidão intrépida ter alguém de que se gosta, que se ama, de que se promete cuidar ainda que haja afastamentos momentâneos. É promessa que aniquila o que é vão e se aproxima e se confunde com fé impossível de ser duvidada.

Mas também é por vezes dolorido no meio do mundo ter certa dependência daquele alguém em que se confia e se respeita pelo amor dado e recebido, ainda que se tenha sem precisar possuir e se doe sem necessariamente atender a pedidos de oferendas. É uma dor suportável, pela crença de retorno após cada partida. Mas instala uma tristeza nostálgica pelo momentâneo vazio que fica, apesar da comedida felicidade que surge pelo natural fato de que algo o completa e por isso faz falta e também pleno.

Pleno na alma e completo no destino. E após tantas coisas miúdas e grandiosas que compõem esse misto de poema e música estar junto pelo simples interesse mútuo de compreender-se sem precisar entender e acima de tudo, de se fazer feliz!

Quando alguém se compromete em fazer alguém feliz, Deus sorri no céu e se tranquiliza. As estrelas fazem baile pelas galáxias e os planetas dançam a valsa das nebulosas. Os mares, apaixonados, entram em erupção e os peixes se divertem em cirandas de vento. As nuvens fazem desenhos que se compreendem facilmente. Os segundos se motivam a juntos fazerem minutos e os minutos horas e as horas dias e assim por diante até o mundo encontrar seu motivo para girar, se transformar e prosseguir suas voltas em torno do Sol...

É um compromisso selado com o olhar e que desliza por todo o tempo sendo o tempo testemunha do início, do fim até o reinicio em que se reencontram e se redescobrem para se fazerem felizes novamente.

E assim, confirmamos em abraços de paz a fé inabalável que temos um pelo outro, prontos para fazer um mundo dentro desse imenso mundo, tendo as multidões como plateia e a espera como espectador que torce para se inexistir. E em poema feito música estabelecemos o pacto firme da amizade que avança ao infinito, pronta para realizar sonhos um do outro, unindo estrofes e refrões, até ser feliz para além da felicidade que não cabe em si...

Unidos como letra e música ao ponto que um não faz sentido sem o outro. Se um falta, a música não se faz porque ela precisa de letra e a letra de melodia. Distantes, é como se ainda que tivesse tudo, faltasse algo. E é assim que fico sem a sua música e é assim que fica a música sem a letra... Manca, torta, sem alma e sem coração, sem a essência que nos torna essenciais.

E não troco uma tarde de conversa com você por nada, porque adoro conversar com você sobre qualquer coisa e estouram fogos de artifício no meu peito cada vez que rimos juntos de tudo e também de nada. Estar com você me deixa em estado de perfeição ao ponto que divido com você o meu desejo e te convido a comigo pescar estrelas. E se não fisgarmos nenhuma, pelo menos teremos a certeza de que na companhia um do outro encontramos a paz de quem confidencia segredos e sentimentos. É! Amo vê-lo no palco tanto quanto amo cada vez que deixa o meu nome de lado e me chama de irmão. Tenho orgulho de dividir esse tempo e espaço e esperança de dividir outros espaços-tempos em que você cantor me faz poeta e poeta e cantor somos irmãos.

E assim é antes mesmo dos céus se abrirem e dos mares se dividirem. Te conheço e reconheço nossa amizade antes do big bang, antes do principio de toda existência. E o que parece se finca como certeza, sendo ontem séculos passados e o amanhã eras futuristas que não se preveem, porque ainda que tenha te conhecido há pouco, te reencontro ao nascer e te redescubro cada vez que me junto a você, seja em qual tempo for, da maneira que o destino trace, pois é certo que nos reconheceremos no meio de tudo sempre... Afinal, eu sou poema e você música, e, música se faz poema e poema música. E assim, com muitos títulos e temas, invariavelmente feitos de verdade, pela verdade inabalável da fé que nutrimos, um pelo outro, escrevemos e cantamos a nossa amizade que ao nos fazer irmãos nos tornam letra e música da mais bela canção.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade