Palavreando - 4 de julho

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 03 de julho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

A lista

É comum no mundo moderno mergulharmos em fábulas urbanas e anotar no papel aquilo que desejamos fazer e ser! As tais listas do que temos que fazer antes da morte! Fazer uma lista pode parecer americano demais, mas talvez não seja humano de menos.

Há algum tempo ouvi dizer que o agora é que muda o mundo! Isso se tornou pra mim uma convicção! Não que eu coloque a carroça na frente dos bois, como diria minha avó. Sim! A vida requer, sim, passos medidos, planejados, mas não dá pra passar a vida inteira esquematizando e nada fazendo. A vida está aí, pendurada bem à nossa frente e não precisa ser enfrentada como uma tarefa árdua, precisa ser vivida e já! Assim se há uma lista por fazer que se faça, mas que se a coloque em prática, afinal, sonhos sem ação, são apenas sonhos, eternamente sonhos!

De todas as incertezas da vida, há uma certeza absoluta e incontestável: o tempo que temos aqui é findável. Essa certeza nos invade, pois a vida tem um começo e ao começar tem também um fim e isso é inevitável. Todos nós, ricos, pobres, brancos negros, vamos morrer. Mas também é certo que todos nós, novos, velhos, homens, mulheres queremos ser felizes! Não há fórmula mágica para alcançar a felicidade, assim como não há uma forma única de ser feliz. Cada qual escolhe seu modelo de felicidade e muda diante dos seus momentos. Dessa forma, vivências e momentos mudam nosso jeito de querer ser feliz! Não há problema algum em fazer uma lista das coisas que se tem de fazer nessa vida! Pois ela é única e não foi dado o direito a ninguém de julgar o modo que o outro busca ser feliz! Mas ao fazer uma lista, não deixe de cumpri-la e já! Porque a vida é ligeira e anotações em papel são apenas anotações em papel se não servirem de modelo e prática, hábito!

Se não me engano, um escritor cubano foi o primeiro a lançar a ideia de três coisas que não se pode deixar de fazer em vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Provavelmente, muitas listas terão essas três exigências.

Nos filmes, e são muitos, há histórias magníficas com as tais listas. Recordo-me de dois mais recentes: Antes de partir e Um amor pra recordar. No primeiro, entre as peripécias de dois melhores amigos com doenças terminais estão: testemunhar algo grandioso; ajudar um desconhecido desinteressadamente; rir de chorar; beijar a garota mais linda do mundo; fazer uma tatuagem; pular de paraquedas; ver as pirâmides. No filme Um amor pra recordar: testemunhar um milagre, estar em dois lugares ao mesmo tempo, fazer uma tatuagem, ler uma série de cem livros, descobrir uma estrela, entre outros. Todas as listas de todo mundo que se atreveu a sonhar e agir terão alguns desses objetivos. Por mais que nos diferenciemos um dos outros, nossos desejos não diferem tanto assim e por mais que cada qual tenha seus atributos para a felicidade, geralmente a felicidade se constitui de coisas muito simples, quase sempre tendo que ser compartilhadas com outras pessoas. Talvez porque a vida, sozinho, simplesmente não tenha graça. O filme das nossas vidas precisa de personagens para chorar e rir com a gente. Com-par-til-har. E os filmes de cada um de nós acabam sempre ficando muito parecidos porque todos nós queremos um final feliz!

Pensando nessa comum finalidade de todos, a revista Forbes criou uma versão genérica da lista com dez coisas para se fazer antes de morrer. Fazer uma longa jornada em busca de grande valor moral. Memorizar um poema e passá-lo a diante. Escalar sua própria montanha. Fazer uma refeição boa o suficiente para ser sua última. Ter um inimigo mortal. Perdoar alguém. Ver por você mesmo que a Terra é redonda. Levar alguém que ama a um lugar único. Desafiar a gravidade. E, finalmente, deixar que alguém aproveite a chance que você perdeu.

Minha sugestão: faça sua própria lista no papel ou apenas no seu coração ou não faça uma lista. Independente da sua decisão, apenas um conselho: que o primeiro item da sua lista ou da sua lista inexistente seja: viva já e se possível intensamente! Simplesmente porque o agora é que muda o mundo e a vida é ligeira demais para ser eternamente planejada ou projeto de futuro!

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