Palavreando - 31 de outubro

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Vasco

Eu não sei se o Vasco me escolheu ou se eu escolhi o Vasco, o fato é que sou vascaíno antes mesmo de conhecer a história do gigante da colina, pois se assim fosse escolheria o Vasco e pelo Vasco me deixaria ser escolhido.

E o doce sabor das conquistas se perpetua em novas inesquecíveis conquistas. E eu não sei se o Vasco é gigante por sua natural grandeza ou se é gigante pelo seu acúmulo de glorias que o perseguem desde o início de sua história.

E a caravela é navio de luxo que voa pelos mares de multidões que cultuam o Vasco e carregam no peito e na alma a cruz de Malta. Multidões que cantam de coração norte-sul, norte-sul desse país.

E como se fosse necessário explicar mais uma vez, o Vasco é glória que nasce, cresce, não envelhece e renasce de tempos em tempos... Até mesmo os escolhidos por Deus precisam renascer vez em quando. Mas para o Vasco renascer é mais fácil, simplesmente porque sua legião de seguidores sabe que o sentimento não pode parar e o sentimento não para nunca.

E assim, por mares nem sempre tranquilos o Vasco cumpre seu destino de vencedor, de desbravador, de inovador. Sim! Basta olhar a história do futebol para perceber o quanto o Vasco foi fundamental para que revoluções fossem provocadas e transformações fossem concluídas com sucesso. O mesmo sucesso de sempre quando no campo da vida há lá um guerreiro com uma faixa transversal no corpo iluminada por uma cruz de Malta.

E amo o Vasco a expoentes infinitos e entendo sem saber explicar o que significa ser vascaíno. Acho que outras torcidas jamais entenderão e não peço que entendam, nem mesmo aos mais respeitosos aficionados por outros escudos, que amam o futebol e têm o dom de reconhecer. Mas há algo de diferente em ser vascaíno! Não é a elegância, a presunção ou o extremismo, não é a vaidade ainda que nossa história nos remeta a tal situação, talvez seja a fidelidade, o colo, o fascínio e esse amor que não permite que o sentimento possa parar! É! Talvez seja isso! O mais lindo no Vasco e na sua torcida é que não é uma torcida que abandona ou renega, pois seu amor é daqueles que não permitem que o sentimento possa diminuir ou cessar. O sentimento não pode parar! Talvez porque o Vasco seja, sim, essa vibração que não cessa, esse grito que não cala, estejam as coisas bem ou não. Eu não sei, há muitas explicações para esse amor vascaíno, mas não encontro nenhuma que possa resumir todas. Dificuldade bem própria do amor que não é cego, mas que é capaz de paralisar, extasiar, corroer sem fazer morrer, viver ainda que na alegria e na tristeza, mas viver profunda e magnificamente intenso.

E o canto pelo Vasco é eterno e esse eterno ressoa, ecoa, voa pelo tempo até se encontrar com o novo tempo em que os cantos se encontram ao ponto de se confundirem e provarem sem a necessidade de provar nada ou se comparar com outras não menos maravilhosas torcidas, mas também não mais gigantes, de que de fato o Vasco é o gigante, o único gigante da colina! O sentimento não para e é difícil abandonar o Vasco. Difícil não! É impossível abandonar o Vasco. Deixar o Vasco de lado é como se tornar deficiente, mas não se trata de perder um membro do corpo, trata-se de algo mais intenso e profundo, é como perder o coração, a alma, a família. E o Vasco, por fim, é mais do que frases feitas, é mais do que saliva, é bem mais do que um nome na enciclopédia da vida. O Vasco é, pois, essa raça, essa vontade, essa determinação em ser mais do que o destino lhe propõe, é essa gana, essa cruz de Malta, essa caravela que navega pelos olhos dos mais novos e aporta no coração dos mais velhos. O Vasco é essa inspiração pela vida, um modelo de fé e coragem, quase ou mais que uma religião. Colhe seguidores porque na vida se precisa de paixão e não há paixão maior e mais arrebatadora do que vestir uma camisa com uma faixa transversal com uma cruz de Malta incrustada no peito, erguer as mãos para o céu com uma bandeira e gritar apaixonadamente nas arquibancadas da vida: Vasco, Vasco, Vasco!!! Ah! Eu não sei se você me entende e nem peço ou cobro tal compreensão, apenas... Bem, apenas isto é o Vasco e o dom e a graça de ser vascaíno!

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