Palavreando - 3 de outubro

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 02 de outubro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Extraordinário e intenso

Não sei se vi num filme ou se foi Lennon quem me falou: tudo o que não for extraordinário e intenso é perda de tempo. E a busca pelo extraordinário e intenso pode estar no encontro das mãos que se beijam e dos abraços que se olham. Por fim, o extraordinário e intenso pode morar no corpo que nos segura e na alma que nos molda.

Há muita coisa medíocre na vida da gente e o amor não tem que ser mais uma delas. Há muita coisa pela qual temos que mentir e o amor não tem que ser mais uma delas. Há muita coisa por que lutar e o amor tem que ser a primeira delas. Pois sem amor, não há extraordinário, nem intenso, apenas perda de tempo. E quando falo amor não é apenas uma blasfêmia dessas dos tempos modernos em que tudo tem que se resumir a uma só pessoa. Não estou falando de corpo, mas de tudo aquilo que é corpo, mas que também transcende todo o físico. É aquela centelha que lhe acende o olhar e faz você perceber que a imortalidade mora nas histórias que construirá. E não há história que se faça de um só personagem. Você precisa, todos necessitam convidar alguns que lhe farão a história mais feliz e/ou mais triste, mas que tornará a história mais completa. Quando falo de amor, falo daquela ou daquele que será seu/sua companheiro(a), falo do verdadeiro ato de ser pai e mãe, falo daqueles poucos e bons que lhe seguirão pela vida aos quais a própria vida se encarregará de intitulá-los seus amigos, falo do trabalho pelo qual você orgulhosamente despenderá seu único tempo. Sim! Porque o tempo é sempre único e ele corre rápido e mata se você não puder perceber que o mundo está girando e a história está sendo escrita.

E é perda de tempo esperar pelo que é planejado, o amor não se faz em certezas, mas nas surpresas que cada flor apresenta ao se abrir e no que cada nuvem tenta dizer com os desenhos e letras tortas que rabisca no céu.

Não sei quem disse que a certeza é para os tolos, mas quem quer que tenha dito, é um gênio e um tolo. A certeza é para os tolos. A certeza é para os gênios. Mas só os mortais são felizes.

É preciso deixar o peito se abrir como a rosa que nasce sabendo do seu limite temporal, mas surge disposta a sorrir mesmo que por poucas, porém sempre saborosas horas. Neste momento o ato de se abrir é intenso para a rosa porque é intenso o seu ligeiro respiro, a sua rápida chance de ver e presentear o mundo.

E intensa é a vida que é sempre extraordinária, ainda que passe despercebida pelo intenso ato de viver.

O mundo não precisa ser esse caos que pintam. Temos na nossa festa alguns poucos e bons que fazem toda a diferença. Temos na viagem pelos nossos dias a chance de sermos melhores do que supomos. A oportunidade está aí como sempre esteve! Há quem queira nossas mãos, há quem dedique o seu tempo a nossas manias e inquietações. Há incertezas que nos acolhem porque a vida precisa ser incerta para ser saborosa. Há tanto por aprender com a simplicidade de ser feliz que há muitas possibilidades e probabilidades de ser intenso como a chama que nunca se apaga e extraordinário como a lágrima que não se estraçalha. E somos nós os responsáveis pelo tamanho da intensidade que o extraordinário pode fazer com nossas vidas. São sempre as escolhas que definem o quanto podemos atingir tal transposição do que é só físico para vislumbrar na nossa limitada forma humana o que é ser eterno e inesquecível. E não estou interessado e nem quero saber quem disse ou onde ouvi que tudo o que não for extraordinário e intenso é perda de tempo. Porque tudo que não for extraordinário e intenso, intenso e extraordinário é perda de tempo e não dá para perder tempo com suposições, é preciso viver, é necessário ser extraordinário e intenso sempre e nesse agora que não se adia para se perpetuar intenso e extraordinário.

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