Precisa-se de idealistas
A nossa sociedade está pobre, podre, doente... Procuram-se idealistas. Precisa-se de idealistas. Daqueles que entregam a própria pele por aquilo que acreditam. Daqueles que sentem a alma ferida quando seus direitos são surrupiados. Daqueles que se sentem assassinados quando sua voz é calada. Daqueles que amam não por obrigação, mas que amam ao ponto de darem a própria vida por uma verdade. Daqueles que tomam partido e absorvem a dor do outro quando uma injustiça é cometida. Daqueles que ainda que apunhalados mantêm-se firmes no campo de luta à espera do sol. Daqueles que sonham com a ternura ainda que a guerra seja evidente e usam a sonhada ternura como espada e escudo. Daqueles que entre a escolha fácil e a certa fazem o que é certo, agem como se deve agir e acima de tudo fazem, não ficam parados à espreita de tudo. Procuram-se idealistas. Precisa-se de idealistas! Idealistas que não fogem da raia, mesmo quando todos os poderes obscuros tentam corrompê-lo, afastá-lo da causa, derrubá-lo. Daqueles que lutam até o fim da batalha e fazem da batalha sua própria vida e da sua própria vida um manifesto contra tudo aquilo que vilipendia o povo. Daqueles que se mantêm na trincheira de suas próprias verdades até o fim e não saem mudando de lado, como se muda de roupa. Precisa-se de idealistas e o mundo clama por isso, porque nunca o mundo precisou tanto de gente assim para combater os oportunistas, combater aqueles que fazem uso indevido da moral e que vomitam a ética como se a praticassem. Combater a todos aqueles de ocasião que se levantam com falsidade e golpeiam a verdade em favor do que é injusto, imoral e perverso. Combater todos que jogam para a plateia e nada fazem. Um dia, esses cairão, pois a plateia que aplaude é a mesma que vaia.
Um idealista é acima de tudo alguém que sente indignação perante uma injustiça cometida, diante de um direito roubado ou de um dever não cumprido.
Um ideal pode evoluir, mas não ser abruptamente trocado por poder fácil, por benefícios para si em detrimento das grandes causas coletivas. Idealistas lutam ainda que a batalha pareça perdida. Sobrevivem, mesmo que a morte pela causa os acometa ao chão, porque um idealista não se importa em ser coroado em vida, mas se glorifica na história. Faltam líderes em todas as esferas, municipal, estadual e nacional, porque faltam idealistas. Sem ideais, não há liderança. Desde o momento em que ser idealista é um defeito, não sei, acho que algo está completamente errado: o homem ou o que o homem pensa que é.
Um idealista é acima de tudo um praticante de suas convicções, propagador de suas ideias, refém dos hábitos que prega. É alguém que ama tanto ao ponto de deixar-se de lado pelo que acredita. É alguém desprovido de grandes vaidades e que não teme ainda que o apavorem e ainda que se apequene perante as missões hercúleas. Ao contrário, um idealista joga fora as vestimentas da arrogância e presunção e se agigante ao tamanho da luta que se interpõe à frente dele. Um idealista luta até o fim, nunca esperando o fim porque quando uma batalha termina outra começa, pois a plenitude é algo difícil de se atingir e um idealista sabe disso ao ponto que não se desmotiva quando sua vitória não significa o fim da jornada ou a completa conquista de tudo que acredita.
Idealistas do mundo, escondidos pelo medo, pela pobreza de espírito, sucumbidos e sufocados pela indecência quase pornográfica daqueles muitos que estão no poder, levantem-se. Procuram-se idealistas. Precisa-se de idealistas. Mais do que ontem, menos do que amanhã quando se levantarão tantos idealistas que o mundo começará a ser transformado. Precisa-se de idealistas. Daqueles que não precisam ver para sentir e que com esse sentimento se movem com uma causa no peito para transformar o mundo.
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