Palavreando - 22 de agosto

Por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Dias bons, dias ruins

Quando os dias são ruins e não consigo entender o papel que tenho no mundo é que evoco os dias bons, buscando uma melhor compreensão de tudo. Vomito malcriações, palavrões. Descarrego o peso das horas em poesias vãs, passageiras. Quem disse que tudo tem que dar certo sempre? Quem garante que a chuva não molhará? Quem entende da vida? Quem sabe melhor o que se sente do que aquele que está sentindo, naquele momento, daquela forma, com aquele jeito? Por isso, sentir é tão solitário. Ninguém sente o que a gente sente como a gente sente. Ninguém, por mais que queira, pode sentir o que sentimos, seja o peso da dor ou a leveza da paz. Cada um tem um jeito de amar, de ver e viver cada instante. Cada um é único nessa trajetória obrigatória de dias bons e dias ruins.

Minha verdade é minha! Sua verdade é sua! Meu mundo é meu! Seu mundo é seu! Porque a verdade do mundo é exclusiva para cada alma, é singular para cada ser. Por isso, é preciso colocar a cara no mundo, sem medo de levar na cara, sem receio de ser esbofeteado! Porque esteja você lúcido ou sóbrio, haverá dias bons, você terá dias ruins.

Somos heróis do cotidiano, sou um leão entre os leões, somos a vida que quer sair, sou a vida que despista a morte sempre. Somos heróis normais, sou um vilão incompreendido. Sou a desculpa esfarrapada, a certeza violada, o quinhão. Dias ruins sobrepõem os bons. Dias bons aniquilam os ruins. A vida não é uma linha reta e o tempo pode demorar a dar razão.

Queria ser sempre a poesia abstrata, mas também sou arranhão. Sou a vida que um dia será morte, todas serão! O mundo me engole e quando tento engoli-lo - engasgo. Não é fácil ser exército de um homem só. Mas o que somos afinal? Ninguém irá te salvar! Ninguém vai entrar por aquela porta para decidir por você, ainda que chegue com flores na mão e canções no violão. As flores e a canção são argumentos, mas o que você faz dos argumentos...

Há coisas que valem a pena, outras nem tanto, mas como diferenciar o doce do amargo sem experimentá-los. O tempo é um risco de riso ou choro sempre iminente. Momentos marcam, partidas doem, surpresas alegram, decepções ferem. Caminhos se abrem e se fecham na proporção de um piscar de olhos. Palavras dizem, ideais sucumbem, mágoas ficam, sonhos também. Caminhos se abrem e se fecham na proporção do intervalo entre um passo e outro. Porém, das coisas ganhas e vividas, nada absolutamente nada deixa de ser seu.

Experiências, palavras, amizades, amores todos têm. Mas na sua perspectiva, só você pode reconhecê-los e do seu jeito com o seu modo de ver e viver as coisas. Porque a vida é sua e de mais ninguém. Ela é sua única chance de fazer por si mesmo e só você pode fazê-la mais feliz ou menos triste. E assim, dias bons se misturam aos ruins e é preciso seguir, sempre! É difícil passar pelos dias ruins? Sim! Ninguém disse que seria fácil! Não é possível pulá-los, adiá-los, ultrajá-los, despercebê-los. São eles que fazem nascer o desejo pelos bons. São os dias ruins que permitem que possamos reconhecer e agradecer pelos bons. Os dias bons e ruins estão ali na prateleira da vida, ou você apanha eles ou eles roubam você.

E dias bons vão se misturar aos ruins e é preciso seguir sempre!

No papel de cada um no mundo, hoje, talvez, sejamos apenas rascunho. Mas um rascunho pode sonhar em ser um livro amanhã. Por que não?

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