Palavreando

por Wanderson Nogueira
sexta-feira, 02 de maio de 2008
por Jornal A Voz da Serra

O maior amor do mundo

Qual é o maior amor do mundo? O amor pode ser mensurado? Existem tipos diferentes de amor? O amor existe, afinal? Respondo usando o mesmo recurso: sim e não.

Você deve estar questionando: e a primeira questão, “Qual é o maior amor do mundo?”. Não responde! É verdade. O recurso do sim e não, não cabe à primeira e mais importante pergunta, objetivo primordial deste texto-declaração-filosofia ou qualquer outra coisa que você pode classificar como quiser. Aceito o desafio e, em linhas tortas e talvez provocadoras de ciúmes, tentarei responder acerca do maior amor do mundo (mas, discorde só após desbravar a última palavra).

O tempo não é tão cruel quanto pintam. Crueldade é não aproveitar o tempo que temos para observar o que nos circunda e se entregar por inteiro às horas que furiosas correm. Com os dias aprendemos e desaprendemos. Descobrimos e redescobrimos. No antagônico destino de tudo o que fazemos e somos, ganhamos raízes que, nunca por acaso, nos fixa num terreno glorioso, onde crescemos para o alto, até atingir as estrelas. Essas raízes se cruzam a outras, nem sempre iguais, se fortalecem e se tornam fortalezas, que nos servem para a qualquer momento recobrar os sentidos, a força, a alegria de viver... Para prosseguir.

Não há quem possa viver só consigo mesmo. Não há quem possa crescer sozinho. Jogados ao mundo como átomos perdidos estamos à procura de um lugar onde essa fortaleza resplandeça. Em cada passo, se olharmos bem, inúmeras fortalezas se abrem para que nela entremos e se revele, então, o sentido de tudo. O engano acontece e uma fortaleza pode ser pântano perigoso, mas a verdade sempre vem mais cedo do que mais tarde. Você sobrevive vendo melhor do que poucos, mas sinceros; do que muitos, mas superficiais amores.

O maior amor do mundo é simples como poucas palavras. É brilhante como olhar apaixonado. É confortante como 30 ou poucos segundos a mais de abraço despreocupado com todo o resto. Não se resume a um, mas persiste em alguns.

A amizade é o mais bonito sentimento humano. É o que mais nos aproxima de Deus. Dela advêm as melhores histórias de qualquer biografia. Requer entrega maior do que a de um casamento, maior desprendimento do que a de ser chefe de família, mais esforço do que o aplicado no trabalho, porque amizade não tem nada a ver com obrigação ou recompensa. Amizade tem a ver com total sinceridade e absoluta necessidade de se estar junto, seja para conversar, escutar o silêncio, para qualquer coisa que no fim das contas retornam a tal busca pela alegria de viver. Amizade é procura conjunta que forma linhas inquebrantáveis para a costura da alma. Talvez o que mais se aproxime do real conceito de almas gêmeas.

Um amigo é para sempre e uma amizade de verdade não é tirada de ninguém, mesmo que os olhos se fechem e a vida cale. Porque das lembranças os frutos revivem e a fortaleza, mesmo que apagada ressurge, porque as estrelas voltam todas as noites.

Se os casais fossem mais amigos, se os pais fossem mais amigos dos filhos e os filhos dos pais, se nós fôssemos mais amigos de nós mesmos, o mundo não estaria tão doente e a tristeza não tomaria guarda de tantas vidas. O maior amor do mundo está na amizade e na amizade estão todos os ingredientes para fazer de qualquer tipo de amor o maior do mundo.

O amor pode ser mensurado? Existem tipos diferentes de amor? O amor existe, afinal? Sim para todas as perguntas, desde que nelas exista a amizade. Não para todas, se a amizade não persiste. Porque a amizade resiste a tudo, mas, como uma planta, também necessita de cuidados, água, luz, terra, compreensão, paciência, alegria de viver. E isso só o maior amor do mundo pode dar!

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