“A cultura foi atingida.” Assim se manifestou a coordenadora da Usina Cultural Energisa, Elizabeth Maldonado, ao ser informada do furto do painel de publicidade que era utilizado para anunciar as atividades ali realizadas e se encontrava na parede que fica do lado da Rua Dante Laginestra, na esquina com a Praça Getúlio Vargas. O painel foi arrancado e ficaram apenas os furos na parede, agora vazia.
Para a coordenadora, o furto do painel é um fato não somente inusitado como também preocupante. A ausência do painel foi percebida na quinta-feira, 25, por volta das 14h, quando o funcionário da Usina passou pela lateral do prédio e deu pela falta da estrutura de ferro onde os banners de divulgação dos eventos ali promovidos ou patrocinados pela Energisa eram fixados—banners de 3m x 2m.
E Elizabeth deixa uma pergunta no ar: “A quem poderia interessar tal estrutura, a ponto de correrem o risco de serem pegos em flagrante, pois a colocação exige pessoal qualificado e toma um tempo?”. Portanto, imagina ela, esse furto deve ter ocorrido na madrugada. A coordenadora observa que a estrutura foi arrancada, como se pode concluir pelo estado da parede. E um boletim de ocorrência está sendo providenciado na delegacia de polícia.
Para Elizabeth, este é um fato inaceitável, pois o prédio abriga o único centro cultural da iniciativa privada em Nova Friburgo, que há 11 anos promove ações culturais de artistas friburguenses e convidados de outras localidades e, justamente na estrutura furtada, eram divulgadas essas ações.
Na opinião de Elizabeth, a cultura foi atingida, pois a Usina Cultural foi palco de tantas atividades culturais, oficinas, exposições, sem que se esqueça que também chegou a abrigar o Departamento Pró-Memória, a Fundação D. João VI, da municipalidade. E a preocupação da coordenadora se fundamenta no perigo de que outros imóveis também possam ser violados, públicos ou particulares.
Ainda declarando sua indignação com o fato, Elizabeth Maldonado fala de um sonho que acalenta: a formação de uma guarda noturna, que possa zelar pelo patrimônio friburguense, principalmente os tombados, como o da Usina Cultural e os demais da Praça Getúlio Vargas. Enquanto isso não acontece, ela chama a atenção dos proprietários para que fiquem alertas quanto à segurança de seus imóveis.
E Elizabeth encerra citando um fragmento do poema “No Caminho, com Maiakovski, de Eduardo Alves da Costa: “[...] Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem; pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. [...]”.
Deixe o seu comentário