Painel com cinco mil bonecos e escultura multicolorida em pedras portuguesas reunidos na exposição “Favelas”

A exposição “Favelas”, de Alex Brazil, é constituída de 20 obras, incluindo pinturas sobre tela, escultura de pedras portuguesas, registro fotográfico de intervenções urbanas e objetos confeccionados com brinquedos. As curiosas peças podem ser vistas no Sesc até dia 14, com entrada franca. Destaque para o painel com cinco mil bonecos, devidamente nomeados, com nove metros de extensão, que é ampliado a cada edição da mostra. “Minha meta é chegar aos dez mil bonecos”, afirma o artista plástico, que estudou desenho, pintura e modelagem em cursos livres ministrados pela Prefeitura de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense no qual nasceu. Uma novidade desta nova montagem da exposição, que já percorreu diversas cidades fluminenses e bairros cariocas, é uma instalação chamada “Urbana”, com 350 embalagens e caixas de papelão. 

“Desta vez direcionei o meu olhar para o outro lado da cidade e descobri que existem pequenas cidades dentro das cidades. Observa-se que as cidades e as relações sociais que acontecem nelas hoje é consequência do desenvolvimento do planejamento urbano, provocando mudanças das relações sociais, na medida em que os habitantes se isolam em seus pequenos redutos, suas casas”, comenta Alex Brazil.

Outra atração da mostra que chama atenção é uma pintura multicolorida em pedras portuguesas que, quando empilhadas em um monte, forma um mosaico cromático que remete automaticamente às favelas cariocas. A técnica utilizada sobre os pequenos blocos de pedra, com pintura acrílica, utilizada por Alex Brazil, leva a uma leitura em três dimensões. Além da pintura, pode ser utilizada para criar esculturas, totens ou objetos decorativos. 

 “Aos 25 anos, a partir do crescimento de meu interesse por história da arte e da convivência com outros artistas plásticos, passei a pintar telas sistematicamente. Comecei o projeto ‘Favela’ em 2009. Sempre acrescentando novidades. A exposição retrata o estudo baseado na observação da visualidade da paisagem carioca. Apesar do lirismo nas cores, as obras possuem uma carga de drama retratada nos ‘olhos’ do casario. É uma forma de induzir o observador a sentir a dor da realidade invisível”, diz Alex. 

Com a mostra, Alex pretende enfatizar a investigação dos diversos suportes que o permitem trabalhar esteticamente as questões da pintura sem perder o cunho social a que se propõe. Expor uma obra que provoque um olhar poético sobre o cotidiano das comunidades carentes culminará na valorização da sua forma de viver e na autoestima de seus habitantes, acredita o artista plástico.