PESQUISA DIVULGADA ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou recuo na produção industrial brasileira no mês de março. Após uma leve recuperação em janeiro, a indústria brasileira teve em março seu segundo mês seguido de queda, afetada pelo baixo nível de confiança de empresários e consumidores e pela desaceleração da demanda doméstica.
COM O RECUO da produção, caiu também a oferta de empregos no país. Entre jovens de 18 a 24 anos, o desemprego ficou quase todo o ano passado na casa dos 12%, chegou a cair em dezembro para 10,5%, mas em março bateu 15,7%.
HÁ EXATAMENTE um ano, em plena campanha eleitoral para a reeleição, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil havia virado definitivamente a página da ameaça constante de desemprego, exibindo uma das menores taxas do mundo e da própria história. Na ocasião, o governo alardeava que o baixo desemprego era resultado de sua política econômica, ainda que o cenário já apontasse para a paralisação do crescimento e para o aceleramento da inflação.
NÃO DUROU muito a euforia motivada por apostas equivocadas no consumo interno e na intervenção econômica. Agora, em pleno ajuste fiscal, o país se confronta com o crescimento galopante do desemprego, já visível na indústria automobilística, que dá férias coletivas e promove programas de demissão voluntária na tentativa de adiar a catástrofe motivada pela retração do consumo. Já não se sustenta o discurso do governo de que os brasileiros enfrentariam o processo de ajuste econômico com carteira de trabalho assinada e poder de compra preservado.
NO PRIMEIRO TRIMESTRE deste ano, a taxa de desemprego registrou o preocupante percentual de 7,9% — o maior nível desde os 8% registrados no primeiro trimestre de 2013, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo IBGE. Essa medição se torna mais assustadora quando focada no público jovem, que registra 15,7% como taxa de desemprego.
É URGENTE QUE o governo, ao mesmo tempo em que apresenta projetos para equilibrar as contas públicas, também ofereça ao país uma política de emprego, centrada especialmente na qualificação e nos estímulos para que os pretendentes a ingresso no mercado de trabalho alcancem seus objetivos.
O DESEMPREGO é o fator mais cruel da degradação social. Desempregado não consome, sem consumo o comércio não vende e a indústria produz menos, como já se percebe com clareza no setor automobilístico. Toda a cadeia produtiva fica comprometida, com reflexos no sistema educacional, na saúde e na segurança.
TRATA-SE, portanto, de uma ameaça real e iminente, que precisa ser enfrentada com coragem e criatividade pelos governantes e pela sociedade. O Brasil não virou a página da ameaça do desemprego.
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