Pacientes do SUS não têm conseguido medicamento desde novembro do ano passado

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
por Karine Knust

"Os portadores de diabetes receberão, gratuitamente, do Sistema Único de Saúde - SUS, os medicamentos necessários para o tratamento de sua condição e os materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar.” Este é o artigo primeiro da Lei Federal nº 11.347, publicada em setembro de 2006, que assegura a distribuição gratuita de insulina e fita para medição de glicemia a pacientes diabéticos atendidos pelo SUS. No entanto, em Nova Friburgo, quem precisa da prestação desse serviço tem tido dor de cabeça. Isso porque, desde novembro do ano passado, uma das insulinas indicadas para o tratamento do diabetes tipo 1 e as fitas necessárias para o controle da doença estão em falta na farmácia anexa ao Hospital Raul Sertã, onde é realizada a distribuição. 

Márcia da Costa Pereira de Jesus é a atual presidente da Associação dos Diabéticos de Nova Friburgo (Adinf) e mãe de Gustavo, diagnosticado com a doença aos oito anos de idade. Para ela, que também utiliza o Sistema Único de Saúde para adquirir medicamentos para o filho — hoje com 14 anos —, a situação está cada vez mais complicada. "Meu marido foi essa manhã [9/02] para ver se conseguia a insulina e as fitas e a atendente da farmácia falou que, além de não ter, não há previsão para chegar. Nunca ficamos tanto tempo sem a distribuição do medicamento”, afirma Márcia, que também explica que por causa deste transtorno muitas famílias que fazem parte da Adinf têm diminuído os testes glicêmicos diários. "Uma caixa de fitas dura dez dias. No caso de crianças e adolescentes, por exemplo, os testes devem ser feitos, em média, cinco vezes por dia. Sem as fitas necessárias, muitos pais têm diminuído a quantidade de testes. E isso prejudica, e muito, o tratamento. Além disso, a insulina que está faltando é mais eficaz e menos dolorosa. Voltar para o tratamento com outras insulinas é um retrocesso para os pacientes”. 

De acordo com Márcia, a ampola da insulina que está em falta no SUS dura uma semana e chega a custar, em média, R$ 95. Já um pacote com 50 fitas custa cerca de R$ 65 e dura dez dias. Sem a distribuição gratuita, em um mês, os gastos chegam a R$ 575. Descontentes com a falta de respostas concretas sobre a causa do problema e o prazo para a normalização da distribuição, a presidente da Adinf afirmou ainda que um grupo de pessoas irá se reunir essa semana para fazer uma denúncia ao Ministério Público. 

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que "a tira para medir glicemia está com estoque reduzido, porém ainda disponível para o atendimento nos postos. A licitação ocorrerá ainda em fevereiro. A insulina tipo Lantus será entregue nos próximos dias pelos fornecedores. Vale ressaltar que ela não faz parte da Remume (Relação Municipal de Medicamentos Essenciais), entretanto é fornecida pelo Município, na Farmácia Complementar”. 

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