"Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza." Nietzshe
Para celebrar a chegada do outono, que começou oficialmente em 21 de março, o Caderno Light estampa na capa deste sábado um registro especial feito pela fotógrafa Regina Lo Bianco. Trata-se de uma pequena mostra do charme que a estação confere à paisagem friburguense, que ganha um céu de profundo azul para contrastar com as muitas belezas arquitetônicas e naturais como os jardins do Country Clube. Famoso por seu visual exuberante, o local é um dos símbolos do município, além de referência para moradores e turistas.
A foto também evidencia todo o encanto desta época do ano na cidade, quando a luz solar é mais uniforme e deixa tudo mais bonito. Além disso, o período é ideal para quem gosta de apreciar a natureza e as áreas verdes que cercam o município. A pouca incidência de chuvas, aliada às temperaturas amenas, é um convite para caminhadas e passeios ao ar livre, a pé ou de bicicleta. Então, aproveite e curta o que o outono friburguense tem de melhor!
A estação da alma
Nesta edição especial do Light sobre o outono, assuntos como moda, gastronomia e paisagem típicas da estação foram abordados a fim de acentuar todas as nuances deste período que se aproxima. Porém, como foi dito na capa, o outono é uma estação da alma. No calor do verão, falamos das praias, das morenaças ao sol, do sabor dos picolés. No inverno entra o refinamento dos vinhos, das comidas quentes, a elegância das roupas. E a primavera chega com suas flores, cores e o perfume das manhãs. Mas o outono, com o que se destaca? Qual a imagem do outono? Não é preciso responder, essa imagem é unânime. Uma árvore sem frutos e quase seca, com suas folhas amareladas espalhadas pelo chão. Nada de calor, nada de cores vivas. O outono fecha o ciclo dos sóis a pino.
Justamente por ser este período de transição e recolha, onde a natureza entra em processo de luto até que renasce na primavera, o outono nos impele a fazer a comparação entre o ambiente externo e interno. Por fora, o vento ameno, as árvores secas, as noites voltando aos poucos às temperaturas baixas. Por dentro, caímos numa espécie de reflexão, como se a nossa própria alma também deixasse folhas pelo chão, para que pudessem florescer novas primaveras adiante.
A vida é composta por rituais e ciclos, em todas as culturas, crenças e etnias. Desde os índios, com suas luvas de formigas tucandeiras, até o primeiro pagamento de um aluguel após o divórcio. O corpo obriga-se a acostumar-se com o novo. No caso dos índios, por exemplo, o ritual da luva com formigas representa a chegada da vida adulta, onde se pode ser um guerreiro admirado por toda a tribo. Também o casamento, o divórcio, a formatura na faculdade, o primeiro emprego, enfim, os ciclos pelos quais todos nós passamos, que se abrem e se fecham bem diante dos nossos olhos, são processos transitórios que nos transformam e definem quem somos.
No verão, descansamos da vida, embora os dias sejam mais longos que as noites. Somos mais leves. O outono chega como um divisor de águas, trazendo noites compridas, propícias ao recolhimento, à reflexão. É o período de colher os frutos plantados e refletir sobre eles; se fizemos as plantações corretas. No inverno, ficamos em silêncio, que se quebra na primavera, no reflorescer das nossas folhagens.
O outono, portanto, é realmente a estação da alma. É a natureza ensinando que devemos respeitar nossos ciclos — e, principalmente, devemos aprender com eles, e sermos, assim, guerreiros admirados por nossas tribos. Deixemos para trás nossas folhas secas, amarelas e sem vida. Esperemos, então, novas cores, vivas, que certamente virão na primavera.
Deixe o seu comentário