Nova Friburgo tem história e A Voz da Serra escreve essa história, diariamente, há 73 anos. E não poderia ser diferente, quando pensamos nesse caderno especial.
Quantas cidades podem se orgulhar de suas origens? Quantos povos temos misturados nessa terra!
Problemas, certamente temos, e muitos, mas quero falar de pertencimento. A escolha da foto de capa deste caderno especial de 200 anos foi especialmente escolhida, por estar carregada de emoção e simbolismo, por ser a primeira vez da visita de tantos suíços, em nossa cidade.
Me marcou a emoção que senti ao ver nos olhos de menina, tantos “estrangeiros” juntos, falando outra línguas e desfilando em nossa principal avenida. Cena inesquecível, por isso ilustra esse caderno.
Ali, uma mistura de curiosidade por conhecer um pouco mais daquela história e orgulho, ao me descobrir, também, um pouco dona daquilo tudo.
A cidade estava pintada de vermelho, e a bandeira, que não nos era muito comum, estava pendurada em todas as janelas dos apartamentos e casas, e na minha também tinha, junto com a bandeira do Brasil.
Os suíços se divertiam, se emocionavam.
As histórias sobre essa vinda dos suíços, as festas, os churrascos, chegavam de todos os lugares. Eles adoraram a nossa receptividade, nossa natural alegria, nosso calor humano.
Famílias receberam seus parentes recém-chegados e logo descobriram motivos para abraçar primos que não conheciam. E, assim, novas amizades nasceram e se consolidaram.
Outros povos vieram, se juntaram aos que há muito já habitavam essas terras, e assim fomos nos misturando de uma forma especial. De cada um desses povos herdamos suas características. Basta observarmos para reconhecer.
Há quem pergunte: “200 anos para quem?” e eu respondo: 200 anos para nós, friburguenses, que amamos nossa cidade. Que aqui nascemos e para onde sempre voltamos. Que, ao conhecer a saga de nossos antepassados suíços, aprendamos a respeitar e valorizar a coragem que um dia tiveram e perceber esse traço ainda presente em nós, em nossos pais e avós, sejam de qualquer nacionalidade.
Não importam os motivos e quais conjunturas políticas os trouxeram aqui. Essa parte deixemos para os historiadores. A nós importa os que aqui chegaram, ficaram e formaram novas famílias. A nós importa os que desejam nos visitar para estreitar esses laços, e por isso estamos de braços abertos, à espera desse abraço.
Essa história é nossa, não é inventada, é a história de nossa cidade, a primeira criada por decreto real, em 16 de maio de 1818.
Historiadores contam a nossa formação muito bem, explicando os motivos de sua fundação. Mas, para nós, o povo de Nova Friburgo, o que importa nesse justo momento é a emoção de reconhecer nas feições de tantos de nós os traços suíço, libanês, espanhol, italiano, entre tantos outros.
Nossos sobrenomes se misturaram e nosso sangue também. Nossas bandeiras juntas se agitam e é isso o que queremos festejar. Uma cidade não depende de políticos para avançar - se bem que, para chegarmos aos 200 anos, alguns deles se empenharam muito.
Uma cidade é construída por seus moradores, por pessoas.
Nossos cidadãos precisam conhecer essa trajetória, se permitir envolver, se sentir parte dela, e aí sim, usar seu poder político para futuras escolhas. Escolhas que nos tragam pessoas comprometidas com a coletividade, dispostas a preservar o que já temos e cobrar o que ainda nos falta.
Esses 200 anos são para todos nós, friburguenses, que acima de tudo amam sua cidade, e que, mesmo cientes de seus problemas, podem parar por um dia para festejar. Que gritam alto Cardinot, Thuler, Condack, Erthal, Daflon e tantos outros…
Dezesseis de maio é apenas o primeiro dia do nosso bicentenário. “Salve brenhas do Morro Queimado que os suíços ousaram varar” e que hoje os friburguenses querem relembrar e celebrar.
Os primeiros suíços que aqui pisaram, em janeiro de 1819, chegaram para sempre!
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