Em 1849, vinte e nove anos depois da chegada dos sofridos imigrantes suíços ao Rio de Janeiro, foi publicada, na Revista Trimestral de História e Geografia, sob o título Breve Notícia sobre a Colônia de Suíços Fundada em Nova Friburgo, a primeira notícia de que se tem conhecimento sobre a nossa terra. O autor do artigo foi o cearense Tomé Maria da Fonseca e Silva, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Ele, naquele artigo, escreve notas sobre a fundação da colônia, citando dados da proposta apresentada por Sebastião Nicolau Gachet ao Rei D.João VI, a aprovação da ideia, as doenças havidas a bordo dos navios que trouxeram os suíços e o elevado número de mortos durante a viagem sobre o Atlântico. Alguns dos dados numéricos nele citado vieram a ser modificados depois, no século passado, quando foram divulgados os trabalhos de Martin Nicoulin, baseados estes em documentos oficiais dos arquivos suíços, o que em nada diminui o valor do seu trabalho considerando-se as dificuldades de divulgação dos fatos daquele início de século XIX.
O segundo trabalho sobre a Vila de Nova Friburgo, apresentado três anos depois, foi o Notícias das Colônias Agrícolas Suíça e Alemã Fundadas na Freguesia de São João Batista de Nova Friburgo, publicado em 1852 pelo alagoano João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, que aqui, em Nova Friburgo, exerceu o cargo de juiz nos anos de 1850 a 1852 e mais tarde viria a ser presidente da Província do Rio de Janeiro, chefe de polícia da Corte, presidente da Bahia, senador, ministro dos Negócios Estrangeiros, da Justiça e da Agricultura. É um trabalho interessantíssimo em que o autor começa a falar sobre o território de Cantagalo, em cujo distrito a colônia foi fundada. Fala sobre o início da plantação do café na região, da lenda do Mão de Luva e da chegada dos colonos suíços, logo seguida pela chegada dos colonos alemães e dados sobre os problemas e desenvolvimentos da região. Foi o primeiro a se interessar e estudar os documentos existentes nos arquivos do município e contar a sua história.
O terceiro autor a tratar da história da nossa terra foi J.J. von Tschudi, de Glavis, Suíça. Durante a metade do século XIX fez grandes viagens pelo mundo, especialmente pelos países da costa oeste da América do Sul. Em 1857 voltou à América do Sul tendo permanecido longo tempo viajando pelo Brasil. No seu livro “Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e São Paulo” conta, meticulosamente, o que viu no interior destes dois estados usando a condução da época: lombo de cavalos e mulas. No nosso estado, vindo do Norte, da região de Itabapoana, onde chegou pelo mar e de lá foi até Campos, São Fidelis e Cantagalo, tendo tido a oportunidade de se hospedar em várias fazendas de café de filhos de suíços que se deslocaram de Nova Friburgo. De Cantagalo, via Banquete, chegou à nossa cidade, onde ficou hospedado no Hotel Leuenroth durante vários meses, estudando a história da nossa vila e a colonização suíça e alemã. Logo no início da parte dedicada a Nova Friburgo explica a origem do nome Morro Queimado e, em seguida escreve: “Nova Friburgo estende-se numa ampla bacia, emoldurada por montanhas cobertas de densa vegetação e a leste da cidade ( o grifo é nosso) há alguns cumes estéreis e desnudos, rochosos, apontados para o céu”. Aí deve ter havido um erro na passagem das anotações do autor para o seu primeiro livro ou na confecção da edição que possuímos (Edição Itatiaia – 1980) pois, picos desnudos que a nossa cidade possui são: ao Sul o conhecido como Pedra do Cônego ou Pedra do Imperador, a oeste as Catarinas e ao sul as Duas Pedras. Nenhuma pedra desnuda é visível ao Leste da cidade. Fica uma dica para os novos pesquisadores descobrirem a origem do engano que em nada diminui o valor inestimável e a beleza deste maravilhoso e detalhado trabalho.
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