Eles começaram a chegar nas primeiras horas do dia 12 de janeiro, após a enxurrada, quando a cidade ainda vivia o caos. Chuva, lama, enchentes, deslizamentos, feridos e mortos ainda se confundiam com os primeiros clarões do dia. Um dia de susto, espanto, choro e tristeza. Horror. E muito trabalho. Eram os trabalhadores, homens e mulheres das dezenas de empreiteiras e construtoras, que atenderam de imediato ao pedido do governador Sérgio Cabral. Era hora de reconstruir Nova Friburgo.
Muitos deles provavelmente estão conhecendo a cidade pela primeira vez. Não vieram em busca da tranquilidade, da paz serrana, do friozinho, dos rios e montanhas, do cartão-postal. Não. Estão conhecendo o pior de Nova Friburgo, estão no epicentro da maior devastação natural ocorrida no Brasil, mais especificamente na nossa Região Serrana, sendo Nova Friburgo a mais castigada. Não estão a passeio. Vieram trazer a ajuda salvadora.
O espanto com a tragédia logo foi substituído pelas botas, capacetes, pás, tratores, caminhões, numa verdadeira operação de pós-guerra, operários, técnicos e engenheiros compõem um exército de anônimos brasileiros dispostos a refazer a cidade devastada. Choraram com a garganta (muitos não!), estão aqui para cumprir um ritual técnico, porém cheio de calor humano, qual seja, o de dar mais, além do suor do árduo trabalho, um pouco de cada um nesta tarefa generosa de reconstrução de uma cidade querida.
Que preço tem esta invasão de gente simples, despojada de valores materiais, embrenhada na terra, retirando os restos do que um dia foi um lar feliz, uma fábrica próspera, um comércio essencial, uma lavoura produtiva? Breve eles partirão, tão anonimamente como quando chegaram, as botas sujas, alguns fios de cabelos brancos a mais, cansados, mas orgulhosos da parcela de colaboração e do dever cumprido.
Voltem, irmãos, em outra época! Venham com suas famílias conhecer a verdadeira cidade na qual deixaram um pouco de suas vidas, porém, mais cuidada, florida, bela como sempre foi, aberta para receber com todo o coração gente amiga como vocês. Nova Friburgo, fraternalmente, agradece.
Antonio Fernando
(antoniofriburgo@gmail.com)
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