Os friburguenses são felizes?

sexta-feira, 06 de março de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Repare nos olhos, no semblante e até no comportamento das pessoas que circulam pelas ruas da cidade. Você diria que elas são felizes? Ou, ao contrário, parecem sofridas, amarguradas, tensas? Sim, a felicidade é um conceito muito vago, individual e abstrato, mas tem tudo a ver com autoestima e a maneira que lidamos com o mundo a nossa volta.

Nova Friburgo vem passando, há anos, por um processo de esvaziamento econômico e cultural que, naturalmente, se reflete no dia-a-dia das pessoas que aqui vivem. E, convenhamos, não há como ser feliz sem emprego, sem dinheiro, com contas para pagar, poucas opções culturais e de lazer. Mas a verdade é que não precisamos de muito. A vida em Friburgo não é das mais caras, as distâncias são curtas, dá para ir e voltar a pé do trabalho ou da escola. E, o melhor de tudo, temos todo este verde ao nosso redor para curtir.

Mesmo assim, toda hora esbarramos com pessoas que reclamam de tudo, que não sabem valorizar as belezas e qualidades de Friburgo. Em vez de se sentirem felizes, muito felizes, por viverem aqui, esta gente só vê o lado negativo das coisas. Agora, nós perguntamos: será que elas amam, de fato, esta cidade que, se não as viu nascer, as acolheu com tanto carinho? Meio difícil.

O tema dá margem a debates acalorados e renderia horas de conversa. Mas, por enquanto, confira aqui a opinião de alguns friburguenses sobre este tema. E você, o que acha? Afinal, o friburguense é ou não é feliz? Vamos selecionar as melhores respostas para publicar numa segunda matéria a respeito. E-mails para a redação de A VOZ DA SERRA – avs@gigalink. com.br.

David Massena, jornalista

“Não existe receita para felicidade. Felicidade é um sentimento personalíssimo. Eu sou feliz aqui. E gostaria que todos nutrissem ou compartilhassem esse amor por Nova Friburgo. Quando amamos somos felizes! Eu amo o céu de Nova Friburgo, suas montanhas, seu verde, o povo, a paz, a tranquilidade, a qualidade de vida que tenho. Não abro mão daqui. Já morei no Rio, em São Paulo, em Niterói, e não conheço cidade mais linda que Nova Friburgo. Mas, como disse anteriormente, isso é personalíssimo. Cada um com seu cada um. E cada um com sua receita de felicidade.”

Sergio Madureira, secretário de Turismo

“O friburguense é feliz, sim. Não lhe faltam motivos para tal, numa cidade maravilhosa como a nossa. O que faltam são oportunidades para que ele expresse sua alegria e felicidade. Tivemos, recentemente, uma prova disso. Nos primeiros shows do ano, vimos um povo motivado, satisfeito, indo para a rua e participando. Ainda agora também, na fase pré-carnavalesca, o que constatamos foi exatamente isso. O povo quer festa e alegria. Claro, temos problemas. Todos têm. Mas o povo sabe perfeitamente que o pessimismo é pior ainda. E não nos restam dúvidas de que, nesta linha de que ‘turismo é alegria’, o povo friburguense estará cada vez mais feliz e alegre, pois o atual governo está empenhado em promover cultura, entretenimento e lazer, que serão capazes de reerguer a nossa cidade.”

Julio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu, diretor do Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama)

“Eu transito em Friburgo em várias áreas há mais de 50 anos. No Banco do Brasil, esportes, principalmente o futebol e basquete, depois, com muita profundidade, na área da arte e sinto, visceralmente, que Friburgo é uma cidade para que todo mundo seja feliz. Sabemos que a felicidade tem um lado muito forte de subjetividade. Você pode ter poucas coisas e ser feliz, depende muito de seu espírito e ajudado pelo lugar onde você vive. Um lugar como esse, com esta topografia quase ímpar no Brasil e com esta história, talvez a mais rica das cidades do interior do país. Nossa história é rica e deixou aqui este vírus de procura de felicidade. Friburgo me lembra muito duas grandes pessoas. Primeiro, Helen Keller, cega e surda, que disse no fim da vida: ‘Achei a vida tão bela’; e segundo, Anne Frank, judia na época do nazismo, presa no sótão, morta jovenzinha, que deixou escrito: ‘Apesar de tudo eu creio na bondade humana’. Eu vejo Friburgo assim, um pouco Helen Keller, um pouco Anne Frank e um pouco um espaço pronto, maravilhoso, para as pessoas viverem bem. Eu disse num atrevimento literário: “Friburgo, pórtico aberto, infinita beleza, caminho seguro que indica Pasárgada. Se você tiver condições e um olhar bonito, não buscar o pássaro azul lá longe, sabendo que ele está em Friburgo, você será sempre uma pessoa feliz vivendo aqui.”

Nilton Batista, psicólogo

“O friburguense é feliz, feliz, feliz. É feliz por ser montanhês, as montanhas convocando a ir para cima, para o alto, para os mistérios do céu em trilhas de surpresas com as paisagens cambiantes e sempre quer saber o ‘pra lá’ das montanhas. É feliz pela dificuldade de sair da cama, sempre quentinha com o doce calor das cobertas, com o gosto do aconchego, as flores, a neblina... É feliz por seu povo solidário, as saudações do cotidiano ao caminhar despreocupadamente nas ruas de Friburgo, os rostos conhecidos, os ‘oi, olá, alô, tudo bem, como vai’, a permanente sensação de estar em casa.”

Thereza Albuquerque Mello (Pró-Memória)

“Não, não acredito que o friburguense seja inteiramente feliz. Ele está tentando, mas acho difícil. Difícil porque estão cobrindo nossa terra com asfalto, não há mais espaço para o povo. Antigamente as casas tinham jardins lindos, até as mais simples eram muito bem tratadas. Hoje em dia, nas casas que ainda existem, você não vê mais uma flor. Então eu acho que enquanto as flores não voltarem, nós não seremos felizes. Posso dizer mais. Enquanto nossas encostas forem ocupadas, enquanto houver desmatamento e o próprio friburguense desrespeitar sua cidade, quebrando, sujando, nós não podemos ser felizes. Enquanto todo mundo não se conscientizar de que esta cidade é nossa, que nós temos de preservar, amar e cuidar dela, nada feito. O friburguense precisa aprender a gostar de novo de sua terra.”

William Ferro

“Mais do que me sentir feliz de morar em Nova Friburgo por todos os seus atrativos, tenho orgulho de ter nascido nesta cidade, fazer parte de sua história e pertencer a uma família que sempre trabalhou para o seu desenvolvimento. Venho observando, porém, que precisamos de ações de políticas públicas e privadas que elevem a autoestima do friburguense, promovendo uma maior integração de toda a população visando valorizar todo o seu potencial turístico, sociocultural e financeiro. O fato é que hoje em dia são comuns as comparações com tudo o que acontece de bom nas cidades vizinhas, gerando por vezes opiniões negativas sobre Friburgo. Vale lembrar, porém, que a realidade de cada situação depende e muito da própria sociedade de participar e lutar por seu crescimento.”

Marcelo Ventura, empresário

“Se o friburguense é feliz? Claro que sim! Nova Friburgo é uma cidade linda, de topografia abençoada com belas montanhas, rios, cachoeiras e lugares inesquecíveis; recanto de paz interior e expressiva qualidade de vida. Fazer parte desta comunidade é um grande orgulho, um privilégio. Friburguense nato, há mais de 42 anos respiro este ar e sinto o toque desta sagrada terra. Nesta bela trajetória, só tenho a agradecer por tudo o que me foi proporcionado por esta cidade: família, trabalho e grandes amizades. Atrevo-me a almejar uma última coisa, gloriosa recompensa: aqui viver até o fim dos meus dias.”

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