Os focas - 30 de abril a 2 de maio 2011

Por Amine Silvares, Bruno Pedretti e Leonardo Lima
sexta-feira, 29 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Abaixo a segunda-feira!

O calendário é uma questão de consenso. Se todo mundo concordar, a gente espreme mais um dia entre sábado e domingo e exclui as segundas-feiras. Apoia a nossa ideia? Demonstre o seu apoio e mande um e-mail pra gente através do endereço osfocas@avozdaserra.com.br. Com um argumento válido, quem sabe não dá pra criar um plebiscito?

FRASE DA SEMANA

“O Brasil é o único país onde, além de prostituta sentir prazer, cafetão sente ciúmes, traficante é viciado e o pobre é de direita”

Tim Maia

5 PERGUNTAS QUE NÃO MUDARÃO O MUNDO

Entrevistas livres de polêmica (ou não...)

Leonardo Lima

Dalmo Latini – artista circense

Quando você era criança, o que queria ser quando crescesse?

Palhaço (risos).

Se você tivesse um superpoder, qual seria?

Olha, sinceramente não sei qual superpoder gostaria de ter. Mas, se pudesse, acabaria com a energia nuclear.

Qual o pior presente que já ganhou?

Meia e cueca, né? Toda vez sempre ganho isso (risos).

O que deixa o Dalmo Latini feliz da vida?

Representar.

Em Nova Friburgo falta...

Muita coisa, como, por exemplo, uma aceitação maior dessa veia cultural que a cidade possui. Até mesmo nesse processo de reconstrução do município os artistas e os músicos poderiam ser aproveitados.

ACREDITE SE QUISER

Amine Silvares

A culpa é de quem mesmo?

Após o massacre em Realengo começaram a surgir diversas especulações sobre o assassino. Primeiro, que ele seria muçulmano. Depois, um crente fanático. Mas, na minha humilde opinião, o verdadeiro problema não está sendo abordado pelos grandes veículos: foi um crime de ódio — contra as mulheres. Wellington Menezes de Oliveira era um misógino que culpava as mulheres por seus problemas de relacionamento, por não saber lidar com a rejeição.

Parece que ninguém reparou nos depoimentos das crianças que sobreviveram e nem nas estatísticas da chacina. Ele matou 10 meninas e dois meninos. Os sobreviventes relatam que Wellington dizia aos meninos que não iria machucá-los, enquanto separava as meninas consideradas bonitas e atirava na cabeça. Isso demonstra o ódio que ele estava externando naquele momento, um ódio direcionado a jovens que ele considerava impuras (de acordo com sua carta suicida).

Os relatos de conhecidos dão conta de que ele era um homem fechado, que passava o dia na internet e não tinha amigos. Pode ser o motivo da sua frustração sexual, mas não abona o ato. Já li alguns textos tentando justificar seu comportamento, mas nenhuma desculpa é suficiente. Se ele era ou se sentia ignorado pelas mulheres, se ele não tinha amigos ou qualquer que fosse a situação pela qual ele estivesse passando, que procurasse ajuda de um profissional.

Acredite se quiser, mas tem gente culpando o movimento feminista pelo sofrimento do cara. Dizem que se as mulheres não fossem tão libertinas, se não preferissem os cafajestes ao invés dos bonzinhos, se não preferissem os que têm dinheiro e são musculosos, tragédias como a de Realengo poderiam ser evitadas. E eu achando que ele ficou do jeito que ficou pois, como muitos homens, não foi preparado para lidar com um não e acham que é anormal uma mulher ter controle sobre sua sexualidade. É o tipo de homem que diz que as mulheres são interesseiras, mas só dá em cima das gostosas.

Por que é tão difícil lidar com essa situação do jeito que ela é, um crime de ódio contra as mulheres? Acho que é porque assumindo isso, serão necessárias iniciativas eficazes contra o preconceito, machismo e misoginia. O problema é que isso pode ameaçar seriamente o patriarcado tão arraigado na nossa cultura. Só que, mais do que uma estúpida disputa por poder numa relação nada saudável de dominação e submissão de gêneros, é preciso reorganizar as prioridades e colocar o bem-estar da sociedade como um todo à frente dos nossos preconceitos. Quantas crianças precisarão morrer pra que isso seja entendido?

É A MINHA VEZ

Espaço dedicado aos leitores da coluna. Mande seu texto para osfocas@avozdaserra.com.br

Textos sem identificação ou em caixa alta serão desconsiderados.

Para crédulos e desesperados

Wllysses D’Ávila

Ai, por favor, não venha me dizer que tem um livro maravilhoso pra me emprestar e depois me aparece com uma coisa do tipo “Seja feliz para sempre!”, que eu não engulo mais essa não! Foi-se o tempo que perdia tempo e dinheiro com esses livros de receitas prontas de felicidade, que prometem construir sua autoestima como quem faz um bolo.

Uma vez li um que continha “100 dicas de felicidade”, como se a felicidade fosse uma coisa igual pra todo mundo. Ele seguia páginas e páginas derramando os mais lindos clichês que se possa encontrar por aí. De repente, levei um susto com uma das tais dicas, “Seja alegre!” ORA BOLAS, COMO SE ALGUÉM FOSSE TRISTE PORQUE QUER! Pior que isso: seja alegre assim, de repente, sem rever nada, sem pensar, sem mudar nenhuma atitude. Ah tá, conta outra!

Outro também falava de maneira enfática: “Pense no que você quer e você terá, se não alcançar é porque não está pensando suficientemente”. Pelo amor de Deus, alguém acredita que vai conquistar alguma coisa sem fazer nada, só pensando? Tudo bem ter em mente seus objetivos, isso é muito importante, agora, ficar só no campo das ideias, sem nenhuma força motora para andar para frente em direção ao que se deseja é neurose, e das piores.

O mais triste disso tudo é que os dois livros a que me referi acima ficaram meses na lista dos mais vendidos, os escritores ganharam milhões com suas bobagens de pessoas que precisam de ajuda ou querem ser felizes. Pessoas que, na pressa dos dias, em busca de auxílio, acreditam nas facilidades que esses falsos manuais oferecem.

LIVROS PODEM MUDAR NOSSAS VIDAS SIM, mas não esse tipo de livro — e sim aqueles que enriquecem nosso vocabulário, nos sensibiliza, nos transporta para realidades diferentes das nossas, nos ensina sobre todo tipo de assunto, nos diverte e mais mil outros benefícios que só a (boa) leitura pode nos proporcionar.

Não espere que nada te ensine a ser feliz, não ajude imbecis a ficarem ricos às suas custas. Se precisar muito de ajuda, procure um profissional. Pelo menos você vai estar realmente se ajudando, e é isso que você quer. Uma coisa aprendi disso tudo: NO CAMINHO DA VERDADEIRA FELICIDADE NÃO EXISTEM ATALHOS.

LI, VI E OUVI

Bruno Pedretti

LI: Sabe aqueles livros que você tem que ler em sua vida colegial? Acho que todos já devem ter tido experiências ruins com esses livros chatos e obrigatórios. Uma dessas minhas aventuras pelo mundo da leitura foi com “A droga da obediência”, de Pedro Bandeira, da coleção Karas. Este foi um dos livros escolares que mais gostei e indico aos adolescentes que não tiveram a oportunidade de ler. Jovens enfrentam problemas éticos e tomam consciência e partido em questões sociais. Alunos de colégios de São Paulo vêm desaparecendo misteriosamente, até que a vítima é um aluno do colégio onde os adolescentes estudam. Uma aventura eletrizante! Fica a dica.

VI: “Pontapé Inicial”, na ESPN Brasil. Apresentado por Dudu Monsanto e José Trajano, o programa foge da coisa comum do mundo esportivo e consegue unir a paixão dos brasileiros com muita cultura, principalmente música. “Pontapé Inicial” é leve, gostoso de assistir com a família e desafiador, já que durante o programa inúmeras charadas são lançadas pelos apresentadores. Todas as manhãs, a partir das 10h, de segunda a sexta-feira, é possível assistir Dudu e Trajano dando uma aula de jornalismo e cultura na ESPN Brasil, interagindo com o fã do esporte e analisando as principais notícias do dia. Datas históricas são recordadas, brindes são ofertados aos telespectadores e convidados especiais participam frequentemente. Resumidamente: é um café da manhã descontraído, mas com muita informação sobre esporte e cultura.

OUVI: Uma música que não foi lançada recentemente, mas que, em minha opinião, é muito boa. Trata-se da canção de Marcelo D2 e Leandro Sapucahy, “Numa cidade muito longe daqui”. A música retrata a realidade do mundo atual, com situações que acontecem no dia a dia, mas os problemas não são cantados escancaradamente. A violência do mundo é o grande alvo da letra dos rappers.

TÔ DE OLHO!

Bruno Pedretti

O primeiro CD de Seu Jorge e Almaz vem dando o que falar. Um projeto que começou como registro para o filme Linha de Passe acabou se transformando em uma grande parceria. Além de Seu Jorge, o novo disco da banda conta com dois integrantes da Nação Zumbi — Pupillo e Lúcio Maia — e o músico e compositor Antônio Pinto. A união gerou um excelente CD, com destaque para as canções “Cristina (Vou Ver Cristina)” de Tim Maia e Carlos Imperial, “Errare Humanum Est” de Jorge Ben, “Rock With You”, sucesso na voz do Rei do Pop e “Juízo Final” de Nelson Cavaquinho e Elcio Soares. A música “Pai João” interpretada por Seu Jorge também é muito animada. Vale a pena conferir o novo trabalho!

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