Bora mudar o calendário?
São tantos movimentos populares que a gente está pensando em criar o nosso. Será uma coisa grande e importante e acho que todos vão aderir. A gente anula as segundas-feiras e espreme mais um dia de folga entre o sábado e o domingo, que tal? Com o grande apoio popular, não vai ter como não mudar esse calendário maldito.
Sou feliz e não tenho marido
Amine Silvares
A escritora argentina Viviana Gómez Thorpe tem um livro com um dos melhores títulos que eu já vi na minha vida. Ainda não tive a oportunidade de lê-lo, mas “Não sou feliz, mas tenho marido” já virou peça de teatro, que no Brasil é encenada pela atriz Zezé Polessa. O que mais gosto deste título é que vejo nele uma realidade triste que é comum a muitas mulheres que conheço.
Que tristeza isso de estar com alguém simplesmente para poder dizer que tem alguém, mesmo que não se esteja feliz, não é mesmo? Dane-se a sua felicidade. O que importa é o que os outros vão pensar se você começar a passar muito tempo sozinha. Amarga? Lésbica? Mal-amada?
Esse é um resquício muito triste do machismo que determina que a mulher sem homem é incompleta. Aquela história de que temos algo faltando (um pênis, no caso), coisa que só um homem é capaz de resolver. Não, você não pode se sentir bem sozinha. Felicidade só através de um relacionamento. E aí, muitas se rendem ao “não sou feliz, mas tenho marido” para poder... ter do que reclamar?
Vejo isso o tempo todo. Os anos vão se passando, o amor vai acabando, a amizade vai ficando desgastada e, ao invés de cada um seguir um caminho separado amigavelmente, levam o relacionamento até a beira do suportável, falando mal do cônjuge, fazendo grosserias e achando tudo muito bonito. Acumular mágoas faz mal, viu? “Mas você nunca se casou. Está falando sobre algo que não entende.” Reconheço infelicidade e acomodação quando vejo.
Sempre digo que a gente cava o nosso próprio buraco e, pelo menos pra mim, isso é válido para todos os aspectos da vida, inclusive relacionamentos. Você apanha do namorado/noivo/marido e não gosta, mas continua com ele porque quer. Você não aguenta mais ser traída, mas continua com o cara porque quer. Não aguenta mais acordar ao lado deste infeliz que é incapaz de levantar a tampa do vaso quando vai ao banheiro, mas continua com ele porque quer. Não existe mais amor, é pura acomodação.
Meu pai sempre me disse que nasceu para ser feliz. Concordo com ele. Não fico com alguém que me deixa irritada, triste, emocionalmente exausta. Não é fácil, eu sei, se livrar de alguém com quem estamos há muito tempo. Você se acostuma com a presença da pessoa e isso torna tudo mais complicado. Mas o tempo passa e o luto também. Luto sim, pois a gente perde uma parte da nossa vida. É absolutamente normal. O que não é normal, pra mim, é essa busca pela infelicidade que parece acompanhar as mulheres que se sentem incompletas quando estão sozinhas.
Estar sozinha não é ruim, sabia? Você tem mais tempo pra ler, ver filmes, conversar com as amigas, fazer uma autoanálise. A autoanálise talvez seja o passo mais importante e o menos feito. Tem horas que a gente precisa ser egoísta e buscar algo que nos faça bem. O que não dá mesmo é achar que o programão de sexta-feira seja se reunir com as amigas pra falar mal do marido que não se ama mais, só pra ter “assunto”. Que triste não ser feliz e ter orgulho disso, não?
FRASE DA SEMANA
“Pagonejo. É por essas e outras que eu sempre digo: o poço tem um fundo infinito.”
@bomdiaporque via Twitter
LEMBRA DISSO?
Dale a tu cuerpo alegria Macarena
Priscilla Franco
Impossível lembrar o verão de 1996 sem que venha à memória a música mais exaustivamente tocada em todas as rádios, festas, confraternizações e clubes. Qualquer evento que reunisse duas ou mais pessoas (e que não acontecesse em uma igreja ou templo religioso) fatalmente teria “Macarena” como trilha sonora. O hit meteórico composto pela dupla espanhola Los del Rio trazia ainda uma coreografia simples, executada principalmente com os braços, que se repetia a cada refrão (o que acontecia cerca de quinze vezes em sua versão original).
Composta em ritmo de rumba, Macarena se tornou um fenômeno internacional após a versão remixada feita pelo grupo norte-americano Bayside Boys. Nos Estados Unidos, permaneceu por quatorze semanas consecutivas no topo da parada musical. Por isso, a dupla Los del Rio, que jamais veria outra de suas canções se tornar sucesso mundial, foi eleita pela emissora VH1 o maior “One-Hit Wonder”, ou “maravilha de um sucesso só”, de todos os tempos. Não foi esse, porém, o único prêmio conquistado pelo swing de Macarena. A música foi eleita a segunda mais irritante da história pela revista Rolling Stone e a décima pelo site The Sun.
Apesar de todo o sucesso, muitas pessoas que dançaram ao ritmo de Macarena jamais souberam do que se tratava sua letra. A música leva o nome de uma jovem que seria namorada de um soldado do exército, chamado Vitorino. Enquanto o rapaz se distraia com os amigos, Macarena sonhava com uma vida em Nova York e um namorado novo. “Dê alegria ao seu corpo, Macarena, pois o seu corpo serve para dar alegria e coisas boas. Hey, Macarena!”
LI, VI E OUVI
Leonardo Lima
Li: Em novembro, a Revista Placar publicou uma excelente matéria sobre os bastidores da crise que ronda (há um bom tempo) o Palmeiras. Contratado a peso de ouro, o técnico Luiz Felipe Scolari chegou com status de salvador da pátria, respaldado pela sua última passagem pelo clube, onde se sagrou campeão da Libertadores. Porém, o sonho palmeirense de ver o time voltar a viver momentos de glórias não vingou. Felipão não conseguiu—por uma série de motivos avaliados na reportagem—implantar sua filosofia de trabalho e ainda criou um racha no elenco. Qual a saída do Palmeiras? Placar tenta desvendá-la.
Vi: Após assistir pela terceira vez “Os Normais 2—A Noite Mais Maluca de Todas” fiquei com aquela péssima sensação de querer mais de algo que não tem. O primeiro filme também já vi diversas vezes. Foi aí que lembrei de algo óbvio: por que não ver os episódios da série? Fui no YouTube e para a minha felicidade lá estavam todos os 71 programas que foram ao ar na Globo, entre 2001 e 2003. Curioso que na época em que o programa era transmitido eu não achava a menor graça. Hoje em dia morro de rir com algumas cenas. Como só vi uns dez episódios por enquanto, minha diversão está garantida por um bom tempo.
Ouvi: Se por um lado o pop-punk californiano saiu um pouco de cena, por outro a inclusão de ritmos como reggae, samba e funk rock deu um novo gás ao terceiro álbum do Forfun, intitulado Alegria Compartilhada. Formada por Rodrigo Costa, Vítor Isensee, Nicolas Christ e Dailo Cutrim, a banda carioca traz claras influências em seu trabalho de nomes como Jorge Bem, Bob Marley e Novos Baianos. O álbum mal foi lançado e já levou o Prêmio Rock Show 2011 na categoria Disco do Ano. Destaque para a canção que dá nome ao CD.
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