Os Focas - 17/11/2012

sexta-feira, 16 de novembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Os Focas - 17/11/2012
Os Focas - 17/11/2012

Sem Leozinho, jogando nas 11...

Nosso Léo Lima foi embora. Infelizmente ele não irá contribuir mais com Os Focas. Ele vendeu tudo e foi pra Europa virar gigolô, digo, está procurando novos rumos para seguir. Estamos torcendo por você, rapaz! Agora, ninguém vai escrever sobre esportes aqui. O que não é de surpreender muito, já que somos sedentários orgulhosos. Exercício pra quê? Ficar cansado faz mal. 


Há muita cor em Cinquenta Tons de Cinza

Priscilla Franco

De repente, um livro. E nas rodas de conversa por toda parte pessoas falam em algemas e chicotes, em fetiches e fantasias. E o que era tabu vira assunto para jornais e revistas, vira tema de filme e pauta de programa matutino. Cinquenta Tons de Cinza foi muito além de onde costuma alcançar um romance contemporâneo comum. Tocou em uma ferida aberta e expôs o quanto a nossa sociedade permanece machista e conservadora. Não tenho a intenção de fazer uma crítica ao livro, aos seus elementos literários, ou à sua narrativa. Adianto, para quem ainda não leu, que nada do que está ali escrito apresenta algo novo ou revolucionário. Sequer os detalhes mais quentes, ou os leves toques de sadomasoquismo, nada disso surpreende depois de já terem virado assunto recorrente da mídia.
O assunto, esse sim, merece todos os méritos do sucesso deste best seller. O sexo, ainda que no contexto de um relacionamento amoroso, dificilmente é abordado com a mínima verossimilhança dentro de um livro que figure na prateleira dos mais vendidos. Quando em uma publicação para mulheres ficava restrito às revistas femininas, em um eterno papo calcinha, em meio a pautas fracas e testes de comportamento. 
Um belo dia mulheres famosas e anônimas apareceram com o livro nas mãos, como quem ostenta uma bandeira: “Sim, nós gostamos de sexo. De fazer, de falar, de descobrir mais a respeito”. E como se não bastasse o trivial lá estava o sexo fetichista, que revela o que há de mais sensual e primitivo na natureza humana. É estranho que depois de Woodstock ainda precisemos de um livro um pouco mais explícito para nos permitir um novo grito de liberdade sexual. Nesses tempos conservadores, em que a sociedade parece fazer questão de traçar o caminho contrário, cinquenta tons de cinza foram necessários para voltar a colorir o tema sexo.

LEMBRA DISSO?
Amine Silvares

Eu não me lembro, aliás, nem sua avó deve se lembrar, mas uma das mais influentes obras do cinema foi lançada em 1902. O filme “Le Voyage Dans La Lune”, ou “Viagem à Lua”, de George Méliès, foi um marco na época por reunir técnicas consideradas inovadoras. Baseado nas obras “Da Terra à Lua”, de Julio Verne, e “Os Primeiros Homens na Lua”, de H. G. Wells, tem apenas 13 minutos e está disponível no YouTube.
O filme conta a história de um grupo de astrônomos que viaja à Lua numa cápsula lançada por um canhão gigante. Eles acertam a Lua, que tem a cara de um homem, bem no olho e acabam sendo capturados pelos selenitas, pequenos homens verdes que habitam o satélite. Depois de destruir o chefe dos selenitas, os astrônomos voltam para a Terra. O final do filme foi considerado perdido até 2002, quando uma rara montagem foi achada na França.
Mas George Méliès tomou um prejuízo que ajudaria a levá-lo à falência anos mais tarde. Ele pretendia exibir o filme nos Estados Unidos, mas durante uma das exibições de “Viagem...” na França, técnicos de cinema de Thomas Edison, aquele que inventou a lâmpada elétrica, fizeram cópias secretas da obra do cineasta francês. O filme foi exibido nos EUA e George não ganhou um centavo. Esse fato, unido aos altos custos dos efeitos especiais de seus filmes, ajudou a deixar Méliès sem dinheiro.
“Le Voyage Dans La Lune” até hoje é referência. Na literatura, apareceu em “A Invenção de Hugo Cabret”, que ganhou uma adaptação cinematográfica pelas mãos do diretor Martin Scorsese. Trechos do filme foram usados no clipe “Heaven for Everyone”, do Queen, e a obra de Méliès foi a principal inspiração do clipe de “Tonight, Tonight”, dos Smashing Pumpkins. “Le Voyage Dans La Lun” também virou o nome de um CD do Air, e na TV inspirou um episódio do desenho Futurama.

LER, VER, OUVIR
João Clemente

VER: “Os sete samurais” é um filme de Akira Kurosawa de 1954. Cheio de ação e com um ótimo roteiro, conta a história de uma aldeia remota de um Japão instável e em guerra (1587, período Sengoku), cujos moradores descobrem que um grupo de bandidos, que já havia saqueado o local anteriormente, só está esperando a próxima colheita para atacá-los novamente. Então estes moradores, medrosos, decidem se defender contando com a ajuda de samurais desempregados, que eles contratam oferecendo comida e evocando sentimentos nobres, argumentando que se trata de uma batalha por justiça. O momento do ataque se aproxima e, enquanto ocorre a ação envolvente, se desenrola também conflitos e reviravoltas entre os personagens. Não é à toa que mesmo hoje, com toda a tecnologia e experiência adquiridas pelos fazedores de filme, “Os Sete Samurais” continua sendo considerado por muitos o melhor filme de ação/aventura já realizado. 

OUVIR: O Canadá sempre exportou um músico aqui ou ali, mas nunca tantos ao mesmo tempo como hoje. Grimes é um deles. Nome artístico de Claire Boucher, uma menina de 24 anos, Grimes lançou esse ano “Visions”, disco bastante elogiado pela crítica, gravado no próprio apartamento de Claire durante um período de três semanas. O álbum possui uma sonoridade pop eletrônica atual, mas com uma combinação incomum e inventiva entre os elementos. Destaque para as ótimas faixas 2 e 3, respectivamente, “Genesis” e “Oblivion”, que não por acaso foram escolhidas para ter videoclipes, sendo o primeiro dirigido pela própria artista. O único ponto negativo do disco, a meu ver, é certo exagero no uso de vocais muito agudos, em alguns momentos lembrando até mesmo Mariah Carey/golfinho, o que cansou meu ouvido um pouco. Mas é a decisão estética da artista e isso não faz “Visions” deixar de ser um dos melhores discos do ano. 

LER: Italo Calvino é mestre em criar situações que encantam pela engenhosidade, beleza e ternura. “Os amores difíceis” (1970) são pequenas histórias sobre dificuldades de relacionamento e de busca por amor, em sua maioria fugindo do clichê “casal em crise”. As situações vivenciadas pelos personagens do livro são cotidianas e quase simplórias, do dia a dia, as quais Calvino, com sua criatividade fora do comum, enche de graça e romantismo. É bem provável que você se identifique com boa parte das histórias, ao menos no nível dos sentimentos e sensações.

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