Coelhinho à vista! (e o que trazes pra mim?)
O carnaval já passou e estamos contando os dias para a Páscoa. Além do feriado teremos chocolate e só Deus sabe como precisamos desta overdose de açúcar. Nós, desta coluna tão querida, estamos novamente aceitando doações de ovos de Páscoa. Deixamos nossa lista de sugestões em diversas lojas da cidade, então, quem quiser pode comprar para nos presentear. Vale de ovos a bombons, não estamos aqui para julgar. A nossa editora-chefe, Angela Pedretti—salve salve, que mulher é essa?!?!—solicita que também seja agraciada, já que nos cede este espaço e é a melhor pessoa que conhecemos (esta parte ela nos obrigou a escrever, chibata na mão, torcemos para que não leia...). Os chocolates podem ser entregues na Rua Fernando Bizzotto 29, Centro. Mas, veja bem: envie em pacote hermeticamente fechado, lacrado, de preferência com senha (e nos avise a senha, dãããã!), porque num dá pra confiar em ninguém na recepção, ok? Gratos.
Gravidez como punição
Amine Silvares
Eleonora Menicucci é a nossa mais nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Que ela foi companheira de cela da presidente Dilma, acho que todo mundo já sabe, mas Eleonora não está só chamando a atenção da mídia e dos políticos por isso. Ela assumiu publicamente que já fez dois abortos e que é a favor da legalização do procedimento no Brasil, o que deixou a nossa bancada evangélica em polvorosa.
Sinceramente, eu acho absurdo o fato de termos uma bancada evangélica e outra católica funcionando abertamente num órgão que deveria ser laico. Já que não sou católica e nem evangélica, por que deveria me submeter às leis de pessoas que querem priorizar suas religiões acima da constituição? O Estado deveria ser para todos e não para os membros de uma religião. Mas isso não é o que mais me incomoda.
Aborto é um assunto polêmico. E eu acho que é um assunto muito simples. Meu corpo, meu útero, meu problema, minha decisão. A sua religião condena? Que pena pras mulheres que seguem essa filosofia, mas não pra mim, que não sigo. Só que tem gente que se acha um paladino dos direitos dos fetos e diz que aborto é assassinato. O mais interessante é que quando essa criança nasce, ganha uma cor, uma classe social e um sexo, essas mesmas pessoas que defenderam sua vida com tanto afinco serão incapazes de lhe garantir direitos básicos como alimentação, moradia, educação e saúde pública de qualidade.
Enquanto o feto está na barriga da mulher, ele é de propriedade do cidadão de bem, que paga seus impostos e luta pela defesa da moral e dos bons costumes. A partir do momento que ele nasce, é cada um por si. “Deu porque quis”, “podia ter fechado as pernas” e “a criança não tem culpa dos seus erros” são algumas das pérolas ditas pelos defensores dos fetos. Um argumento pior do que o outro, se é que isso pode ser chamado de argumento.
Primeiro que, graças a Deus, o sexo não é só mais um meio de reprodução. Achar que sexo é só pra ter filho é negar a mulher o seu direito ao prazer. Segundo, que nem sempre as precauções vão funcionar. Imagine se você já tivesse dois filhos e não quisesse e nem pudesse ter mais por condições financeiras, mas acabasse sendo vítima das pílulas de farinha? Seria justo ser punida com uma gravidez indesejada?
Acredito que a gravidez deva ser uma vontade vinda de um desejo de ser mãe e não uma punição. A mulher não se torna mãe ou começa a amar seu filho a partir do momento em que fica grávida ou que descobre a sua gravidez. Se fosse assim, não existiria depressão pós-parto e diversos outros distúrbios que acometem muitas mulheres após dar a luz.
Os direitos reprodutivos das mulheres sempre geraram grandes discussões. Quando as primeiras pílulas anticoncepcionais chegaram ao mercado, mais uma vez, líderes de diversas religiões se manifestaram contra o método, pois, segundo eles, tirava do sexo a sua principal função, que seria a reprodução. A verdade é que a pílula assusta(va) por dar às mulheres o poder de decidir sobre seus próprios corpos, imagina que absurdo! A religião, que sempre pautou o comportamento feminino (e ainda pauta), agora não é mais prioridade.
As críticas são muitas. Há até quem diga que o aborto, se legalizado, seria imposto para as mulheres (pra mim, essa ideia veio dos pró-vida), que as mulheres iriam usar aborto como forma contraceptiva (só diz isso quem não sabe o que é e como é feito o procedimento) e que a vida começa na concepção, assim como aprovou recentemente o Senado de Oklahoma, nos EUA. O debate é necessário exatamente para esclarecer essas questões.
Aborto não é contraceptivo e nem deve ser usado como tal. É um procedimento lento e doloroso que só deve ser feito em casos de extrema necessidade, quando não há outra opção. Para analisar o conceito de vida, temos que analisar também o conceito de morte. Se a morte cerebral é o critério médico para se estabelecer a morte de alguém, então o início da vida deveria ser considerado apenas após o início da formação do órgão, que só começa a surgir após a 12ª semana de gestação.
O debate acerca da legalização é de suma importância e deve existir, apesar da resistência da classe religiosa. Ser pró-escolha, e não pró-aborto, é querer garantir que as mulheres tenham o direito de decidir sobre elas mesmas. Quando as complicações com o procedimento, feito ilegalmente na maioria das vezes, são a segunda maior causa de morte de mulheres no país, mostra-se evidente que a questão é de saúde pública e deve ser tratada como tal.
FRASE DA SEMANA
“Atenção: sexo causa gente” (Millôr Fernandes)
LEMBRA DISSO?
Priscilla Franco
Quem fala que esta geração está perdida não se lembra dos brinquedinhos politicamente incorretos que faziam sucesso há poucos anos. Brincar de polícia e ladrão ficava mais realista com as armas que imitavam as de verdade. Já os cigarrinhos de chocolate eram mais saborosos e não faziam o mesmo mal, se comparados aos que os inspiraram. Até maquininhas caça-níqueis faziam parte da brincadeira da garotada, e não é possível afirmar (ou negar) que tenham formado uma geração de adultos violentos e viciados.
Que tal socar o coleguinha que está a mais de um metro de distância? O Soco da Estrela permitia isso ao colocar um punho fechado de plástico em uma engrenagem que esticava quando pressionada. Muito divertido para implicar com a família, apesar de nada educativo, o brinquedo fez sucesso nos anos 80 e já não é mais encontrado nas lojas.
Para quem queria ainda mais emoção, as armas de brinquedo impressionavam pelo realismo. Submetralhadoras, pistolas e revolveres tinham suas réplicas de plástico na mão de meninos que sonhavam em entrar para as forças armadas. Infelizmente os mesmos brinquedinhos causavam muita dor de cabeça quando na mão de assaltantes e pessoas mal-intencionadas. Por esse motivo, desde 2003 é proibida a comercialização livre dessas arminhas, que são agora artigos de colecionadores.
Entre os artigos infantis politicamente incorretos, o Papa Ficha era meu preferido. Se tratava de uma pequena máquina caça-níquel, fabricada pela Estrela, que era acionada por fichinhas. Bastava puxar a manivela e torcer para aparecerem três figuras idênticas, e se tinha de volta a aposta realizada. Realmente viciante!
Por fim, os inesquecíveis Cigarrinhos de Chocolate Pam eram vendidos em caixas que estampavam um menino branco e outro negro, ambos na pose clássica de pessoas fumantes. Eles foram transformados em rolinhos de chocolate, em meados dos anos 90, para abandonar a menção ao tabagismo. Se para muitos eles significavam uma maneira de atrair futuros fumantes, para mim representou o contato mais próximo de um “cigarro”, em toda a vida.
LI, VI E OUVI
Leonardo Lima
Li: Maurren Maggi: a única brasileira campeã olímpica em um esporte individual. Ela é a personagem de capa da revista ESPN de fevereiro. A saltadora revela o que mudou em sua vida após a conquista nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, o drama vivido após ser flagrada no exame antidoping e garante que lutará pelo bicampeonato olímpico este ano. A mesma edição traz ainda uma reportagem sobre como o ex-goleiro Marcos é visto pelos seus conterrâneos no município de Oriente, no interior paulista. Amigos de infância e familiares revelam alguns “causos” do ídolo palmeirense.
Vi: Quem gosta de MMA já deve ter visto a luta épica entre Rodrigo Minotauro e o gigante Bob Sapp. Encontrei o combate no YouTube e a cada vez que o revejo fico mais impressionado com a forma com que o brasileiro se recuperou. O confronto foi válido pelo Dynamite—uma edição especial do Pride—e é reconhecido até hoje como um dos mais espetaculares da história das artes marciais mistas. O americano de 2,15 m e cerca de 160 kg castigou Minotauro, mas foi surpreendido com um armlock. Para quem gosta de lutas fica a dica: http://www.youtube.com/watch?v=tL7KgdVU5Gc.
Ouvi: O primeiro disco da cantora Flora Matos mostra porque ela é considerada uma das artistas mais promissoras do cenário do rap brasileiro. Em Flora Matos vs Stereodubs, destaque para as canções como “Pretin” e “Esperar o sol”. Entre suas influências estão Racionais MCs, Dina Di, Sabotage, Kamau, MC Marechal, SNJ e Instituto. A popularidade de Flora começou a subir quando começou a trabalhar com consagrados DJs do rap nacional. E 2010 foi indicada para o Video Music Brasil 2010 na categoria Aposta.
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